Ride to Ryde (GPX file)
Dia 31 de Março eu pedalei da minha casa em Bracknell, distrito de Berlshire até Ryde na Ilha de Wight.
Eu já tinha planos de passar uns dias pedalando na Ilