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Caminho da Fé, Dia 4: De Casa Branca para Vargem Grande do Sul (Pousada D. Cidinha)

Neste artigo…

    1. Introdução
    2. Medidas e despesas neste dia da peregrinação
    3. Estágio 07: De Casa Branca para Itobi + Vídeo
    4. Estágio 08 (+ 1/2 do 9): De Itobi para Vargem Grande do Sul (Pousada Dona Cidinha) + Vídeo
    5. Fotos tomadas neste dia.

Introdução

Se este é o primeiro artigo da série do caminho da fé que você está lendo, eu recomendo que você dê uma olhada no artigo sobre a introdução ao caminho da fé, publicado no dia 28 de fevereiro de 2017. Ele explica o que é o caminho da fé, as razões pelas quais eu decidi fazer ele e provém informações que podem ser úteis aqueles que decidirem fazer o caminho da fé também.

Neste artigo eu cubro o 4o dia desta peregrinação de 12 dias – 600 Km, entre a cidade de Casa Branca e a pousada rurtal da Dona Cidinha, via cidade de Vargem Grande do Sul, no estado de São Paulo.

Conforme mencionei no artigo de introdução ao Caminho, baseado na minha experiência ao criar os videos depois do Caminho de Santiago em 2015, quando comecei essa serie sobre o Caminho da Fé minmha intenção era de dividir o caminho em estágios representando a distância entre as cidades ou centros urbanos ao longo do caminho. De outra maneira correria o risco dos vídeos se tornarem muito longos para assitir. Apesar disso aprendi que muitos peregrinos preferem passar a noite longe de áreas urbanas em uma das muitas pousadas rurais ao longo do caminho.

Portanto, se eu fosse seguir essa estratégia, o estágio 7 seria entre Casa Branca e Itobi , o estágio 8 entre Itobi e Vargem Grande do Sul e o estágio 9 entre Vargem Grande do Sul e o distrito de São Roque da Fartura (pertencente a Águas da Prata). Como quando eu cheguei em Vargem Grande ainda estava cedo para mim, eu decidi seguir o caminho por mais 15 Km até a pousada da Dona Cidinha, sobre a qual eu tinha ouvido falar muito bem antes de dar inicio ao meu caminho. É por esta razão que este vídeo é um pouco mais longo do que o habitual. Por isso nesse artigo eu cubro metade do estágio 9 junto com o estágio 8. A outra metade será mostrada no próximo artigo.

Você pode baixar o mapa oficial do caminho da fé a partir da website da Associação dos Amigos do Caminho da Fé , assim como também um guia de hospedagem para os diversos ramais do caminho. A maioria das hospedagens no guia são de pousadas familiares / rurais ou urbanas. Tipicamente eles cobram uma diária básica que inclui as refeições (janta e café da manhã). Alguns estabelecimentos nesta lista, entretanto, são hotéis, mas a maioria dos hotéis na lista vão te oferecer uma diária reduzida de peregrino perante a apresentação da credencial de peregrino.

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Medidas e despesas neste dia da peregrinação

  • Distância percorrida entre Casa Branca para pousada da Dona Cidinha : 59.73 Km
  • Duração total desta jornada: 7h 6min
  • Tempo total em movimento: 4h 39m
  • Local de pernoite ao final do dia:
    • Pousada da Dona Cidinha, +55 19 9 81700069
  • Total de despesas nesse dia: R$ 99.00
    • Alimentação: R$ 29.00 (“X-Tudo” em Itobi )
    • Hospedagem: R$ 70.00 (incluindo janta e café da manhã)
  • Ganho de elevação total: 880m
  • Velocidade Média: 8.0 Km/h
  • Velocidade média em movimento: 12.2 Km/h
  • Velocidade máxima atingida: 61.6 Km/h
  • Média de Batimento cardico: 124 bpm
  • Batimento cardiaco máximo: 160 bpm
  • Calorias queimadas: 2,556 CAL
  • Clique aqui para ver as demais estatisticas na página desta atividade no Garmin Connect
CF04, Garmin Stats
Elevação, velocidade e batimento cardiaco entre Casa Branca e a pousada da Dona Cidinha no 4o dia da peregrinação.

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Estágio 07: De Casa Branca para Itobi + Vídeo.

Peregrinos que querem experimentar uma peregrinação “de verdade” (se é que isso existe), tem que aceitar o fato de que hospedagens de peregrinos (pousadas) com frequência são locais dificies de dormir. Para algumas pessoas, dividir o quarto com desconhecidos pode ser uma experiência desconfortável, principalmente com pessoas que roncam alto. É sempre bom estar preparado e levar consigo tampões de ouvido para prevenir. Conforme descrevi no artigo anteior, a pousada de peregrinos do santuário de Nossa Senhora do Desterro em Casa Branca oferece 2 quartos grandes. O que eu pernoitei, tinha uma sala de estar com um sofá, uma TV, uma pequena mesa de jantar e algumas cadeiras e o quarto tinha 3 camas de solteiro, armarios e um banheiro privativo, o que é um luxo. Eu nunca me importei em compartilhar o espaço com outros peregrinos, mas nada como como ter um quarto só para sí, certo? Sem preocupação com os roncos dos outros ou os próprios, assim como outros barulhos, principalmente daqueles que precisam visitar o banheiro no meio da noite. Eu tive sorte de ter o quarto apenas para mim naquela noite e tive uma ótima noite de descanso. A cama era confortável e a temperatura estava ótima.

Na manhã seguinte o café da manhã foi servido no salão paroquial. Continha pão, manteiga, alguns tipos diferentes de geléias e algumas frutas. Café e leite estavam a vontade. Foi neste momento que eu próprio carimbei minha credencial de peregrino e assinei o livro de visitas (eles deixam o livro e o carimbo sobre a mesa do café). Eu não me encontrei com as peregrinas que havia encontrado na pousada no dia anterior, mas conheci a Andrea, que estava preparando a mesa do café.

Depois do café eu preparei a bicicleta e sem querer acabei deixando a pousada com a chave do quarto no bolso de tras da camisa.

Pedalei até o centro da cidade de Casa Branca e visitei a catedral, que é uma igreja bem impressionante para uma cidade daquele tamanho. Fiquei por lá um bom tempo apreciando a arte sacra de suas paredes e teto. Foi nesse momento que notei que a chave do quarto ainda estava comigo e telefonei para a pousada para perguntar se deveria voltar para devolvar. Andrea me disse que poderia deixar a chave no escritorio da catedral que mais tarde alguem passaria la para pegar. Foi um alivio não ter que pedalar tudo de volta.

Os dados de GPS capturados pelo meu Garmin indicam que eu pedalei 15,61 Km entre Casa Branca e Itobi , o que condis com a disntância indicada no mapa oficial do Caminho. Eu percorri essa distância em 1h e 50m, mas esse tempo inclui a parada na Catedral.

Eu não vou descrever a jornada até Itobi, pois você pode assistir o vídeo acima, mas vale a pena mencionar o pequeno incêndio em uma mata na periferia da cidade, que a prefeitura estava apagando com um carro pipa e o fato de que quando eu cheguei em Itobi, eu continuei seguindo as setas amarelas que me levaram para fora da cidade, ao inves de me indicarem o caminho para o centro (hotel Ypê). Apesar de eu ter cometido o mesmo erro em Cravinhos no primeiro dia, eu ainda achava que as setas levariam o peregrino ao centro da cidade ou aos estabelecimentos de acomodação de peregrinos, mas esse nem sempre é o caso. Eu pedalei 3,5 Km e voltei. Ao total foram portanto 7 Km desnecessarios. Pelo menos tive a oportunidade de comer um ótimo “X’Tudo” no Dinho Lanches, quase em frente ao Hotel Ypê, o único estabelecimento credenciado na lista de acomodações da associação dos amigos do caminho.

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Estágio 08 (+ 1/2 do 9): De Itobi para Vargem Grande do Sul (Pousada Dona Cidinha) + Vídeo

Bom, conforme expliquei na introdução acima, o próximo estágio deveria cobrir a distância entre Itobi e Vargem Grande do Sul, entretanto, quando eu cheguei no Hotel Principe em Vargem Grande do Sul ainda estava muito cedo para parar e decidi pedalar mais 15 Km até a pousada da Dona Cidinha, sobre a qual eu tinha ouvido falar muito bem nos grupos de peregrinos que eu participo. É por esta razão que este vídeo é um pouco mais longo que o habitual e é por esta razão que o estágio 9 será quebrado em dois. Vamos então chamar esse vídeo de estágio 8 + 1/2 estágio 9. A outra metade do estágio 9, entre a pousada da Dona Cidinha e o distrito de São Roque da Fartura, será mostrada no próximo artigo.

Só pra deixar claro, então, se você está percorrendo apenas o trecho entre Itobi e Vargem Grande do Sul (estágio 8), o Hotel Principe é um dos estabelecimentos credenciados de acomodação de peregrinos na cidade. O hotel fica praticamente dentro de um posto de combustiveis, portanto pode ser um pouco dificil de encontrar. Eles vão carimbar a sua credencial de peregrino e oferecer uma taxa de peregrino se voce decidir ficar lá.

Os dados de GPS capturados pelo meu Garmin indicam que eu pedalei 18 Km entre Itobi e Vargem Grande do Sul, o que, por alguma razão, são 3 Km a mais que a distância indicada no mapa oficial do caminho (até onde eu sei, eu segui as setas). Depois de sair do Hotel Principe eu pedalei mais 15,37 Km até a pousada da Dona Cidinha. Levei 1h 31m para percorrer a distância entre Itobi e Vargem Grande e 2h 36m para percorrer a distância entre Vargem Grande e a pousada.

A jornada entre Itobi e Vargem Grande do Sul ocorreu sem maiores eventos, com a excessão de que quando cheguei em Vargem Grande do Sul a bateria da camera acabou sem eu ter notado e por esta razão um pequeno trecho dentro da cidade esta faltando no vídeo. Para os peregrinos caminhantes, observem que um trecho de 13 Km entre Itobi e Vargem Grande do Sul é feito ao longo da Estrada Padre Gino Righetti, que é pavimentada e de movimento moderado.

Depois de carimbar minha credencial no hotel eu pedalei até o centro da cidade e fiz uma rapida parada para tirar uma foto da igreja matriz. Como em qualquer atividade que se faça, uma distração pode ter consequências. Infelizmente eu não percebi o par de setas amarelas pintadas em um poste indicando que eu deveria dobrar a direita na esquina seguinte, o que me fez ter que pedalar uns 2 Km a mais até reencontrar de novo o caminho. Felizmente eu desconfiei que estava errado e perguntei para algumas pessoas na rua que me indicaram o caminho certo. Eu percebi as setas só depois que assisti meu próprio vídeo e achei que elas eram mesmo um pouco dificies de ver, por isso indiquei elas no vídeo para evitar que outros peregrinos cometam o mesmo erro que eu cometi.

Na saída de Vargem Grande chega-se a um cruzamento perigoso onde as setas amarelas parecem indicar que o peregrino deve pular a barreira de concreto que separa as pistas da estrada. Por favor, nem pense em pular essa barreira. O movimento de veiculos é intenso, eles vem em alta velocidade, a barreira é alta e não existe praticamente espaço algum entre a barreira e a pista de rolagem. Vire a direita e desça uns 250 m até uma rotunda (rotatória) onde é mais seguro cruzar a pista para o outro lado. Ao escrever este artigo, fui informado que a rota foi alterada e que as setas amarelas agora levam o peregrino diretamente a rotatória, mas é sempre bom deixar a dica,

O trecho para a pousada da Dona Cidinha foi o mais dificil do dia. As pequenas estradas de terra tinham muita areia e poeira em certos trechos, e morros que me forcaram a empurrar a bicicleta muitas vezes. Foi por esta razão que fiz os 18 Km entre Itobi e Vargem Grande do Sul em 1h 31m, mas os 15,37 Km entre Vargem Grande do Sul e a pousada em 2h 36m.

Quando eu cheguei na pousada o sol ja estava se pondo o que proporcionou um dos momentos mais bonitos do dia, pois a pousada fica em uma localizacão bem elevada. A dona Cidinha e o seu Francisco já estavam me aguardando pois eu havia telefonado ao sair de Vargem Grande do Sul. Mais uma vez tive a sorte (?) de ter sido o unico peregrino na pousada naquela noite. A casa inteira estava ao meu dispor, pois a pousada fica em um local afastado de onde os proprietarios vivem. O seu Francisco me trouxe a janta em uma marmita quentinha e a comida estava deliciosa. Eles são um casal super bacana e eu recomendo a pousada a todos que não se importem de dormir longe de um centro urbano. Não tem WiFi na pousada, mas pelo que me lembro o sinal de celular é bom.

A pousada é uma casa grande e pode hospedar cerca de 20 peregrinos de uma vez. A casa tem 4 quartos e uma sala onde tambem podem dormir 3 peregrinos. A casa tem um banheiro grande e limpo e tambem existe uma toalete fora, na area da churrasqueira, que tem tambem varias mesas e cadeiras. O quarto onde eu dormi tinha uma cama de casal e uma de solteiro. Os outros quartos tinham um misto de camas de solteitro e beliches com algumas camas de casal tambem.  Na sala tem um sofa e uma TV, alem de um beliche e uma cama de solteiro. A cozinha é bem grande, com uma longa mesa de jantar, uma geladeira, um freezer e forno microondas.

O livro de visitas contém passagens em Inglês e Espanhol indicando que, apesar de ser uma area relativamente remota, visitantes de outras nacionalidades estiveram por la. As paredes na area da churrasqueira estão praticamente todas cobertas de fotos e cartões postais enviados por peregrinos e visitantes. É possivel ficar horas apreciando as fotos e as mensagens.

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Fotos tomadas neste dia.

Clique em qualquer uma das fotos para ampliar.

As imagens seguintes são fotos das páginas do livro de visitas da pousada da igreja de Nossa Senhora do Desterro em Casa Branca.

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Caminho da Fé, Dia 03: De Santa Rosa de Viterbo para Tambaú

Neste artigo…

    1. Introdução
    2. Medidas e despesas neste dia da peregrinação
    3. Estágio 05: De  Santa Rosa de Viterbo para Tambaú + Vídeo
    4. Estágio 06: De Tambaú para Casa Branca + Vídeo
    5. Fotos tomadas neste dia.

Introdução

Se este é o primeiro artigo da série do caminho da fé que você está lendo, eu recomendo que você dê uma olhada no artigo sobre a introdução ao caminho da fé, publicado no dia 28 de fevereiro de 2017. Ele explica o que é o caminho da fé, as razões pelas quais eu decidi fazer ele e provém informações que podem ser úteis aqueles que decidirem fazer o caminho da fé também. Neste artigo eu cubro minhas experiências no terceiro dos 12 dias / 600 Km da peregrinação em bicicleta de Sertãozinho até Aparecida do Norte, a partir da cidade de Santa Rosa de Viterbo até a cidade de Casa Branca via Tambaú, todas no estado de São Paulo.

Conforme explicado no artigo de introdução, eu dividi o caminho em 21 estágios, definidos pelo mapa oficial do caminho. Cada estágio representará 1 vídeo nesta jornada e por isso este artigo contém 2 vídeos, pois cobri 2 estágios neste dia. Um cobrindo a jornada entre Santa Rosa de Viterbo e Tambaú e outro cobrindo a jornada entre Tambaú e Casa Branca.

Você pode baixar o mapa oficial do caminho da fé a partir da website da Associação dos Amigos do Caminho da Fé , assim como também um guia de hospedagem para os diversos ramais do caminho. A maioria das hospedagens no guia são de pousadas familiares / rurais ou urbanas. Tipicamente eles cobram uma diária básica que inclui as refeições (janta e café da manhã). Alguns estabelecimentos nesta lista, entretanto, são hotéis, mas a maioria dos hotéis na lista vão te oferecer uma diária reduzida de peregrino perante a apresentação da credencial de peregrino.

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Medidas e despesas neste dia da peregrinação

  • Distância percorrida entre Santa Rosa de Viterbo a Casa Branca: 60.19 Km
  • Duração total desta jornada: 6 h 15 min
  • Tempo total em movimento: 4h 14m
  • Local de pernoite ao final do dia:
  • Total de despesas neste dia: R$ 70.00
    • Alimentação: R$ 20.00 (Jantar, tele-entrega)
    • Hospedagem: R$ 50.00 (Café da Manhâ incluso)
    • PS. Normalmente os cuidadores da Pousada oferecem jantar, hospedagem e café da manhã tudo incluído no valor de R$ 70,00, mas este dia não foi um dia normal para eles. Leia o artigo abaixo que você entenderá.
  • Ganho total de Elevação neste trecho: 620m
  • Velocidade Média: 9,6 Km/h
  • Velocidade Máxima atingida: 57,8 Km/h
  • Batimento Cardíaco Médio: 128 bpm
  • Batimento Cardíaco Máximo: 163 bpm
  • Calorias queimadas: 2.347 CAL
  • Clique aqui para ver a página do Garmin Connect para esta atividade.
Garmin Telemetry, Santa Rosa de Viterbo - Casa Branca
Elevação x Velocidade x Batimento Cardiaco entre Cravinhos e Santa Rosa de Viterbo (Clique na imagem para expandir)

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Estágio 05: De Santa Rosa de Viterbo para Tambaú + Vídeo.

Tive uma boa noite de sono no Hotel Malim. Não havia uma TV no quarto, mas hoje em dia quando se tem WiFi quem precisa de TV? O café da manhã também foi muito bom e farto e eu saboreie ele com calma. Invetsi até uns 30 min naquela manhã conversando com o recepcionista do hotel sobre o nome da cidade para tentar entender se havia alguma relação com a cidade de Viterbo na Italia, que conincidentemente tambem se encontra em uma rota de peregrinação chamada Via Francigena, a qual eu completei em 2016 (o nome tem relação sim, mas eu já expliquei no artigo anterior).

O mapa oficial do Caminho indica que a distância entre Santa Rosa de Viterbo e Tambaú é de 36 Km, o que o torna um dos trechos mais longos do Caminho. Para ser sincero, eu não estava muito animado para encarar as mesmas condições dos dias anteriores, com longos trechos de areia fina e poeira, mas ao sair do hotel decidi seguir as setas amarelas para ter uma idéia das condições do Caminho e decidir mais tarde se eu continuaria nele ou se tentaria encontrar uma rota alternativa para Tambaú, se uma existisse.

Estrada SP-332 entre Santa Rosa de Viterbo e Tambaú
Estrada SP-332 entre Santa Rosa de Viterbo e Tambaú

No hotel já haviam me avisado que a SP-332 ligava Santa Rosa de Viterbo a Tambaú e eu sabia que outras opções existiam. Continuei, entretanto, pedalando na rota original do Caminho por cerca de 5 Km, seguindo as setas amarelas. O terreno demonstrou ser tão dificil quanto o dos caminhos nos dias anteriores o que não foi muito motivador naquele momento. Depois de 5 Km seguindo as setas amarelas na estrada de terra eu cheguei ao vilarejo de Nhumirim e depois de dar uma olhada no Google Maps decidi continuar pela SP-332 que na verdade é paralela ao caminho. Ao chegar neste vilarejo a seta amarela aponta para esquerda, mas eu segui reto (veja no vídeo). Depois deste ponto pedalei mais 2 Km em estradinhas de terra até encontrar a SP-332.

Desta forma, o vídeo não mostra o trecho do caminho original entre Nhumirim e Tambaú Se voce fizer o Caminho da Fé a partir desse ponto deixo por sua conta e risco a decisão de pegar o caminho original ou seguir o que eu fiz. O que eu posso dizer, entretanto, é que eu não me arrependi de ter feito esse trecho de 23 Km pela estrada. Eu me senti seguro pedalando nela pois o acostamento era largo e em boas condições de manutenção. A maioria dos veículos também passou por mim respeitando a distância de 1,5 m.

Além disso a rota pela estrada tambem cortou 6 Km em relação ao caminho original e me permitiu cobrir esses 23 Km em 1h e 20 min com uma velocidade média de 17 Km/h, que era quase o dobro do velocidade média que eu estava fazendo por terra. Minha recomendação é que, se voce estiver de bicicleta, vale a pena considerar a estrada, mas se voce estiver a pé será provavelmente mais seguro caminhar pelo caminho original de terra.

Prefeitura de Tambaú. Foi no passado a estação ferroviaria de Tambaú.
Prefeitura de Tambaú. Foi no passado a estação ferroviaria de Tambaú.

Uma desvantagem em não seguir a rota original esta no fato que você não tem as as setas amarelas para te guiar, desta forma você ter seu próprio método de orientação, que no meu caso foi o Google Maps no celular. Ao chegar em Tambaú eu optei por ir primeiro a prefeitura da cidade, pois elas são tipicamente um bom local para se obter informações sobre a cidade , o caminho e as vezes tambem carimbar sue credencial de peregrino, mas no caso de Tambaú as credenciais são carimbadas no departamento de turismo do municipio, que não ficava longe de lá. Tambaú não é uma vila, mas não é uma cidade muito grande tambem, por isso tudo fica perto.

Departamento de Turismo de Tambaú, onde você pode carimbar sua credencial de peregrino.
Departamento de Turismo de Tambaú, onde você pode carimbar sua credencial de peregrino.

Depois de carimbar minha credencial no depto de turismo, decidi por um descanço um pouco mais prolongado uma vez que eu havia chegado em Tambaú bem mais rápido que o previsto (se eu tivesse seguido o caminho original). O Na parte inferior do prédio existe um bebedouro de água gelada, banheiros e uma area para sentar. Fiz um landhinho com umas frutas que tinha trazido comida e deu tempo até de conversar um pouco com meus filhos na Inglaterra.. Eu tive a impressão que Tambaú teria sido um lugar legal para passar a noite, mas ainda era muito cedo para mim, por isso depois de uns 30 min ali decidi seguir até Casa Branca.

Para aqueles que decidirem pernoitar em Tambaú o hotel Eliana fica bem em frente ao depto de turismo e é um dos locais de hospedagem credenciados pela associação dos amigos do Caminho da Fé. Apresentando a credencial de peregrino você provavelmente terá uma diaria reduzida.

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Stage 06: From Tambaú to Casa Branca + Video

Os 30 min de descanço em Tambaú  levaram meu espirito para a próxima estágio até Casa Branca. Como um dos meus objetivos era poder mostrar o caminho a outros futuros peregrinos, decidi retomar a jornada e seguir pelo caminho original das setas amarelas, independente das condições do terreno. Devo, entretanto, avisar que existe a possibilidade de fazer a maior parte do percurso em asfalto, na estrada que liga Tambaú  a Casa Branca. Caso você opte por fazer o caminho em estrada asfaltada o trecho também é 3,87 Km mais curto do que pelas estradas de terra. Eu mostro no vídeo o ponto onde voce pode continuar pelo asfalto ou optar pelo caminho original. Se eu tivesse optado pela asfalto eu provavelmente teria me poupado um dos 3 tombos que levei no caminho para Casa Branca.

Interior da igreja em Tambaú
Interior da igreja em Tambaú

Ao sair de Tambaú  passei na frente da principal igreja da cidade, o Santuário Nossa Senhora Aparecida de Tambaú (não confunda com o  Santuário Nacional de Nossa Senhora de Aparecida em Aparecida do Norte) uma igreja construída pela padre Donizetti Tavares de Lima que ficou muito conhecido na década de 1950 por graças, conversões e milagres de curas atribuídos a ele, e que o mesmo atribuía a Nossa Senhora Aparecida, de quem ele era muito devoto.

Como mencionei acima, foi neste trecho que levei o segundo dos 3 tombos que cai durante minha jornada até Aparecida do Norte, por isso gostaria de ressaltar a importancia de se ter muita atenção ao terreno bem como uma bicicleta apropriada, se possivel, o que não era o meu caso. Por um descuido perdi o controle da bicicleta em uma pequena descida quando a roda da frente derrapou em um banco de areia na estrada de terra (o vídeo mostra o tombo tambem 🙂 ).

Peregrinas a pé pelo caminho. Aproximadamente 10 Km antes de Casa Branca
Peregrinas a pé pelo caminho. Aproximadamente 10 Km antes de Casa Branca

Aproximadamente 10 Km antes de chegar a Casa Branca passei com um grupo de 3 peregrinas a pé que haviam começado suas peregrinações em Tambau pela manhã desse dia. Elas estavam dispostas a caminhar até Aparecida, mas consideravam completar a peregrinação em diversos diversos, fazendo uma porção do caminho por um periodo de tempo, voltar para casa, e retornar a este ponto quando possivel para completar mais uma porção do caminho a pé repetindo isso até que todo o caminho tenha sido completado. Esta é para muitos que não dispõe de tempo ou condições de completar a peregrinação de uma vez só, uma válida opção de peregrinação.  Encontrei com uma dessas 3 peregrinas ao chegar a Casa Branca, pois ela não estava se sentindo muito bem durante o caminho e resolveu pegar o onibus rural para Casa Branca. Suas 2 companheiras continuaram caminhando e chegaram em Casa Branca tarde da noite neste dia.

Ao chegar em Casa Branca as baterias do meu gimbal “morreram”, por isso uma pequena parte desse trecho foi gravada com a GoPro montado no guidão da bicicleta, por isso a trepidação da imagem é muito maior nesse trecho.

Igreja do Santuário de Nossa Senhora do Desterro em Casa Branca
Igreja do Santuário de Nossa Senhora do Desterro em Casa Branca

Ao chegar na igreja do Santuário de Nossa Senhora do Desterro, que mantém uma pousada de peregrinos, fui informado para me dirigir a casa do seu José e da Dina Maria, que são os responsáveis pela pousada. Normalmente o valor de R$ 70,00 que o peregrino paga pela acomodação na pousada inclui a janta, no dia de chegada e o café da manhã no dia seguinte, mas este não estava sendo um dia normal para a seu José e Dona Maria. O filho deles havia sido sequestrado por crimonosos quan além de roubarem sua motocicleta tambem bateram muito nele. ao ponto de ser admitido no hospital da cidade.. Dona Maria estava, com razão muito nervosa e preodupado com o filho e por isso não fez janta naquela noite. Apesar do sequestro e das pancadas dos ladrões, o filho de Dona Maria estava relativamente bem e voltou para casa naquela noite.  Por esta razão o seu José descontou R$ 20,00 pela janta e nos deu o número de um serviço de tele-entrega de comida caseira em marmitas que custou exatamente o valor descontado.

Visão noturna da igreja do Santuário de Nossa Senhora do Desterro em Casa Branca
Visão noturna da igreja do Santuário de Nossa Senhora do Desterro em Casa Branca

Depois de um merecido banho e um pequeno descanço o seu José me mostrou onde ficava a lavanderia e me deu sabão em pó para que eu pudesse lavar a roupa suja no tanquinho. Deixei a roupa secando no varal coberto da lavanderia e fiz o pedido da janta, juntamente com as outras peregrinas que havia encontrado no caminho. As marmitas chegaram em 20 min e juntamente com a janta tambem recebi um delicioso suco de laranja espremido na hora. A comida era farta e estava uma delicia tambem.

Apesar do meu quarto ter 3 camas eu era o único peregrino dormindo nele naquela noite. O quarto também contava com seu próprio banheiro e uma salinha separada com uma TV, um sofa e uma mesa. Deu pra assistir o jornal Nacional enquanto eu fazia minha refeição. As outras 3 peregrinas tambem tinham um quarto separado só para elas. O clima estava excelente, nem muito quente, nem frio, ótimo para uma caminhada e algumas fotos noturnas na area do santuário.

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Fotos tomadas neste dia.

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Caminho da Fé, Dia 02: De Cravinhos para Santa Rosa de Viterbo

Neste artigo…

  1. Introdução
  2. Medidas e despesas neste dia da peregrinação
  3. Estágio 3: De Cravinos para São Simão + Video
  4. Estágio 4: De São Simão para Santa Rosa de Viterbo + Video
  5. Fotos tomadas neste dia.

Introdução

Se este é o primeiro artigo da série do caminho da fé que você está lendo, eu recomendo que você dê uma olhada no artigo sobre a introdução ao caminho da fé, publicado no dia 28 de fevereiro de 2017. Ele explica o que é o caminho da fé, as razões pelas quais eu decidi fazer ele e provém informações que podem ser úteis aqueles que decidirem fazer o caminho da fé também.

Neste artigo eu cubro minhas experiências no segundo dia dos 12 dias da peregrinação, a partir da cidade de Cravinhos até Santa Rosa de Viterbo, ambas no interior de São Paulo.

Conforme explicado no artigo de introdução, eu dividi o caminho em 21 estágios, definidos pelo mapa oficial do caminho. Cada estágio representará 1 vídeo nesta jornada e por isso este artigo contém 2 vídeos, pois cobri 2 estágios neste dia.

Você pode baixar o mapa oficial do caminho da fé a partir da website da Associação dos Amigos do Caminho da Fé , assim como também um guia de hospedagem para os diversos ramais do caminho. A maioria das hospedagens no guia são de pousadas familiares / rurais ou urbanas. Tipicamente eles cobram uma diária básica que inclui as refeições (janta e café da manhã). Alguns estabelecimentos nesta lista, entretanto, são hotéis, mas a maioria dos hotéis na lista vão te oferecer uma diária reduzida de peregrino perante a apresentação da credencial de peregrino.

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Medidas e despesas neste dia da peregrinação

  • Distâcia medida entre Cravinhos a Santa Rosa de Viterbo59,02 Km
  • Duração total desta jornada: 6h 40m
  • Tempo total em movimento: 4h 57m
  • Local de pernoite ao final do dia:
  • Total de despesas neste dia: R$ 92,50
    • Alimentação: R$ 17,50 (jantar em um restaurante local)
    • Hospedagem: R$ 75.00 (Café da Manhã incluído)
  • Ganho total de Elevação neste trecho: 658m
  • Velocidade Média: 8,9 Km/h
  • Velocidade Máxima atingida: 45,2 Km/h
  • Batimento Cardíaco Médio: 132 bpm
  • Batimento Cardíaco Máximo: 158 bpm
  • Calorias queimadas: 2.815 CAL
  • Clique aqui para ver a página do Garmin Connect para esta atividade.
Elevação x Velocidade x Batimento Cardiaco entre Cravinhos e Santa Rosa de Viterbo
Elevação x Velocidade x Batimento Cardiaco entre Cravinhos e Santa Rosa de Viterbo (Clique na imagem para expandir)

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Estágio 3: De Cravinhos para São Simão + Video

Uma boa noite de sono bastou para que eu me recuperasse da exposição ao sol, da poeira, da areia e dos erros do dia anterior. A mesa de café da manhã no hotel estava repleta de coisas importantes para sustentar-me durante o dia de pedal (entre outros, presunto, queijo, ovos mexidos, variedade de geléias e pão, frutas e cereais).

Eu tinha lavado a roupa do dia anterior no banheiro do quarto e ela estava seca. O hotel tem uma área no fundo onde eu pude também lavar a bicicleta com uma mangueira e colocar um pouco de óleo na corrente.

Peregrinos com pressa para chegar ao seu destino, talvez teriam que acordar muito mais cedo para realizar todas essas tarefas antes de sair, mas felizmente não era o meu caso. Acordei por volta das 08:00 e só sai do hotel por volta das 10:30.  Depois de deixar o hotel, o desafio era reencontrar o caminho pois não havia nenhuma seta amarela saindo do hotel. Meu plano foi então o de voltar para o centro da cidade e retomar o caminho a partir do ponto que eu tinha cometido meu erro no dia anterior, mas bem antes do centro da cidade eu passei pelo Hotel pousada Girassol, o outro hotel credenciado na lista de hospedagem. O hotel está situado poucos metros antes do posto de gasolina onde eu parei para pedir informações.

Tendo morado boa parte da minha vida fora do Brasil, sempre me surpreendo com a facilidade de fazer amizades neste País (as vezes hostil), mas tão hospitaleiro. No posto de gasolina encontrei João Candosim, ele próprio um peregrino de Aparecida, e que me apontou para a próxima seta amarela, pouco depois do posto. Dei a João um dos cartões de visita do meu blog e para minha agradável surpresa nos tornamos amigos no Facebook mais tarde.

Se você assistiu ao vídeo do estágio anterior, ao assistir o vídeo deste estágio você verá que a partir de um certo ponto as imagens são as mesmas até chegar ao posto Frango Assado a beira da Via Anhangüera (SP-330).

Quero deixar uma nota de advertência, especialmente para peregrinos em bicicletas (bicigrinos), para tomarem cuidado com os cães soltos logo na saída de Cravinhos . Quando eles me viram vieram correndo e latindo em minha direção, mas eu não tive a impressão que queriam me atacar, apenas me avisar que eu estava entrando no território deles. Eu desmontei da bicicleta e fiquei parado olhando para eles sem demonstrar medo e logo eles se acalmaram (essa estratégia pode não funcionar sempre).

Ao chegar no posto Frango Assado eu parei para reabastecer minhas garrafas d’agua e encontrei com 2 peregrinos em bicicleta que também tinham a intenção de pedalar até Aparecida. Eles tinham saído de Ribeirão Preto naquela manhã e tinham a intenção de fazer o caminho todo no asfalto apesar de estarem pedalando bicicletas mountain bike de suspensão dianteira e traseira, ideais para as estradinhas e trilhas de terra do Caminho da Fé. Não existe certo ou errado na sua peregrinação. Ela é individual.

Depois do posto de gasolina eu continuei pedalando até chegar ao pequeno monumento a Nossa Senhora, um local bonito e bem conservado e que pareceu ser o momento ideal para um pouco de descanso, agua e oração. Foi neste momento que troquei as baterias do gimbal e para meu azar acabei deixando as baterias reserva lá naquele local. Elas foram encontradas por outros peregrinos mais tarde, mas retorna-las para mim provou não ser viável devido ao custo.

Eu planejava trocar as baterias do gimbal e da câmera a cada 90 minutos, colocando as baterias usadas para carregar a partir de um power bank de 22.000 mAh dentro da bolsa de guidão. Tendo perdido as baterias reservas do gimbal significou que pelo resto do caminho eu não poderia usá-lo enquanto as únicas baterias que restavam estavam carregando (o tempo de recarga variava entre 45 min a 1h). Eu continuei gravando o caminho, mas sem usar o gimbal enquanto suas baterias estavam recarregando, o que infelizmente aumentou muito a trepidação da imagem.

Uma boa parte desse trecho foi ao longo da Via Anhangüera e proporcionou interessantes paisagens ao longo do caminho, incluindo uma visão de campos queimados que deve ser uma ocorrência comum nessa época do ano devido ao clima muito quente e seco e, talvez, outras razões menos naturais.

Até o ponto onde cruzei por baixo da Via Anhangüera o terreno foi bem menos arenoso e poeirento que do dia anterior (mais firme), mas a partir daquele ponto voltou a ter muita areia e poeira ao ponto que, se você estiver pedalando, você provavelmente terá que desmontar e empurrar a bicicleta com frequência.

Neste estágio você também terá que caminhar ou pedalar no acostamento da SP-253 por alguns quilômetros, até que você volte a uma trilha de terra e areia ao lado da estrada. Eu me senti relativamente seguro pedalando na estrada pois o acostamento é plano e largo e a maioria dos motoristas abriam boa distância ao me ultrapassar.

Pouco antes de chegar em São Simão você também terá que cruzar por cima dos trilhos de uma estrada de ferro e no meu caso eu demorei muito tirando fotos do local o que me obrigou a ter que esperar até o trem de carga passasse e foi um trem bem comprido e que demorou vários minutos para passar.

A cidade de São Simão é pequena e as setas amarelas são bem frequentes o que impede o risco de você se perder. Antes de chegar ao Hotel São Simão, a única opção de hospedagem na lista oficial da Associação dos amigos do caminho, eu parei junto a uma revenda de veículos usados e perguntei a dois senhores que estavam lavando os carros se eu poderia jogar uma agua na bicicleta para tirar o pó. Eles me perguntaram de onde eu estava vindo e para onde eu estava indo. Eles sabiam do caminho da fé, mas não sabiam que eram as setas amarelas que indicavam o caminho para Aparecida aos peregrinos. Agora eles sabem 🙂

O pessoal do Hotel São Simão foi muito gentil. Carimbaram minha credencial de peregrino e me ofereceram agua e frutas.

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Estágio 4: De São Simão para Santa Rosa de Viterbo + Video

Ao deixar o Hotel São Simão eu fiz um pequeno desvio para visitar a avó de outro peregrino que eu conheci através do grupo de Facebook da Associação dos Amigos do Caminho da Fé. Ao chegar lá, expliquei quem eu era e porque estava ali e para minha surpresa Dona Vera Burin e sua filha Angélica me receberam quase como se eu fosse um membro da família.

Este é um dos mais positivos aspectos da cultura Brasileira. A habilidade de confiar em desconhecidos e recebe-los bem.

Parecido com os Irlandeses que tem um ditado que diz “Um desconhecido é apenas um amigo que você nunca viu antes“.

A grande diferença entre o Brasil e a Irlanda, entretanto, são os óbvios perigos do Brasil devido aos altos índices de criminalidade, principalmente em grandes cidades. Mesmo assim, os brasileiros ainda conseguem confiar e ajudar uns aos outros. Gostaria de deixar aqui meu sincero muito obrigado, não apenas a Dona Vera e sua filha Angélica, mas também ao André que se comunicou comigo e pediu para que eu passasse lá e dissesse um “Oi”.

Infelizmente eu estava com um pouco de pressa e tive que declinar o convite para um café, mas foi ótimo tê-las conhecido.

Como peregrino, entretanto, fui agraciado com vários gestos de generosidade durante minhas peregrinações e cada vez que isso acontecia reforçava minha crença que a maioria das pessoas na terra são boas e que o bem supera em muito o mal. Talvez seja por causa disso que existe a dificuldade em se eliminar o mal das nossas sociedades.

Como as baterias do Gimbal ainda estavam carregando dentro da bolsa de guidão, eu decidi colocar a câmera dentro da caixinha a prova d’agua e instala-la no suporte de guidão, o que causou um grande aumento na trepidação da imagem. Em dias subsequentes ao invés de colocar a câmera no guidão eu experimentei colocando-a no suporte de capacete na esperança que isso diminuiria um pouco a trepidação, mas a melhoria foi praticamente insignificante. Como eu só tinha um jogo de baterias para o gimbal sobrando eu tentei preserva-las o máximo para usar o gimbal em terrenos mais acidentados, como estradas de terra, por isso quando eu pedalava em asfalto eu com frequência parava de usar o gimbal para recarregar as baterias.

Ao sair da cidade de São Simão você vai caminhar ou pedalar por aproximadamente 3 Km na SP-253. Esta estrada tem acostamento, mas ele me pareceu mais estreito que antes de São Simão. A maioria dos motoristas respeitavam minha presença e mantiveram uma boa distância quando passavam por mim, mas é bom ter cuidado.

Depois de 3 Km você vai cruzar a estrada e virar à esquerda para pegar uma estrada de terra e de novo, muita poeira e areia. Nesse ponto as baterias do gimbal já estavam 100% carregadas e pude instalar a câmera de volta no suporte de peito.

Em alguns pontos destas estradas de terra elas ficam bem estreitas e pareciam ter um trafego mais intenso que outras estradas de terra que eu havia pego antes. Quando carros e caminhões passavam por mim eles levantavam uma grande quantidade de pó o que tornava difícil para mim respirar devido a minha asma. Tossi muito em alguns pedaços nestas estradas (se você assistir ao vídeo você vai ver). Também foi necessário empurrar a bicicleta em muitos trechos, pois a areia era tão profunda que se tornou inútil tentar pedalar (nenhuma tração nas rodas).

P1090289Apesar disso tudo também existem lindos trechos por onde você vai pedalar ou caminhar entre florestas de pinhos que oferecem além de uma linda paisagem também muita sombra para o proteger do sol.

Ao se aproximar de Santa Rosa de Viterbo, você vai voltar para a SP-253 novamente, o que me leva a notar que para aqueles que desejarem evitar as estradas de terra, o caminho pela rodovia será bem mais curto e rápido, mas possivelmente mais perigoso também. Você terá que tomar essa decisão várias vezes durante o Caminho da Fé. O conforto mais perigoso do asfalto ou os desafios físicos de pedalar “off-road”.

Ao chegar nos arredores de Santa Rosa de Viterbo você ficará feliz em encontrar uma ciclovia de aprox. 1,5 Km, totalmente segregada do transito automotor, o que torna o pedal para a cidade muito mais seguro.

O Hotel Malim é, no momento que escrevo este artigo, o único na lista de hospedagem na cidade. A lista indica que existem 2 opções de acomodação, uma custando R$ 60,00 e outra R$ 85,00. Ao chegar lá constatei que a lista talvez está desatualizada devido a inflação ou aumento nos preços, por isso é sempre bom você verificar antes, se não quiser ter uma surpresa ao chegar no local. Eu paguei R$ 75,00 por um quarto com banheiro privativo, mas sem TV, nem ar-condicionado. Havia também a opção de quartos com TV e ar por R$ 90,00.

Encontrar o hotel é bem fácil. Simplesmente siga em frente na rua principal da cidade e o hotel fica do lado esquerdo.

O hotel tem um paraciclo na parte de trás onde você pode prender sua bike, o que eu aconselho você fazer, pois os funcionários / hotel não se responsabilizam por ela. Me pareceu ser um local bem seguro, mesmo assim eu prendi a bike e tirei tudo de valor dela. Na parte de trás também tem um espaço onde você pode dar um banho de mangueira na bike para tirar a poeira.

Depois de um bom banho e uns 30 min de descanso, sai do hotel a pé para encontrar um restaurante que foi recomendado pelo recepcionista do hotel, o restaurante Issagawa Neto & Cia. Não parecia haver muita opção onde comer na cidade e neste restaurante você tem, entre outros no menu, opções de uma refeição com entrada, prato principal e um refrigerante por R$ 17,50. A comida é boa e por esse preço, até mesmo os bons de prato vão sair do restaurante bem fartos.

Depois da janta voltei para o hotel, fui dar uma olhada nos meus e-mails e navegar na internet um pouco antes de dormir. O hotel tem WiFi gratuito e o sinal no meu quarto era bom.

Apesar de existir no quarto alguns mosquitos, consegui dormir muito bem. Aconselho você levar consigo uma latinha de repelente de insetos sem cheiro. Em alguns lugares você vai precisar, especialmente nas noites quentes de verão e em áreas rurais. Foi assim que meu segundo dia de Caminho da Fé terminou.

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Fotos tomadas neste dia.

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Caminho da Fé, Dia 01: De Sertãozinho para Cravinhos

Neste artigo…

  1. Introdução
  2. Medidas e despesas neste dia da peregrinação
  3. Estágio 1: De Sertãozinho a Dumont + Video
  4. Estágio 2: De Dumont para Cravinhos + Video
  5. Fotos tomadas neste dia.

Introdução

Se este é o primeiro artigo da série do caminho da fé que você está lendo, eu recomendo que você dê uma olhada no artigo sobre a introdução ao caminho da fé, publicado no dia 28 de fevereiro de 2017. Aquele artigo explica o que é o caminho da fé, as razões pelas quais eu decide fazer ele e provém informações que podem ser úteis aqueles que decidirem fazer o caminho da fé também.

Neste artigo eu cubro minhas experiências no primeiro dia dos 12 dias da peregrinação, a partir da pequena cidade de Sertãozinho até Cravinhos, ambos no interior de São Paulo.

Conforme explicado no artigo de introdução, eu dividi o caminho em 21 estágios, definidos pelo mapa oficial do caminho. Cada estágio representará 1 vídeo nesta jornada e por isso este artigo sobre o primeiro dia contém 2 vídeos, pois cobri 2 estágios neste dia. O primeiro estágio foi entre Sertãozinho e Dumont e o segundo entre Dumont e Cravinhos.

Você pode baixar o mapa oficial do caminho da fé a partir da website da Associação dos Amigos do Caminho da Fé , assim como também um guia de hospedagem para os diversos ramais do caminho. A maioria das hospedagens no guia são de pousadas familiares rurais ou urbanas. Tipicamente eles cobram uma diária básica que inclui as refeições (janta e café da manhã). Alguns estabelecimentos nesta lista, entretanto, são hotéis, mas a maioria dos hotéis na lista vão te oferecer uma diária reduzida de peregrino perante a apresentação da credencial de peregrino.

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Medidas e despesas neste dia da peregrinação

  • Distâcia medida entre Sertãozinho a Cravinhos71,54 Km
    • Por favor leia o item 4 neste artigo, pois esta distância inclui erros de navegação da minha parte.
  • Duração total desta jornada: 8h 25m
  • Local de pernoite ao final do dia:
  • Total de despesas neste dia: R$ 120.90
    • Alimentação: R$ 58.90 (tele-entrega de pizza no hotel, só consegui comer metade)
    • Hospedagem: R$ 62.00 (Café da Manhã incluido)
  • Ganho total de Elevação neste trecho: 1,178m
  • Velocidade Média: 8.5 Km/h
  • Velocidade Máxima atingida: 46.5 Km/h
  • Batimento Cardíaco Médio: 146 bpm
  • Batimento Cardíaco Máximo: 180 bpm
  • Calorias queimadas: 4,286 CAL
  • Clique aqui para ver a página do Garmin Connect para esta atividade.
Primeiro dia no Caminho da fé
Primeiro dia no Caminho da fé

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Estágio 1: De Sertãozinho a Dumont + Video


Sendo entrevistado pela rede Globo de TV no estacionamento do HotelConforme planejado na noite anterior, acordei cedo e desci para a sala do café para tomar café da manhã junto com a equipe da rede Globo. Eles tiraram muitas fotos dos jornalistas tomando café da manhã e também me ajudaram a tirar algumas fotos de mim. Antes de partir nós gravamos a entrevista no estacionamento do hotel, sendo que muitos “takes” foram necessários devido ao barulho da rua e outros erros básicos. Por exemplo, durante a entrevista eu mencionei que iria gravar o caminho todo em “time-Lapse” com uma GoPRO 4 e a mera menção da marca da câmera invalidou a gravação devido ao marketing indireto.

De tudo que foi gravado naquela manhã apenas uma pequena fração foi ao ar. Nos meus 3 segundos de fama em cadeia nacional eu apareço dizendo que o caminho é, em sua maioria, em estradas ou trilhas de terra, o que o torna muito difícil. À primeira vista isto é meio obvio, mas o que está faltando no contexto daquela sentença foi o fato de que estávamos conversando sobre minhas peregrinações anteriores para Santiago de Compostela na Espanha e Roma na Itália (Via Francigena)e que nestas peregrinações a maioria do percurso foi em estradas pavimentadas, o que me fazia acreditar que o caminho da fé seria um desafio mais difícil apenas da distância ser mais curta. Mas tudo bem. Estou feliz de ter tido a oportunidade que tive.


P1090200Depois da entrevista o operador do drone me seguiu de carro e fez algumas gravações aéreas, me instruindo a tomar certas atitudes que do contrário não seriam da minha natureza fazer, como levantar meus braços aos céus na frente da estátua de Nossa Senhora na saída de Sertãozinho . Devido a todas estas atividades eu deixei Sertãozinho bem tarde, por volta das 10:30 da manhã. Mais ou menos 1 Km depois da estátua de Nossa Senhora, eu cruzei por baixo da autoestrada, entrando pouco metros depois em uma estrada de chão dentre a plantações de cana de açúcar.

Uma pessoa em uma moto parou e me acompanhou por alguns metros fazendo perguntas como, para onde eu estava indo e se estava sozinho, que eu honestamente estava muito relutante em responder. Acho que era uma pessoa de bem, mas é assim que muitos assaltos acontecem. O resto do meu pedal até a pequena cidade de Dumont foi tranquilo, apesar de muita poeira e areia.

Praticamente o caminho inteiro é entre plantações de cana de açúcar, por isso a paisagem não é muito excitante, mesmo assim você vai encontrar lugares que merecem algumas fotos.

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Estágio 2: De Dumont para Cravinhos + Video

Plantação de café a esquerda e a pequena cidade de Dumont ao fundo
Plantação de café a esquerda e a pequena cidade de Dumont ao fundo

Ao chegar em Dumont eu parei para tirar algumas fotos e determinar onde eu poderia carimbar minha credencial de peregrino. Quando descobri que a pousada Veronezi, na lista de acomodações da associação dos amigos do caminho, ficava fora da cidade, eu continuei o pedal até chegar lá.

Ao chegar na fazenda dos Veronezi, eu virei à esquerda e fui em direção a Casa Veronezi, a loja de carnes da fazenda e acabei levando um tombo nas pedras soltas do estacionamento. Foi um tombo bem ridículo devido ao fato da roda da frente derrapar nas pedras e meu pé direito ficar preso no firma-pé do pedal. Acabei rasgando meu “pernito” (protetor de pernas) da Castelli que é uma peça de vestuário que eu gostava muito 🙁

Na case de carnes conheci o Alvaro (que toma conta da loja) e ele me indicou o caminho até a Dona Helena Veronezi, Mãe dele e que cuida da pousada. Eles são pessoas muito boas. Dona Helena carimbou minha credencial e me ofereceu água e frutas. Ao deixar a pousada Dona Helena me falou que logo adiante, próximo ao lago do pesque e pague havia uma porteira trancada e que eu deveria dar um pulo no bar do pesque e pague e pedir a chave do cadeado.

Bar do Zé Goleiro
Bar do Zé Goleiro

Depois da porteira continuei por dentre plantações de cana até chegar ao bar do Zé Goleiro que é um estabelecimento literalmente no meio de nada e que já existe desde de 1937, mas que, com a morte do Zé Goleiro em 2009, vem sendo administrado pelo seu filho. É um lugar muito interessante com um monte de “trecos” pendurados no teto.

O mapa do caminho indica que a distância entre Dumont e Cravinhos é 37 Km, mas não deixa claro onde em Cravinhos esses 37 Km terminam. Os dois estabelecimentos na lista de hospedagens são um pouco afastados do centro da cidade, especialmente o que eu decidi pernoitar, o Cravinhos Park Hotel, que também parecia ser o melhor dos dois. Eles aceitam cartão de crédito, apesar de não estar indicado na lista.

Ao chegar em Cravinhos eu cometi o erro de assumir que as setas amarelas iriam me indicar o caminho para estes estabelecimentos. A menos que eu tenha deixado de ver uma seta em algum lugar, elas na verdade indicam o caminho para fora da cidade. Eu honestamente só vi setas amarelas apontando na direção que eu fui.

A linha vermelha representa a rota que eu fiz. A linha azul a rota que eu deveria ter feito.
A linha vermelha representa a rota que eu fiz. A linha azul a rota que eu deveria ter feito.


Infelizmente, teimoso como sou, eu continuei seguindo as setas amarelas para fora da cidade, só parando no posto Frango assado uns 7 a 8 Km fora da cidade para pedir informações. Para ser honesto, uma vez que sai da cidade não apareceu ninguém para pedir informações, mas eu deveria ter feito isso antes.

Quando os frentistas do posto me indicaram que eu estava bem longe e teria que voltar uns 10 Km, fui confrontado com a decisão de voltar ou seguir adiante. Decidi voltar porque já estava anoitecendo e de acordo com o mapa, a cidade seguinte ficava a 31 Km de distância, talvez um pouco menos pois eu já tinha pedalado uns 7 Km para fora de Cravinhos.

Este erro obrigou-me a pedalar 18,69 Km a mais, ou seja, eu pedalei 55,69 Km no total entre Cravinhos e Dumont neste dia. Por isso fica aqui a dica para que você preste atenção ao chegar em Cravinhos e não cometa o mesmo erro que eu. Quando eu cheguei no hotel já estava bem escuro, o que não foi legal, mas tudo faz parte da aventura. Em uma peregrinação você sempre deve esperar o inesperado.

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Fotos tomadas neste dia.

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O Caminho da Fé

Logo Caminho da Fé
Logo Caminho da Fé

Olá pessoal,

é com imenso prazer que anuncio que semana que vem darei inicio a minha 3a peregrinação religiosa, desta vez no Caminho da Fé. Para quem ainda nunca ouviu falar, essa rota de peregrinação é agora considerada como o equivalente Brasileiro ao Caminho de Santiago que eu percori em 2015.

As versões em Inglês e Português deste “post” diferem significativamente pois encontrei muito poucas informações sobre o Caminho em Inglês, enquanto que em Português existem extensas fontes de informação na Internet o que vai me permitir apenas “linkar” para elas. Nunca tive a intenção de reinventar a roda 🙂

Então, para que voce não perca tempo, se tudo o que voce esta interessado é em informações sobre o Caminho da Fé, eu recomendo pular direto para o site da AACF ou Associação dos Amigos do Caminho da Fé, que é completo e excelente. Por não ter feito o caminho ainda, eu nao posso avaliar que ele tem todas as informações que um peregrino do Caminho da Fé precisa, mas é um bom começo.

O Antonio Olinto, um dos mais reconhecidos ciclo-ativistas Brasileiros, tambem tem a venda um excelente guia para o Caminho da Fé. Vale a pena dar uma olhada nas publicações e conteúdo (videos) no site dele tambem.

Bom, se voce ainda esta por aqui e já ouviu falar da Basilica de Aparecida do Norte no estado de São Paulo, voce deve saber que ela tem sido o destino de peregrinos a várias gerações, muitos dos quais as realizam  por razões religiosas, como pagamento de promessas, etc. Se voce em um tempinho, vale a pena ler sobre a história da Basilica, que é o segundo maior templo católico do mundo (só perde para a Basilica de São Pedro no Vaticano), no site da Wikipedia.

Mapa do Caminho da Fé (clique para abrir. Fonte AACF)
Mapa do Caminho da Fé (clique para abrir. Fonte AACF)

O Caminho da Fé foi criado em 2003 por um grupo de 3 amigos que fizeram o Caminho de Santiago de Compostela juntos algumas vezes. A rota original partia de Aguas da Prata no estado de Sâo Paulo e terminava, obviamente, na Basilica, em Aparecida do Norte, a 318 Km de distância (na rota original estabelecida para andarilhos ou caminhantes).

Atualmente o Caminho da Fé se expandiu para ter como ponto de partida outras cidades no Estado de São Paulo. A estas rotas alternativas foi dado o nome de “Ramais” e você pode obter informações sobre este ramais nesta página da AACF.

Pessoalmente, eu escolhi fazer o ramal mais longo (571 Km), a partir da cidade de Sertãozinho no estado de São Paulo, não apenas porque eu gosto muito de pedalar, mas por uma questão de facilidade logistica para mim. De Jataí, GO, onde me encontro no momento, existe um onibûs direto para Ribeirão Preto, que fica a apenas uns 20 Km de Sertãozinho. Dessa forma eu preciso fazer apenas 1 viagem de onibus (de 12 h entretanto) para dar inicio a minha peregrinação em biccleta.

Desta forma, contando com minha viagem de onibus, minha jornada começa na madrugada de Domingo, 18 de Setembro. Ao chegar em Ribeirão eu vou decidir como ir para Sertãozinho. Para quem vai pedalar quase 600 Km, os 20 Km entre Ribeirão Preto e Sertãozinho não são nada, mas eu fui desacomselhado a pedalar essa rota pela frequente ocorrência de assaltos nela, pois ela passa por áreas de alta incidência de crimes entre as duas cidades. Como mencionei, essa é minha 3a peregrinação de longa distância, e em cada uma das anteriores eu tinha meus medos e receios. Aprendi com elas a minimizar meus medos de muitas outras coisas, mas crime, entretanto, não era um fator que assustava muito em Paises da União Européia. Ter esse medo aqui, me deixa muito triste com relação ao Brasil. Não é que não existam crimes no Caminho de Santiago, onde uma peregrina Americana foi assassinada em 2015, mas a probablidade de ser vítima de crime aqui é muito maior que lá, infelizmente.

Então, ao chegar em Ribeirão Preto vou decidir se me sinto corajoso suficiente para ir para Sertãozinho de bike  ou se pego outro onibus que sai da rodoviaria de Ribeirão para Sertãozinho a cada 30 min. Seria uma pequena tragédia se a peregrinação terminasse antes mesmo de começar.

Em Sertãozinho vou pernoitar no Hotel Agapito, um dos locais ao longo do  Caminho onde é possivel comprar a credencial de peregrino, que, assim como no Caminho de Santiago, o peregrino vai carimbando ao longo do caminho para receber o certificado de conclusão ao chegar na Basilica de Aparecida.

Típica credencial de peregrino do Caminho da Fé (lnk externo. Clique para abrir no site de origem)
Típica credencial de peregrino do Caminho da Fé (lnk externo. Clique para abrir no site de origem)

A partir de Sertãozinho vou deixar a Fé guiar o meu caminho. Eu ia comprar o guia do Olinto, que mencionei acima, mas acabei não fazendo, por isso vou deixar as setas amarelas (outra coisa copiada do Caminho de Santiago) indicarem o caminho, que, pelo que ouvi dizer, é muito bem sinalizado. Algumas pessoas chegaram até a mencionar que é impossivel se perder, mas como minhas habilidades de navegação são notórias eu já consigo me imaginar tendo que pedalar alguns quilometros extras 🙂

A boa noticia que tive hoje é que, ao contrario do que estava pensando, eu aparentemente não vou ter que fazer o caminho sozinho. Ao fazer a reserva no Hotel Agapito o recepcionista falou que haviam mais peregrinos partindo do hotel no mesmo dia que eu e me perguntou se eu me importaria se ele passasse o meu numero para eles. Eu respondi, já feliz, “claro que não!” 🙂

Ocorre que estas tais pessoas sao membros de uma equipe da TV Globo que vão fazer uma matéria sobre o Caminho da Fé para o Fantastico. Pelo que eu entendi, o reporter tambem vai fazer o caminho da fé em bicicleta, provavelmente com a equipe atrás. Eu que estava um pouco preocupado com minha segurança por fazer o caminho sozinho, aparentemente vou ter as cameras de TV como companhia durante o caminho todo (se eu conseguir manter o ritmo do reporter, claro)
Perfeito, nao eh mesmo? Alem de companhia, tenho agora a perspectiva de me tornar uma celebridade na telinha. Próximo desafio, atuar na Novela das 8? Acho que não, mas por via das dúvidas preciso descobrir como perder minha barriga em 2 dias 🙂

Como de hábito em jornadas anteriores, durante o caminho eu provavelmente vou postar com mais frequência na página do EyeCycled no Facebook do que no blog, portanto se você deseja acompanhar minha pequena aventura se certifique que você “curtiu” (like) a página.

Se voce tem acompanhado os posts aqui no Blog, você vai estar ciente que recentemente perdi um companheiro “não-humano”. O meu notebook Dell XPS 15 estragou e era ele que eu usava para editar os videos no canal do YouTube e criar outros conteúdos para o Blog. Eu tenho toda intenção de, conforme nas peregrinações anteriores, gravar o caminho completo em video do tipo “time-lapse” (aquele bem acelerado), mas sem um computador mais “potente” isso vai demorar um pouco, mas por favor, não desistam de mim… Assim como o Arnold Schwarzenegger, “I’ll be back!”

Buen Camino! ou no caso do Caminho da Fé, Bom Caminho!

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Caminho de Santiago, dia 16 (17, 18 e 19): De Santiago de Compostela para Fisterra / Finisterre

Bem-vindo de volta a minha série sobre a nossa peregrinação de bicicleta pelo caminho de Santiago. Este será o mais longo da séria, mas será tambem o último.

Menu: Neste Post…

  1. Introdução
  2. Dia 16: De Santiago de Compostela para Fisterra / Finisterre
    1. Dia 16: Album de fotos
  3. Dia 17: Retorno de ônibus de Fisterra para Santiago e passeio pela cidade + a missa do Botafumeiro
    1. Dia 17: Album de fotos
  4. Dia 18: Viagem de carro de volta a Saint Jean Pied de Port e Pamplona
    1. Dia 18: Album de fotos
  5. Dia 19: Viagem de carro de Pamplona para Bracknell, UK
    1. Dia 19: Album de fotos

Introdução

A maioria dos peregrinos que chega em Santiago de Compostela, terminam suas peregrinações ali, mas um número substancial de peregrinos continua suas peregrinações, a pé ou de bicicleta, até Fisterra, como conhecida em Galego, ou Finisterre, seu nome em Espanhol. Fisterra é a cidade mais próximo do Cabo Fisterra, o ponto mais ao Oeste da Europa, que os antigos Romanos acreditavam ser o fim do mundo conhecido, por isso seu nome.

Se você leu meu último post a respeito da nossa chegada em Santiago, você sabe que o dia seguinte permanecemos em Santiago para conhecer a cidade um pouco melhor e que no dia 9 de junho eu decidi continuar o pedal de Santiago até Fisterra. Este foi efetivamente o 16o. dia  de peregrinação e fiz esta etapa de 94,45 Km de Santiago a Fisterra em 8h e 43 min, dos quais 5h e 53 foram em movimento.

Neste post vou escrever não apenas sobre este dia, mas sobre os 3 dias seguintes também. No dia 10 de Junho retornei a Santiago e passeie um pouco mais na cidade e nos dias 11 e 12 de Junho retornamos para Saint Jean / Pamplona e para a Inglaterra respectivamente.

Dia 16: De Santiago de Compostela para Fisterra / Finisterre de bicicleta

Albergue Fin del Camino, Santiago de Compostela
Albergue Fin del Camino, Santiago de Compostela

Como eu estava indo para Fisterra por apenas 1 dia, eu usei apenas 1 dos alforjes para levar comigo apenas o essencial. Isso incluiu o saco de dormir, uma muda de roupa, havaianas, itens de higiene pessoal e a parafernália eletrônica para gravar e tirar as fotos. Foi muito útil ter a minha disposição o grande armário de metal no albergue e como Fernando havia decidido ficar em Santiago ele podia dar uma olhada nos poucos itens que não couberam no armário.

Se você decidir estender sua peregrinação de bicicleta até Fisterra essa é uma ótima opção, mas se você estiver caminhando a caminhada provavelmente vai durar 3 dias e não sei se é uma boa ideia deixar suas coisas no Albergue. Se você estiver caminhando você provavelmente vai precisar levar tudo consigo de qualquer maneira, pois estará em caminho por mais tempo.

Deixei o albergue pouco depois das 8 da manhã e cruzei pelo centro de Santiago para tentar capturar mais umas fotos da catedral. Me perdi um pouco, pois apesar de ter caminhado bastante pelo centro no dia anterior, ainda tinha sido o suficiente para me familiarizar com as pequenas ruas do centro que as vezes parecem ser muito parecidas umas com as outras.

Novamente eu usei Google Maps para me guiar até Fisterra e como já mencionei antes, essa tecnologia não é 100% garantida, especialmente pelo fato que na Espanha as rotas ciclísticas ainda não estão disponíveis no Google Maps, por isso eu usei as rotas dos andarilhos. Não quis usar a rota sugerida para automóveis com receio que o Google Maps me guiaria para uma autoestrada ou uma estrada muito movimentada.

Achar o caminho para sair de Santiago foi fácil, apesar de existirem bem menos indicações do que para se chegar em Santiago. Pouco antes de entrar na AC-453, que era a principal estrada para sair da cidade, eu parei em um Café para tomar café da manhã, pois não havia comido nada ao deixar o albergue. Depois do café pedalei uns 4 Km na AC-453 até chegar em uma rotatória cerca de 1 Km depois de Roxos, onde eu virei a direta no sentido de Portela de Villestro e Ventosa. Um fato estranho que percebo ao olhar o percurso agora é que na rotatória a estrada se dividia, mas ambos lados continuarem sendo chamados AC-453. Não entendo bem o sistema de nomeação de estradas na Espanha.

Se você decidir pegar a mesma rota que eu, uns 2 Km depois de Ventosa, prepare-se para algumas subidas que com uma bicicleta carregada podem ser meio desafiantes. Como eu estava consideravelmente mais leve, eu consegui subir sem precisar empurrar, se bem que bem devagar.

Rio Tambre
Rio Tambre
Vista do rio Tambre a partir da ponte.
Vista do rio Tambre a partir da ponte.

Depois de Augapesada você vai cruzar por uns trechos de florestas em ambos os lados da estrada. O Google Maps sequer mostra o nome dessas estradinhas, mas apesar de serem pequenas e um pouco estreitas o asfalto é bom. A próxima pequena cidade no caminho é Negreira, mas antes de chegar lá você vai cruzar por pequenas vilas como Castiñeiro do Lobo, Carballo e vai cruzar também sobre o rio Tambre em uma bonita ponte de pedra que te fornecera algumas oportunidades de tirar umas fotos legais. Pouco antes da ponte havia um restaurante que eu gostaria de ter parado por uns instantes, mas ele estava fechado quando eu cheguei. Depois de cruzar o rio você também vai passar na vila de Barca antes de chegar a Negreira.

Eu parei apenas por alguns minutos em Negreira para pedir informações e para conversar com um grupo de ciclistas portugueses que também estavam pedalando para Fisterra. A cidade parece ter uma boa infraestrutura e talvez seja uma boa opção se você está caminhando para Fisterra e consegue fazer em 1 dia os 24 Km do albergue em Santiago até lá.

Muralhas da cidade de Negreira.
Muralhas da cidade de Negreira.

Depois de Negreira a densidade populacional parece diminuir e a distância entre os vilarejos parece aumentar, mas isso pode ter sido apenas impressão minha. O Google me guiou para a DP-5603 na direção de Zas. Depois de uns 10 Km na DP-5603, uns 3 Km depois da vila de A Pena, o Google me instruiu a deixar a estrada e pegar umas estradinhas vicinais, que apesar de bem estreitas tinham um bom asfalto. Admito que fiquei meio com o pé atrás de sair da estrada principal, mas eu segui as instruções do Google Maps mesmo assim, até uns 3 Km depois quando perdi o sinal de celular. Felizmente o Google havia armazenado informações suficientes no telefone que me permitiram ter uma ida sobre a direção a tomar, mas olhando para o mapa agora, enquanto escrevo estas linhas, observo que havia um caminho um pouco mais curto, através do vilarejo de Vilaserio, para se chegar ao vilarejo de Pesadoira. O caminho que eu tomei tinha bastante subida e muitas curvas.

As letras são formadas de plantas vivas (grama, eu acho)
As letras são formadas de plantas vivas (grama, eu acho)

Pouco antes de chegar em Pesadoira consegui algumas informações de dois fazendeiros e segui adiante para Cuíña, San Fins de Eirón e Corveira antes de retornar a uma estrada principal, a AC-400. Com apenas 1 Km na AC-400 o Google já me mandava sair da estrada novamente, mas por sorte consegui pegar informações com um amável fazendeiro que estava em cima do seu trator. Ele desligou o motor, desceu do trator e veio conversar comigo. Batemos um bom papo de quase 5 min e ele me aconselhou a não seguir as sugestões do Google e continuar na AC-400 até Pino do Val. Eu opto por informações de nativos na maioria das vezes, mas nem sempre. Neste caso a recomendação estava correta, pois apesar do caminho na AC-400 ser bem mais longo, ele era plano e evitava subir uns morros bem altos. Foi a opção mais rápida e menos cansativa, apesar da distância maior. Em Pino do Val dobrei a direita na rotatória e peguei a DP-3404 na direção de A Picota e Mazaricos, na qual eu fiquei até pouco depois do vilarejo de Hospital. Antes de chegar a Hospital eu parei por uns 25 min no vilarejo de Olveiroa para tomar um suco de laranja feito na hora e comer uma banana. Olveiroa tem um albergue legal e parece ser um bom local para dormir se você está caminhando para Fisterra.

Depois de Hospital virei à esquerda e peguei a DP-2302 que me levou até a cidade de Cee. Existem várias pequenas vilas no caminho e alguns bons lugares para dar uma descansada se você quiser, como restaurantes de beira de estrada, etc.

Cidadde de Cee. Encontro com o mar.
Cidadde de Cee. Encontro com o mar.

Cee é a próxima cidade e onde você vai encontrar o mar pela primeira vez. Ela é bem colada em Corcubión e eu não sei onde uma cidade termina e a outra começa.

Cidadde de Cee. Encontro com o mar.
Lindas vistas para o mar ao longo do caminho.

Depois de Corcubión prepare-se para 3 Km de subida até alcançar a praia de Sardiñeiro de Abaixo. Pouco antes de Sardiñeiro existe uma área de camping que também pode ser uma boa opção para dormir e ela fica bem em frente à praia de Estorde, onde você também encontrará restaurantes para jantar. Depois de Sardiñeiro você vai basicamente seguir pela linha costeira e vai ter ótimas oportunidades de tirar boas fotos do mar.

Chegada em Fisterra
Chegada em Fisterra

O Google Maps indica que pouco antes de Fisterra existe um vilarejo chamado Escaselas, mas como ele parece ser colado com Fisterra eu achei que já havia chegado aos subúrbios da cidade.

Ao chegar em Fisterra dei um giro pela área do porto. A rua que você vai chegar em Fisterra termina bem em frente ao albergue municipal, mas de alguma forma eu não vi a placa. Depois de pegar informações com pessoas locais foi fácil achar o albergue. Fiz o “check-in” e recebi meu certificado de ter completado o caminho Jacobeo ao longo da assim chamada costa da morte.

Albergue Municipal em Fisterra
Albergue Municipal em Fisterra


Assim como muitos outros antes, o Albergue em Fisterra é simples, mas mais que suficiente. Não havia sinal de Wi-Fi no quarto onde fiquei, no andar superior do prédio. O quarto tinha algo como 5 ou 6 beliches. O Albergue municipal custou €6 e tem 36 camas. Ele conta com uma cozinha e lavanderia.

Pequena praia na cidade de Fisterra. o Castelo de San Carlos castle ao fundo, hoje um museu da pesca.
Pequena praia na cidade de Fisterra. o Castelo de San Carlos castle ao fundo, hoje um museu da pesca.

Tomei um banho e dei uma saída a pé para encontrar um local para jantar. Depois da janta caminhei um pouco pela cidade e voltei para o Albergue. Decidi não caminhar (ou pedalar) até o farol do cabo Fisterra, uns 3 Km da cidade, pois honestamente as variações climáticas do dia me enfraqueceram. Conforme a tradição, muitos peregrinos vão para o farol ao cair da tarde  para queimar uma peça de roupa ou um artigo que trouxeram consigo de sua origem para simbolizar a queima das preocupações deixadas para trás e o recomeço de uma nova vida.

Assim termina aqui a narrativa desse dia de pedal para Fisterra. Fui cedo para cama pois queria pegar o primeiro ônibus (por volta das 8:00h) de volta para Santiago para ter tempo de passear por lá um pouco e talvez assistir à missa do Botafumeiro.

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Album de fotos do dia 16 (Flicker)

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Dia 17: Retorno de Fisterra para Santiago de Ônibus, passeio pela cidade e a missa da Botafumeiro.

Parque Alameda em Santiago
Parque Alameda em Santiago


Eu consegui pegar o primeiro ônibus de volta para Santiago e consegui também colocar minha bike no bagageiro do Ônibus sem precisar desmonta-la, apesar que, depois descobri que os outros passageiros simplesmente jogaram suas bagagens em cima da bike, o que não foi legal. Para ser correto, entretanto, devo admitir que a bike tomou um monte de espaço no bagageiro, por isso não posso reclamar. Felizmente não houve estrago nenhum na bike.

Não, elas não são reais...
Não, elas não são reais…

Como eu consegui pegar o “direto”, que para em menos lugares, cheguei em Santiago antes das 10:00h o que me deu a oportunidade de pedalar um pouco pela cidade e ver algumas áreas que eu tinha visto apenas de longe nos dias anteriores, como o Parque Alameda no centro, cheio de oportunidades fotográficas para serem clicadas.

Uma vez que o Albergue Fin del Camino não abre até as 11:00h programei meu passeio de maneira a chegar no albergue por volta do horário de abertura.

A famosa missa do Botafumeiro na catedral de Santiago de Compostela."
A famosa missa do Botafumeiro na catedral de Santiago de Compostela.”

Ao chegar, tomei um banho, troquei de roupa e voltei caminhando ao centro da cidade para assistir à missa. Fernando havia feito alguns novos amigos no albergue e havia decidido ir com eles de Ônibus para Muxia. Quando cheguei na catedral a missa já havia iniciado, mas ainda em tempo de assistir ao Botafumeiro.

Depois da missa fui novamente caminhar pelo centro e fazer umas comprinhas (lembranças para família e amigos). Fiquei 3h caminhando e voltei para o Albergue no final da tarde. No dia seguinte tinha que acordar cedo para ir ao aeroporto pegar o carro de aluguel que havíamos reservado a partir da Inglaterra, por isso as 22:00h eu já estava na cama. Foi um dia de pouco pedal, mas de muita caminhada, por isso eu estava bem cansado.

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Album de fotos do dia 17 (Flickr)

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Dia 18: Retorno a Saint Jean Pied de Port e Pamplona.

Aeroporto Internacional de Santiago de Compostela.
Aeroporto Internacional de Santiago de Compostela.

No dia seguinte levantei da cama por volta das 7:00h, pois tinha que estar no Aeroporto as 9:00h para pegar o carro de aluguel na Hertz Rental. Existe um ônibus que passa na avenida N-634 (a avenida a 2 quadras do albergue, ao lado do shopping center) que vai direto ao aeroporto e o ponto de ônibus é bem em frente à igreja de San Lazaro, menos de 10 min caminhando a partir do Albergue. A viagem de ônibus até o aeroporto dura por volta volta de 25 min. Para aqueles que deixam Santiago de avião esta também é uma boa dica.

Ao chegar no aeroporto havia já uma pequena fila no balcão da Hertz, mas fiquei muito feliz em receber um “upgrade” grátis para um carro maior (um Renault Megane), o que significou que foi mais fácil carregar as bikes no carro e que tínhamos mais espaço para as pernas também. Estou ciente que muitos peregrinos, assim como nós, precisam voltar para Santiago. Alugar um carro não é a opção mais barata se você está fazendo a peregrinação sozinho, mas se você estiver em um grupo de no mínimo 2 pessoas os custos já começam a se equipar com os custos das passagens de trens e ônibus.

Antes de sair da Inglaterra, minha pesquisa pela internet indicou que o preço da passagem de trem de Santiago para Pamplona seria de aprox. €40 para cada um (€80 para nós dois), não levando em consideração possíveis adicionais por causa das bicicletas. A viagem de trem dura, aparentemente, 9h e teríamos que pegar no dia seguinte um ônibus de Pamplona para Saint Jean cujo tíquete, segundo minha pesquisa, custa por volta de €20 para cada um, sem contar possíveis adicionais pelas bicicletas. Portanto, eu calculei que o custo estimado para nós dois retornarmos de trem e ônibus para Saint Jean seria por volta de €130. Como nós pagamos £80 pelo aluguel do carro e mais €45 de combustível o custo total do retorno de carro foi por volta de €150. Na minha humilde opinião, o conforto de poder partir quando quiséssemos e pegar a rota que quiséssemos, agregado a maravilhosa vista do litoral norte da Espanha, valeu os estimados €20 de diferença.

Pontes altas ao longo do caminho.
Pontes altas ao longo do caminho.

Ao retornar de carro para o albergue, carregamos as bikes e a bagagem e antes de pegarmos a estrada paramos em um café perto do albergue para tomar café da manhã. Decidimos pegar a rota do Norte e dirigimos na autoestrada AP-9, também conhecida como Autopista del Atlántico, até A Coruña e continuamos pelo norte na direção de O Ferrol seguindo a rota da costa em estradas e autoestradas pelas cidades de Oviedo, Santander e Bilbao.

Se você gosta de dirigir, eu recomendo muito esse roteiro. As grandes pontes sobre vales, as vistas do mar e os inúmeros tuneis fazem desta rota uma atração em si própria. Existem alguns pedágios no caminho (consigo lembrar de pelo menos 1 junto a entrada de um túnel em Bilbao), mas os preços não são nada parecidos com os ridículos valores praticados na França (algo por volta de €1,30 ou €2). Antes mesmo de sair da Inglaterra, eu estava bastante entusiasmado para dirigir por essa rota no norte da Espanha e não fiquei desapontado.


20150611_140046A viagem de volta a Saint Jean durou por volta de 8h a ao chegarmos em Saint Jean meu carro estava exatamente como o havíamos deixado 3 semanas antes. Transferimos as bikes e bagagens do carro de aluguel para meu carro e enquanto eu dirigi o carro de aluguel, Fernando dirigiu meu carro para Pamplona, pois era no Aeroporto de Pamplona que tínhamos que retornar o carro de aluguel.

Passe Roncevaux (Ibañeta) a 1057m. 6h de bicicleta, 20 min de carro.
Passe Roncevaux (Ibañeta) a 1057m. 6h de bicicleta, 20 min de carro.

A pequena viagem de Saint Jean para Pamplona foi muito interessante também, pois fizemos de carro praticamente o mesmo caminho que havíamos feito de bike 3 semanas antes. Levou apenas uns poucos minutos para chegarmos no Passe Roncevaux (Ibañeta) a 1057m acima do nível do mar, enquanto que 3 semanas antes levamos mais de 6h para chegar lá de bike. Isso me fez pensar como é fácil se deixar corromper pelos confortos da vida moderna.

Uma vez que eu havia programado meu TomTom para nos guiar para o aeroporto em Pamplona, depois de Roncesvalles ele nos fez sair da estrada principal e pegar estradas secundarias e eu tenho a impressão que o caminho pelo qual ele nos levou não foi o mais rápido. Acredite se quiser, só precisei abastecer o carro de aluguel a menos de 15 Km de Pamplona, o que significa que ele fez mais de 900 Km com um tanque apenas, o que eu achei uma média muito boa.

Chegarmos ao aeroporto em Pamplona por volta das 20:00h e já não havia mais ninguém no guichê da Hertz. Joguei a chave na caixa de “out-of-hours” e partimos para o centro da cidade para encontrar o local onde iriamos pernoitar nessa noite e que já havíamos reservado de Santiago. Não foi difícil encontrar.

Muralhas da Citadela, Pamplona (fotos de celular).
Muralhas da Citadela, Pamplona (fotos de celular).

Não sei se foi a excitação de um dia inteiro no volante, mas ao contrário do Fernando eu estava super acordado e sem sono nenhum. Tomei um banho e sai para caminhar pela cidade e procurar algo para comer. Não deu para ver muito de Pamplona nas 2h que passei caminhando, mas o que vi gostei muito. Pamplona,  fundada pelos Romanos entre 75-74 BC, parece ser uma cidade que conseguiu encontrar uma perfeita harmonia entre sua antiga história, através da sua era de cidade fortaleza, cujo principal exemplo é sua cidadela, até sua modernização. Gostei muito de suas largas avenidas e das áreas verdes que passei a caminho do centro da cidade. Definitivamente um lugar que eu gostaria de voltar com mais tempo se eu tiver uma oportunidade futura.

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Album de fotos do dia 18 (Flickr)

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Dia 19: Retorno de Pamplona para Bracknell, Reino Unido.

Ao deixar Pamplona.
Ao deixar Pamplona.

A viagem neste dia não foi tão interessante quanto no dia anterior. De fato, foi bem chata, por isso não vou me prolongar na descrição desse dia. Nós tentamos evitar as autoestradas na França, devido ao alto custo dos pedágios, mas as estradas vicinais estavam nos atrasando tanto (estradas estreitas, trafego intenso) que passamos a ficar preocupados em não chegar em Calais a tempo de pegar o Eurotúnel de volta para Inglaterra. Depois de já dirigir por várias horas havíamos coberto apenas aprox. 20% da distância, por isso desistimos do nosso plano e resolvemos voltar para as autoestradas e para os pedágios.

O interior da França também é lindo, mas estavamos cansados de tanto dirigir.
O interior da França também é lindo, mas estavamos cansados de tanto dirigir.

Sem dúvida, haviam lindas cenas rurais para serem apreciadas ao longo do caminho que tomamos na França, mas eu acho que já estávamos meio cansados com toda a viagem e queríamos apenas chegar em casa. Tivemos sorte ao chegar em Calais e sermos alocados para embarcar no próximo trem através do túnel, pois a nossa reserva era para um trem 3h depois. Isto significou que por volta das 23:00h já estávamos novamente em solo Inglês e adivinhem só? Uns 20 min depois de desembarcarmos começou a chover torrencialmente. Um típico clima de boas-vindas a Inglaterra.

Por volta da meia noite chegamos na minha casa. Fernando deixou sua bicicleta aqui, transferiu apenas a bagagem para seu carro e foi para casa.

Isto completa os relatos de nossa peregrinação, do momento que deixamos Bracknell, na Inglaterra até o momento que retornamos.

Estou considerando estender a série com um post adicional, para resumir em uma única página toda a experiência dessas 3 semanas e também publicar uma série de entrevistas com pessoas que encontramos durante a peregrinação, assim como peregrinos que fizeram o Caminho de Santiago antes e depois de nós. Não conte com isso, entretanto, pois meu tempo anda muito limitado, mas vou fazer o possível.

Obrigado por nos acompanhar nos relatos dessa jornada. Eu estou bastante entusiasmado com a próxima aventura na Via Francigena que inicia no dia 30 de julho de 2016.

Se você nunca fez uma peregrinação antes, o que você está esperando? Se você está prestes a fazer a sua peregrinação, resumo meus sentimentos em 2 palavras que você vai escutar muito durante ela: “Buen Camino!”.

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Album de fotos do 19 (Flickr)

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Caminho de Santiago, Dia 14 (e 15): De Palas de Rei para Santiago de Compostela

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Hostel in Palas de Rei


Bem-vindo ao post sobre o 14º e último dia da nossa peregrinação de bicicleta pelo caminho de Santiago no dia 7 de junho de 2015. Completamos esta etapa de 70,75 Km de Palas de Rei para Santiago de Compostela em 8h e 22m, das quais 4h 42m foram em movimento.

A medida que eu ia escrevendo sobre este dia, decidi voltar aqui para o começo do texto para contar sobre a avalanche de emoções que é escrever sobre este dia. Não apensa a emoção de ter concluído a peregrinação do caminho de Santiago, que foi de fato a mais longa pedalada da minha vida até hoje, mas também pelo incidente que presenciamos a apenas 19 Km de Santiago.

Vou entrar em mais detalhes no texto abaixo, mas por hora quero voltar a descrição subjetiva do dia.

Partimos do albergue em Palas de Rei pouco depois das 8 da manhã e quando pedalávamos pela rua central saindo da cidade, resolvemos parar em um bar para tomar um café da manhã. Isso deu a Guy, o médico Australiano que havia pedalado conosco no dia anterior, tempo de nos alcançar e novamente pedalar um bom pedaço do dia conosco. Guy não pretendia pedalar até Santiago neste dia, pois estava seguindo um plano fornecido pela empresa de turismo que vendeu o pacote para ele e o plano indicava que ele deveria parar em Arzúa e completar a peregrinação no dia seguinte.

O dia estava lindo e ensolarado e pedalamos 15 Km por mais ou menos 1h e 45 min, passando por pequenos vilarejos como Carballal (perto de Palas de Rei), San Pedro e muitos outros (esta região do norte da Espanha parece ter uma alta densidade populacional) até chegarmos na pequena cidade de Melide, que tinha um interessante mercado de Domingo na praça em frente ao bar onde paramos para tomar um café e descansar. A pausa em Melide durou algo como 20 ou 30 min e retornamos a estrada, a N-547, que foi a única estrada que pegamos o dia inteiro e que nos levou diretamente até Santiago.

Depois de deixar Melide pedalamos outros 15 Km até chegarmos a um posto de gasolina pouco antes de Arzúa (Mãe natureza estava chamando) onde descansamos um pouco, tomamos agua e comemos umas bananas.

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Figura feita de folhas coloridas

Algumas centenas de metros depois do posto, já no centro da pequena cidade de Arzúa paramos novamente atraídos por uma celebração religiosa. Eu acredito que era Corpus Christi, pois havia uma enorme figura feita de folhas coloridas no chão próximo a igreja. Havia também um pequeno mercado com de artigos religiosas a venda e uma banda tocando. Estava uma ótima atmosfera. Como Guy ficou em Arzúa esta foi a última vez que o vimos. Deixamos Arzúa cheios de energia com toda aquela felicidade em volta e com o claro objetivo de chegar em Santiago neste dia.

Mal sabíamos que um momento triste esperava por nós mais adiante.

Depois de Arzúa nós pedalamos praticamente sem parar por 21 Km, até Pedrouzo. Os vilarejos pelos quais passamos nesse caminho foram tantos que não vale nem a pena tentar listar. A estrada é relativamente plana por isso conseguimos pedalar esses 21 Km em pouco mais de 1h e 45 min.

Pouco antes da pequena cidade de Pedrouzo, alguns metros depois de uma placa que indicava que Santiago estava a 19 Km, presenciamos algo que não estávamos esperando encontrar: A Morte!

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Corpo de uma peregrina de 67 anos atropelado por um carro ao tentar atravessar a estrada.

Existem muitas estatísticas a respeito de mortes durante a peregrinação pelo Caminho de Santiago. Além dessa senhora de 67 anos que foi atropelada por um automóvel, estava consciente de uma Americana de 41 anos que havia desaparecido desde abril (2015) até a polícia espanhola achou seu corpo próximo a cidade de Astorga. Ela havia sido assassinada por um homem ao se perder e bater em sua porta pedindo informações sobre o caminho (a polícia suspeita que esse homem estava pintando setas amarelas falsas na direção de sua casa).

Não escrevo isso para amedrontar vocês, pois estatisticamente falando o Caminho de Santiago é muito seguro e o número de mortes é muito, muito pequeno (por volta de 15 a 20 para quase 250.000 peregrinos por ano, ou 0,0006%). Tenham em mente também que a maioria das mortes ocorrem por causas naturais (ataques cardíacos, condições médicas pré-existentes, como câncer, etc.). Eu acredito que existam peregrinos que sabem que suas vidas estão se aproximando do fim e a última coisa que desejam fazer é completar a peregrinação de Santiago, mas muitos não conseguem terminar. É, de certa forma, relativamente poético morrer desta maneira.

Assim sendo, gostaria de solicitar por estas linhas uma oração, não apenas pelas 2 senhoras que morreram, conforme descrevi acima, mas por todos aqueles peregrinos que perderam suas vidas no caminho.

Por favor, não adie qualquer plano ou desejo que possas vir a ter de fazer a peregrinação por causa dos incidentes que descrevi acima. Se você deseja fazer o Caminho de Santiago e pé ou de bicicleta, tenha em mente que ele NÃO é menos seguro dos que os riscos normais do dia a dia (como atravessar uma rua movimentada, etc.), mas por causa da demanda física no corpo necessária para caminhar ou pedalar tão grande distância, carregando consigo tudo o que você vai precisar, por favor, se prepare antes. Esteja o mais saudável possível e com o corpo razoavelmente em dia (ninguém precisa penar na musculação para fazer a peregrinação). Tome cuidado consigo mesmo e durante o caminho cuide também daqueles que você suspeita possam estar tendo dificuldades durante a peregrinação.

Também se certifique que você não precisa depender somente das setas amarelas para direções. Em geral elas são muito boas e precisas e são mantidas por uma legião de voluntários cujo único interesse é ajudar aos peregrinos, entretanto relatos de setas falsas são relativamente comuns e na sua grande maioria pintadas com interesses comerciais em mente, por proprietários de restaurantes ou pousadas que desejam atrair peregrinos para seus estabelecimentos.

Depois de passado o choque inicial, houve aqueles que não desejavam mais seguir para Santiago nesse dia e ficar em Pedrouzo mesmo, para continuar no dia seguinte. Esse incidente conseguiu até gerar uma certa discórdia dentre alguns de nós, mas graças a Deus continuamos pelo caminho. Para mim, pessoalmente, não há nada como uma pedalada para espairecer, pensar e limpar a mente de preocupações. Cinco quilômetros depois nos aproximávamos do aeroporto internacional de Santiago e encontramos um pequeno grupo de ciclistas que, como nós, também faziam o caminho de bicicleta. Um deles estava com a corrente da bicicleta rompida. Tentamos ajudar, mas infelizmente não fomos bem sucedidos e suponho que eles tiveram que fazer o resto do caminho empurrando suas bicicletas, pois era Domingo e presumo que todas as lojas de bicicletas estavam fechadas.

IMAG1506A medida que nos aproximávamos de Santiago as emoções tomavam conta. Santiagoé o destino final parta a maioria dos peregrinos do Caminho de Santiago. Eu estava decidido em estender minha peregrinação até Finisterre, pois eu sabia que teria tempo suficiente para tanto, mas Fernando, Marcelo e Alice terminaram suas peregrinações aqui. Naquele ponto já havíamos pedalado mais de 820 Km e com apenas 3 Km da catedral de Santiago, Marcelo teve azar e o pneu traseiro furou. Nenhum de nós tinha uma câmara de ar que servisse no pneu aro 29 da bicicleta dele e o selante spray que eu havia trazido também não resolveu (cheguei à conclusão que essas coisas são uma perda de tempo e dinheiro), desta forma tivemos que reparar a câmara da maneira antiga mesmo, com um remendo de borracha e cola. Não ficou perfeito, pois na ânsia de chegar nós provavelmente não esperamos tempo suficiente para a cola fazer efeito, mas ficou bom o suficiente para que Marcelo conseguisse pedalar o resto do caminho.

A pequena pedalada daquele ponto para a catedral foi para mim uma mistura de excitação e apreensão. Sabe aquele sentimento de quando você está prestes a terminar uma longa jornada e está feliz por ter chegado ao destino, mas ao mesmo tempo você deseja que não termine nunca? Pois é, mais ou menos assim.

Santiago é uma antiga cidade medieval e as ruas estreitas do centro da cidade são meio confusas e um pouco difíceis de navegar, mas pedíamos informações constantemente e conseguimos chegar a catedral relativamente rápido. 20150607_180543A chegada na praça da catedral foi um momento inesquecível. Eu sei que isto é algo que centenas de milhares de pessoas fazem todos os anos e que milhões o fizeram durante os séculos, ainda assim, temos neste momento 7 bilhões de habitantes neste planeta e sabe-se lá quantos já viveram desde os tempos de Santiago. Por isso, quando tu fazes essas contas o sentimento de ter concluído essa peregrinação é bem especial mesmo assim, pois é algo que a maioria das pessoas nesse planeta não terão a oportunidade (ou o desejo) de experimentar. Tiramos fotos e aproveitamos o momento antes de deixarmos a praça da catedral para procurar o escritório do peregrino, onde o certificado de Compostela é emitido pela igreja Católica aos peregrinos, mediante a apresentação do passaporte do peregrino todo carimbado. Por sorte a fila não estava muito grande e tivemos que esperar menos de 30 min para conseguirmos os nossos certificados. Novamente, tempo de tirar fotografias dos certificados para compartilha-los com orgulho pela internet.

Deixamos o escritório do peregrino e fomos ao centro de informações turísticas da cidade que ficava a apenas alguns metros na mesma rua.

Acomodação em Santiago é bem cara em comparação a outros lugares, cidades e vilarejos pelos quais passamos ao longo do Caminho.

O albergue particular mais barato que encontramos no centro da cidade exigiu 22 € para cada cama em um pequeno quarto com 2 beliches (4 camas). No prédio haviam 2 banheiros / toaletes que eram OK, mas nada excepcional em termos de limpeza e funcionalidade (leia as notas do dia 15 abaixo para mais recomendações sobre hospedagem em Santiago). Em grande contraste com o albergue de “5 estrelas” que permanecemos em El Acebo e considerando que Santiago é o destino de todos os peregrinos do caminho, o volume de negócios deveria justificar um aumento na oferta de camas, na minha opinião. Novamente a face feia do Status Quo se mostrando, onde o dinheiro e interesse comercial prevalece sobre tudo mais. Sim, eu entendo porque as coisas são assim, mas isso não significa que deva concordar com elas.

Depois de uma ducha e um pouco de descanso deixamos o albergue para procurar um local para jantar. Não existe falta de restaurantes e lugares para comer em Santiago e a cidade parece estar bem viva até altas horas da noite, até mesmo durante os fins de semana (esse dia era um Domingo). Depois de um delicioso jantar, acompanhado de bastante vinho, caminhamos pelas ruas de Santiago e tiramos várias fotografias noturnas de sua magnifica catedral.

Day 14, Camino de Santiago, 7th June 2015
Clique na imagem para ver todas outras 110 fotos no album do Flickr.

Foi um final de dia perfeito, para um dia cheio de contrastes em termos de emoções. Até mesmo a tristeza de ter presenciado um acidente fatal pode ser vista de maneira positiva, pois nos lembrou da nossa própria mortalidade e reforçou em nós a certeza de quanto cada momento nas nossas vidas físicas é precioso, porque nunca sabemos quando será o último.

Assim sendo gostaria de deixar aqui abaixo a letra traduzida da música que escolhi para tema dos vídeos deste dia de peregrinação como umas das últimas palavras desta parte do artigo.

Não quero ter medo

é difícil não hesitar

Mas nós não podemos mais esperar

Para sermos a mudança que queremos

É apenas uma caminhada

Veja! Não te prejudica em nada

Dessa forma, encontre um instante

Para ver esta verdade

 —

Não é tarde demais

Livre de ódio

Pense no futuro que poderíamos criar

 —

Encare os fatos hoje

Existe uma maneira melhor

Não é tarde demais

Pense no futuro que poderíamos criar

 —

Encare os fatos hoje

 —

Existe uma maneira melhor

 —

Dê um passo para trás e diga

 —

Existe uma maneira melhor

 —

Como uma arvore

 Enraizada em Paz

Em Paz, Em Paz, Em Paz, Em Paz, Em Paz.

There is a better”, por LoveShadow

Este foi o 14º e último dia de nossa peregrinação de bicicleta pelo caminho de Santiago, mas eu acredito que as experiências do dia seguinte são relevantes para aqueles que estão lendo este texto, pois foi o dia em que mudamos de albergue.

Eu também pretendo escrever sobre minha pedalada de Santiago de Compostela até Finisterre (Fisterra) e talvez mais um post para resumir todas as experiências e prover alguns recursos adicionais para aqueles que podem estar pensando em fazer esta peregrinação (é dito que a peregrinação começa no momento que você a decide fazer).

Dia 15: Em Santiago, sem pedalar.

Decidi escrever algumas notas sobre o 15º dia em Santiago pois acredito que elas podem ser úteis àqueles que porventura decidam fazer a peregrinação.

A primeira coisa que fizemos neste dia foi mudar de albergues. Marcelo e Alice tinham coisas para resolver, como a remessa das bicicletas de volta para o Brasil e também decidiram ficar em um hotel, portanto este foi o último dia que os vimos.

Depois de pesquisar um pouco decidimos ficar em um albergue mantido por uma organização sem fins comerciais, o Albergue Fin del Camino (clique aqui para um pôster do albergue em Espanhol). Ele está situado na Rúa de Moscova (Rua de Moscou) bem perto do maior Shopping Center de Santiago, o “As Cancelas“. Apesar do Albergue não estar localizado no centro da cidade, ele não está longe. Mais ou menos um 25 min caminhando ou 10 min de ônibus.. O preço da cama por noite é 8€ e o albergue foi recentemente renovado, portanto tudo está bem novinho e limpinho.

O Albergue dispõe de 110 camas que se encontro em grandes dormitórios com até 10 beliches (20 camas) em cada. Incluído no preço, você recebe um lençol bem simples com elástico nas bordas. Os colchões são confortáveis e os beliches bem robustos. Outra grande vantagem desse Albergue, que o diferencia de muitos outros, é que você pode permanecer pelo tempo que quiser (desde que tenha o passaporte de peregrino), o que é muito útil se você planejou uns dias extras na viagem e chegou em Santiago mais cedo do que esperava. Cada peregrino tem a sua disposição um grande armário de metal, mas é necessário deixar um deposito de 5 € pela chave, que é devolvido quando você retorna a chave.

Os links acima provem mais detalhes sobre este albergue (cozinha, lavanderia, etc.), mas eu gostaria de deixar aqui a recomendação que se você está fazendo a peregrinação com pouco dinheiro, ou seja, está procurando pelo melhor custo benefício em termos de albergues de peregrinos, esta é provavelmente a melhor opção (alguns peregrinos decidem se presentear com um pouco de conforto ao final da peregrinação, o que é perfeitamente compreensível). Outra coisa importante sobre este albergue é que ele fica praticamente no caminho que os peregrinos tomam para chegar ao centro da cidade, a N-634. Ele está de fato a apenas 2 quadras dessa rua. O problema é que não existem placas em lugar algum indicando para o Albergue e ele é meio “escondido”, por isso não é muito fácil encontra-lo. Se você decidir ficar neste albergue minha recomendação é que assim que você se aproximar das primeiras placas indicando o Shopping As Cancelas, procure pelo Albergue ou use estas coordenadas no Google para encontra-lo. Eu também destaquei no vídeo que fiz sobre os momentos do dia a direção para o Albergue. Você pode deixar sua mochila ou bagagem no Albergue e prosseguir para a catedral sem precisar carregar peso, mas não se esqueça de levar seu passaporte de peregrino e outros documentos consigo. Tenha em mente que o albergue abre apenas as 11:30 da manhã, portanto se você chegar em Santiago muito cedo esta pode não ser a melhor opção para você, a menos que você decida ficar esperando até o Albergue abrir ou “matar tempo” no Shopping Center.

Depois que nos acertamos na nova “casa” pelos próximos dias, Fernando e eu caminhamos para o centro da cidade e por acaso encontramos com a Paula, que havíamos conhecido no começo da peregrinação e pedalado juntos nos dias 2, 3 e 4 (que mundo pequeno, não?).

Neste dia também riscamos mais um ritual do Caminho de Santiago da lista: Abraçar por trás a estátua de ouro de Santiago. Este parece ser o gesto simbólico que conclui a peregrinação. Infelizmente fotografia é proibida, talvez pelo alto valor das gemas preciosas encravadas na estátua.

Nós não presenciamos neste dia o evento do Botafumeiro, mas eu presenciei ele depois do meu retorno de Finisterre e vou escrever a respeito no próximo post.

Fiquem à vontade para navegar pelas fotos deste dia no álbum de fotos do Flickr. Se você gostou deste post, por favor, indique assim clicando nas 5 estrelas abaixo, compartilhe no Facebook, Twitter, etc. e deixe comentários. Se tiver perguntas, simplesmente me mande uma mensagem através do formulário de contato na página.

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Caminho de Santiago, Dia 13: De Sarria para Palas de Rei

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Pinturas de parede na Igraje de Santa Maria, Sarria.

Bem-vindo ao post sobre o 13o. dia da nossa peregrinação de bicicleta pelo caminho de Santiago no dia 6 de junho de 2015. Completamos esta etapa de 50.57 Km de Sarria para Palas de Rei em 7h e 58m, das quais 4h 2m foram em movimento.

Este foi um belo dia de pedal na companhia de novos e velhos amigos. Marcelo, Alice e eu deixamos o albergue em Sarria por volta das 8:30 da manhã a procura de algum local para tomar café da manhã ao longo do caminho para sair da cidade. Estávamos empurrando nossas bicicletas na “Rúa Maior” e passamos ao lado de um café / restaurante chamado “La Taza Magica” (a Taça Magica) e decidimos ficar ali para o café da manhã. Fernando chegou uns 15 minutos depois vindo de Samos, onde ele havia pernoitado na noite anterior.

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Dr Guy Heron tirando uma selfie de estrada

Depois do nosso delicioso café da manhã, subimos nas bikes, mas paramos logo em seguida em um mercado popular onde Fernando comprou uma caixa de cerejas por apenas € 3,00.

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Ponte sobre o reservatório de Belesar, próximo a Portomarín.
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Transferindo a foto para a pagina do Facebook

Ao deixarmos a cidade, enquanto investigávamos o melhor caminho para sair dela, encontramos com Guy, um médico de Sydney, Austrália, que também estava fazendo o Caminho de Santiago de bicicleta desde Saint Jean.Eu entendi que Guy havia comprado um “pacote ciclístico” na Austrália o qual já incluía todas as acomodações, bem como a transferência da bagagem de uma cidade para outra ao longo do Caminho. Só o que ele precisava fazer era seguir o roteiro fornecido pela empresa de turismo. Estou mencionando isso aqui pois pode ser de interesse para outros peregrinos saber que tais opções existem e tornam a peregrinação ainda mais fácil. Creio que existem opções de pacotes similares para quem quer fazer o caminho a pé também.

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Cidade de Portomarín ao fundo

Bem, depois de um pouco de conversa, Guy se juntou ao nosso pequeno grupo de peregrinos fazendo com que esse grupo se tornasse o maior em que eu pedalei ao longo do caminho. Às vezes não é muito fácil pedalar em grupo, pois cada membro do grupo precisa respeitar as características e ritmos dos outros membros, mas nesse dia nosso grupo se deu muito bem. Como não estávamos com pressa, fizemos várias paradas também.

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Marcelo e Alice cruzando a ponte para Portomarín

Para falar a verdade, não há muito o que dizer sobre este dia. Mais ou menos 3/4 dos 50 Km que pedalamos neste dia foram na LU-633 (a mesma estrada que eu deveria ter pego ao chegar em O Cebreiro no dia anterior).

Depois de deixar Sarria fizemos uma pequena parada em um posto de gasolina em Paradela, que fica a uns 16 Km de Sarria e seguimos para Portomarín, uns 10 Km adiante (cerca de 26 Km de Sarria).

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Esta escadaria é tudo que restou da ponte Romana construída no século 2 e que foi destruida por Doña Urraca.

Em Portomarín fizemos uma parada mais longa para carimbar nossas credenciais de peregrino, tirar algumas fotos da igreja de San Juan (que se parece com uma fortaleza) e para comer algo juntamente com uma gelada cerveja espanhola. Portomarín é um lugar muito interessante e eu recomendaria uma parada mais longa se possível.

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A igreja de San Nicolás, construida no século 12. Da esquerda para direita, eu, Alice, Marcelo e Fernando.

Depois da nossa pequena parada em Portomarín, que durou algo como 30 min., seguimos pedalando na LU-633. Fizemos outra rápida parada em um vilarejo chamado Gonzar em um bar de beira de estrada chamado “Descanso del Peregrino”, para beber algo gelado e, entre nós 5, comemos praticamente todas as cerejas que o Fernando estava trazendo desde Sarria. Por alguns minutos se juntaram a nós também, duas peregrinas da Alemanha, que ao saberem que Guy era médico pediram alguns conselhos médicos.

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Sempre algo interessante para ver.

Uns 5 Km depois de Gonzar, em uma localidade conhecida como “O Hospital”, a LU-633 parece que acaba em uma rotatória. Cruzamos por cima da N-540 e pegamos uma pequena estrada no sentido de Ventas de Narón, cujo nome não consegui descobrir.

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Fotos das formigas típicas dessa região na Espanha. Aconselharia voce não mexer com elas.

Nesta pequena estrada cruzamos por vilarejos muito interessantes como Ligonde, Airexe, Portos (com suas esculturas de formigas gigantes), Lestedo e Os Valos. Este foi um trecho muito bonito com muitas arvores ao lado da estrada e muitas coisas interessantes para ver. Depois de Os Valos nós tomamos a N-547 até Palas de Rei que ficava apenas a 3 Km de distância.

Palas de Rei SignAo chegarmos em Palas de Rei, primeiramente fomos a um albergue chamado Albergue Buen Camino. Eu não entrei no Albergue, mas o Fernando e o Marcelo entraram e saíram um pouco decepcionados. Decidimos então pernoitar no Albergue municipal que cujo pernoite era 6 €. O albergue é bom e limpo.

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O Albergue Municipal de Palas de Rei

Uma vez que a acomodação em Palas de Rei já estava incluído como parte do pacote que Guy comprou na Austrália, ele não permaneceu no Albergue conosco, mas ele uniu-se a nós novamente no dia seguinte e pedalou junto conosco parte do nosso caminho para Santiago.

Bem, isso conclui o post sobre o 13. dia da peregrinação. Curto e grosso desta vez 🙂

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Day 13, Camino de Santiago, 6th Jun 2015
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Caminho de Santiago, Dia 12: Las Herrerías para Sarria

Albergue Las Herreíras
Albergue Las Herreíras (Hostel)

Bem-vindo ao post sobre o 12o. dia da minha peregrinação de bicicleta pelo caminho de Santiago no dia 5 de junho de 2015. Completei esta etapa de 63.82 Km de Las Herrerías para Sarria em 8h e 12m, dos quais 5h 14m foram em movimento.

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Subindo a montanha entre Las Herrerías e La Faba

Devo confessar que estava temendo ter que escrever sobre esse dia, pois foi nele que cometi o maior erro de navegação de toda peregrinação. Me senti (e ainda me sinto) como um tolo por ter cometido erros tão básicos, mas se este “post” e vídeos ajudarem a prevenir com que outros cometam os mesmos erros, então terá valido a pena. Meu ego terá que aceitar o impacto 🙂 Deixei o albergue in Las Herrerías por volta das 7:30 da manhã, uns 30 min antes do que estava acostumado nos dias anteriores. Eu sabia que o dia seria pesado e cansativo por causa das montanhas a minha frente. Fernando deixou o hotel uns 40 min antes, eu acho. Ele está acostumado a acordar com as galinhas.

La Laguna Sign Zommed
Momento de decisão… La Faba ou La Laguna? Deveria ter ido por La Laguna, mas fui por La Faba.

Cheio de energia e disposição comecei a pedalar morro acima, mas sem meu navegador ao meu lado para indicar o caminho (meu senso de direção deixa muito a desejar), não demorou muito para eu cometer o primeiro erro. Quando cheguei a uma encruzilhada e tive que decidir se continuava na pequena estrada que vinha pedalando (a CV-125/1) na direção de La Faba ou se pegava outra pequena estrada na direção de Laguna (a CV-125/15), decidi continuar no sentido de La Faba (não havia nenhuma seta amarela indicando qual caminho seguir).

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Voce conseguiria pedalar morro acima aqui com uma bicicleta de touring carregada?
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Apenas um dos muitos obstaculos que o peregino de bicicleta tem que sobrepor entre La Faba e La Laguna.

Devo acrescentar que este erro diz respeito apenas aqueles peregrinos que estão fazendo a peregrinação de bicicleta. O caminho que eu tomei foi essencialmente o mesmo que os peregrinos a pé tomam, o qual, após passar pelo vilarejo de La Faba é totalmente inadequado para a maioria dos ciclistas (ou Bicigrinos, como alguns os chamam). É uma trilha de 4 Km morro acima cheia de pedras e obstáculos. Eu acho que até mesmo aqueles que vão a pé, com uma pesada mochila nas costas, devem sentir muita dificuldade neste trecho, que dirá aqueles que se metem a fazê-lo de bicicleta. Para todos aqueles lendo este artigo e planejando fazerem a peregrinação de bicicleta, façam a vocês próprios um favor e peguem a pequena estrada para La Laguna. Ela é uns 2 Km mais longa, mas vale a pena, acreditem.

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A materia marrom deixada pelos cavalos ao longo deste trecho e as “megaziliões” de moscas em torno deles

A pior parte desses 4 Km na verdade não foi nem ter que empurrar a bicicleta morro acima. Foi a enorme quantidade de moscas devido à grande quantidade de bosta de cavalo no caminho. Em Las Herrerías é possível se alugar cavalos para carregar as mochilas e outras cargas (não é uma chantagem uma vez que o peregrino sobe o Cebreiro a pé de qualquer forma… os cavalos apenas levem a carga). Obvio que os cavalos deixam “traços” para trás. Cheguei em La Laguna com um sentimento de vitória, mas estava realmente cansado de empurrar a bicicleta por 4 Km e por isso foi também uma subida demorada. Tao devagar, de fato, que naquele ponto alguns peregrinos que estavam a pé e que haviam deixado o albergue depois de mim me alcançaram em La Laguna, pois eu havia parado por alguns minutos para beber um suco de laranja e comer uma banana. La Laguna, entretanto, ainda não é o topo do Cebreiro. Depois que La Laguna existem ainda uns 2 Km para se chegar ao topo e a subida foi íngreme o suficiente para me fazer desmontar da bicicleta e ter que empurra-la novamente (eu diria que em alguns trechos a inclinação é de aprox. 12%… São 150 metros de Ascenção em 2 Km).

O Cebreiro Detail Zommed
Este foi o maior erro de navegação que cometi durante toda preregrinação. Eu não vi a seta amarela.
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A vista a partir do Cebreiro é espetacular.

Finalmente ao chegar no vilarejo de O Cebreiro eu parei para admirar a paisagem e tirar algumas fotos. Assim que terminei com as fotos decidi não entrar no vilarejo (o que eu devia ter feito) e seguir adiante. Infelizmente eu não vi a seta amarela que indicava para dentro do vilarejo, o qual deve-se cruzar para pegar a estrada LU-633 na direção a Liñares. Eu continuei na pequena CV-125/1 e com toda felicidade passei a pedalar morro abaixo no sentido errado por mais de 6 Km, até um ponto em que uma senhora fez u típico gesto de “não” com os dedos. Devo confessar que naquele momento eu já estava desconfiado do caminho que havia tomado, mas sabe-la Deus quando até onde eu teria continuado não fosse aquela senhora me avisar do meu erro. Ela explicou meu erro e pacientemente me instruiu sobre a melhor maneira de voltar para o caminho.

Google Earth, Wrong and Right Way, O Cebreiro
Em AZUL o caminhei que eu tomei. Em VERMELHO o caminho que eu devia ter tomado 🙁

Anjos existem de várias maneiras e formas. Nos 6 Km que desci o morro até chegar a ela, não havia visto uma única viva alma pela estrada. Ela estava à beira da estrada, como que esperando por algo, vestida de camiseta branca e assim que me explicou o caminho certo foi embora. Todos somos anjos quando ajudamos a outras pessoas, mas para mim esse momento me tocou muito (depois, porque na hora fiquei muito puto comigo mesmo). Acreditem no que quiserem, mas para mim foi Deus que colocou aquela pessoa ali naquele momento para me avisar sobre o erro e me mandar de volta para o caminho certo. Por isso deixo aqui o meu “Muito obrigado senhor!”.

Bom, como você pode imaginar a frustração de ter que aceitar o meu erro, só foi menor pela realização que de agora teria que subir os 6 Km de volta morro acima, depois de uma manhã já bem cansativa, mas se era isso que o universo havia preparado para mim, era isso que eu tinha que fazer, e o fiz! Felizmente as instruções dadas pelo meu anjo foram claras e precisas e com algumas verificações pelo caminho não foi necessário voltar diretamente ao Cebreiro. Voltei ao caminho correto, próximo ao vilarejo de Liñares 1h e 38 min depois. Resultado do erro foi a “perda” de 2 h de viagem e a necessidade de pedalar uns 10 Km a mais nesse dia desnecessariamente, dos quais uns 8 Km foram morro acima.

Depois disso você poderia pensar que o resto do dia foi moleza… bem, não foi tão ruim, mas como passei a prestar mais atenção as setas amarelas, depois da localidade de Hospital, elas me levaram novamente a alguns trechos inadequados para bicicletas (elas têm em mente o peregrino que está a pé). Mesmo assim estes foram relativamente curtos se comparados aos que tive que fazer nestas condições pela manhã. Eu aconselharia que se você estiver pedalando neste trecho, você permaneça na estrada (LU-633) até aproximadamente 1 Km depois do vilarejo de Fonfria, onde então você pode voltar a seguir as setas amarelas se desejar, pois o caminho dos andarilhos a partir deste ponto é plano e sem maiores obstáculos e você “economizará” por volta de 2 Km em relação ao mesmo trecho no asfalto.

Se você decidir pegar o caminho dos andarilhos depois de Fonfria, conforme eu aconselho, mais ou menos 1 Km depois do vilarejo de Fillobal você terá a oportunidade de voltar a LU-633 novamente. Deste ponto em diante eu decidi que já tinha sofrido o suficiente para um dia e que iria permanecer na estrada, independentemente para onde as setas amarelas apontassem. Eu sabia que essa estrada me levaria a Samos e Sarria. Eu não sabia ao certo em qual dessas duas cidades eu me hospedaria, mas a intenção era de pedalar pelo menos até Sarria.

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No reboque que ele puxava, estava o cachorro dele.
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Monastério de Samos

Ao longo dessa estrada passei por pequenos vilarejos e cidades como Pasantes, Triacastela (onde encontrei com um peregrino em um triciclo reclinado, puxando atrás de si um trailer que continha uma caixa onde viajava seu cachorro), San Cristovo do Real, Renche, San Martiño do Real e Samos. Eu não sabia naquele momento, mas foi em Samos que o Fernando havia decidido parar naquele dia. Cheguei em Samos ainda as 2 da tarde e achei que estava muito cedo para parar e por isso decidi seguir para Sarria. Parei apenas por alguns minutos para carimbar meu passaporte de peregrino no albergue municipal se segui viagem. Adiciono aqui algumas fotos tiradas pelo Fernando, a pesar de eu próprio não tem vivenciado a cidade. De Samos para Sarria foram mais 12 Km, mas eu estava bem cansado de tanta subida neste dia, por isso decidi parar mais cedo em Sarria para descansar. No caminho a Sarria passei por pequenas vilas com nomes gauleses bem distintos, como A Ferrería, Teiguín, O Vao até chegar a Sarria por volta das 3 da tarde. Sarria é uma cidade bem desenvolvida e eu segui as setas amarelas na esperança que me levariam a um albergue.

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Pinturas ao longo do muro da igreja de Santa Marina em Sarria.

Por pura sorte, ao pedalar por uma rua da cidade passei ao lado de uma loja de souvenires e dei uma olhadinha para dentro, sem intenção de parar. Nesse momento em vi Marcelo e Alice dentro da loja. Resolvi parar para dar um “oi” e perguntar onde eles tinham a intenção de permanecer naquele dia. Eles ainda não sabiam se ficariam em Sarria ou seguiriam mais uns Km adiante, mas quando lhes falei que iria ficar ali decidiram parar também e me fazer companhia. Perto da loja de souvenires havia um albergue particular chamado Casa Peltre. Alice entrou no albergue para dar uma olhada e voltou dizendo que achava que era muito bom. O pernoite foi € 10 e o albergue é limpo e confortável com uma fascinante decoração (deem uma olhadinha no site deles para mais fotos). Maria, a “hospitaleiro” que nos recepcionou é uma pessoa super legal.

O albergue é pequeno e dispõe de apenas 22 leitos distribuídos em 3 quartos. Um grande quarto com 14 camas (6 beliches) e mais 2 quartos com 4 camas cada (2 beliches). O albergue dispõe de 2 espaçosos e muito limpos banheiros, com duchas de pressão e ótima água quente. Também dispõe de uma cozinha completa e uma área de refeições no andar de cima.

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Uma recompensa bem merecida. Marcelo, um amigo que fiz no Caminho.

Depois de um banho, o Marcelo e eu saímos para procurar algo para comer. Alice estava se sentindo muito cansada e resolveu ficar no Albergue. Achamos um restaurante de Kebabs no calçadão do rio Sarria e enchemos a barriga de Kebabs. Saímos de lá para caminhar mais um pouco por volta da cidade até encontrarmos um “tapas bar” chamado “Mesón O Tapas” e tomamos umas deliciosas cervejas espanholas bem geladas.

IMAG1456Foi um dia de emoções variadas: O aspecto físico do desafio de empurrar a bicicleta no caminho entre La Faba e o Cebreiro, as frustrações dos erros de navegação que eu cometi nesse dia, a benção de ter tido em meu caminho um anjo que me trouxe novamente ao caminho certo e a alegria de ter encontrado no final do dia bons amigos da Caminho. Com certeza o dia teria sido melhor sem os erros que eu cometi, mas daí eu não teria aprendido a errar e não teria essa oportunidade de passar a experiência para frente. Foi um dia bom, no final das contas. Bem, isso conclui o post sobre o 12. dia da peregrinação. Por favor deixe comentários, perguntas ou pelo menos indique se você gostou ou não ao clicar nas estrelas abaixo.

Day 12, Camino de Santiago, 5 Jun 2015
Clique nas setas para esquerda e direita para navegar pelas várias fotos deste slideshow —- Clique na imagem para vê-la em maior definiçao no site do Flickr.

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Caminho de Santiago, Dia 11: El Acebo de San Miguel para Las Herreiras

If there is such a thing as a "5-Star" Pilgrim's hostel, this must be it.
Se existir algo como uma albergue de peregrinos de 5 estrelas, esse aqui se qualifica.

Bem-vindo ao post sobre o 11o. dia da nossa peregrinação de bicicleta pelo caminho de Santiago no dia 4 de junho de 2015. Completamos esta etapa de 61,89 Km de El Accebo de San Miguel para Las Herrerías em 6h e 12m, dos quais 3h 58m foram em movimento.

Picture taken from the old stone bridge over the Meruelo river in Molinaseca.
Foto itrada de cima da ponte de pedra sobre o rio Meruelo em Molinaseca.

Deixei o albergue de 5 estrelas “La casa del peregrino” por volta das 8 da manhã, como de habito. Como de habito também, o Fernando já havia deixado o albergue 1 hora antes. De acordo com meu Garmin, El Acebo está situado a uma altitude de 1130m e em um período de apenas 15 min eu desci quase que 500 m de altitude e cobri mais de 10 Km de distância. A única coisa que me impediu de pedalar ainda mais rápido foram as constantes curvas fechadas na estrada, uma das quais quase me “traiu” me forçando a ir para a pista contraria da estrada. Graças a Deus não havia trafego no sentido contrário, senão poderia ter sido um problema. Em Molinaseca a altitude se nivelou e se manteve mais ou menos constante durante toda a pedalada nesse dia.

Molinaseca Stone Bridge
Ponte de Pedra em Molinaseca.

Ao chegar no vilarejo de Molinaseca, parei apenas por alguns instantes para tirar algumas fotos sobre a antiga ponte de pedra sobre o rio Meruelo, que foi construída nos tempos Romanos.

City Hall of Ponferrada
Prefeitura de Ponferrada.

A próxima cidade foi Ponferrada. Ao chegar no centro da cidade encontrei o Fernando tirando fotos. Esta cidade tem uma interessante mistura de novo com antigo e teria valido a pena se pudesse ter ficado um dia lá. Acredito que uma das maiores atrações na cidade é o antigo castelo dos templários.

Templars' Castle in Ponferrada
Castelo dos Templarios em Ponferrada.

Ele está muito bem preservado e é uma estrutura medieval muito impressionante, tendo todas as características que se pode esperar de um castelo fortificado dessa época.

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Portão principal do Castelo dos Templarios.

Fernando e eu fizemos uma parada para o café da manhã em um dos restaurantes em frente ao castelo.

Breakfast is served.
Café da Manhã.

Depois de Ponferrada, pedalamos através de pequenas cidades e vilarejos como Camponaraya, Cacabelos, Pieros e Villafranca del Bierzo, onde paramos novamente por uns 15 min para descansar um pouco e comer e beber algo.

A Wolf on a bike
Um lobo em uma bicicleta (o sobrenome dele é Wolf).
Villafranca Castle. Michael, one of our "Camino" friends can be seen riding his bicicle in this picture.
Castelo de Villafranca. É possivel ver o Michael, um dos amigos que fizemos no Caminho, pedalando nessa foto.

Villafranca del Bierzo é uma antiga cidade medieval com uma arquitetura muito interessante. Destaque para o Castelo de Villafranca, a igreja San Juan e outros prédios religiosos como o colegiado de Santa Maria e os conventos, assim como a estreita ponte sobre o rio Burbia que oferece uma bela paisagem da cidade.

Picture taken from the narrow bridge over the river Burbia.
Foto tirada a partir da ponte estreita sobre o rio Burbia.

A rota então seguiu por um caminho tortuoso, como uma serpente, na estrada N-VI que permeia a magnifica autoestrada A-6 (Autovia del Noroeste), cruzando por baixo da autoestrada várias vezes. Com muitos tuneis e grandes pontes sobre os vales abaixo, cujas pilastras de sustentação são bastante visíveis a partir da estrada que estávamos, a N-VI.

Mix of old and new in Vega de Valcarce.
Mistura de novo e antigo em Vega de Valcarce.

Esta estrada também segue ao longo do pequeno rio Valcarce que empresta seu nome a vários vilarejos e cidades ao longo do caminho. A N-VI tem uma ciclo-faixa compartilhada com pedestres e protegida por um muro de concreto. Ao pedalar por esse trecho a medida que olhava para o rio logo abaixo e a exuberante vegetação nas suas margens me veio à cabeça que as pessoas que atravessam essa região a 120 Km/h na autoestrada acima não fazem nem ideia da beleza natural que está logo abaixo deles. Este tipo de experiência só é possível em formas mais lentas de transporte, como ciclismo, ou para aqueles que fazem o caminho a pé.

Ao longo desse caminho cruzamos por vilarejos ou pequenas cidades como Pereje, Trabadelo, La Portela de Valcarce, Ambasmestas, Vega de Valcarce, Ruitelán até chegarmos em Las Herrerías onde decidimos parar.

Albergue Las Herreíras (Hostel)
Albergue Las Herreíras

Las Herrerías é um pequeno vilarejo que fica antes da subido ao “El Cebreiro”, uma das montanhas mais desafiantes do caminho. Nós também já víamos ao longe uma tempestade se formando no horizonte, por isso fazia todo o sentido parar lá. Até onde eu sei existe apenas 1 albergue de peregrinos em Las Herrerías é o nome é… Albergue Las Herrerías.

Detail in Las Herreíras.
Detalhe em Las Herreíras.

O pernoite no Albergue custou 8 € e o albergue pertence a uma jovem e agradável senhora que fala muitos idiomas (escutei ela conversando em Espanhol, Alemão, Inglês e Frances) e estritamente vegetariana. Ela oferece refeições no Albergue também, mas sem carne alguma.

Las Herreíras
Las Herreíras

Ela prepara a comida ela própria e não existe escolha (o menu é um só). Acredito que pagamos 12 € pela janta que teve sopa, um tipo de salada como prato principal e de sobremesa um pedaço de torta de cenoura que ela fez no mesmo dia. Estava delicioso, mesmo para quem, como eu, não é vegetariano. Acho que além do albergue existe apenas 1 outro local no vilarejo onde se possa fazer uma refeição.

Two Pilgrims of different species
Dois peregrinos de espécies diferentes.

O albergue tem essencialmente apenas 2 quartos na parte superior. Um grande quarto com algo como 10 beliches e um pequeno quarto separado para um par ou casal de peregrinos que custa um pouco mais (acho que 12 €). Na parte de baixo encontram-se as áreas sociais como uma pequena recepção, 2 banheiros / toaletes (limpos e com boas duchas), uma lavanderia com máquina de lavar e secar e a sala de jantar com uma mesa grande e uma pequena.

Willy is an 8 year old daschund pilgrim.
Willy é um daschund peregrino de 8 anos.

Depois de tomar um banho e lavar algumas peças de roupa a mão fui dar uma caminhada pelo vilarejo e tirei algumas fotos do riacho “Las Ramas” que passa ao longo da vila. Pouco depois veio a tempestade e um raio aparentemente deixou a vila inteira sem energia por mais de 1 hora. Gastamos o tempo conversando com os outros peregrinos de várias partes do mundo e jogando cartas. Foi uma noite muito agradável. A política “No Wi-Fi” do albergue funciona.

No Wi-FI in the Albergue
Sem Wi-FI no Albergue. “We want you to talk to each other” (Nós queremos que voces conversem uns com os outros).

As pessoas deixam seus telefones celulares de lado a passam a conversar umas com as outras.

E assim encerramos o 11o. dia de peregrinação. Por favor deixe comentários, perguntas ou pelo menos indique se você gostou ou não ao clicar nas estrelas abaixo.

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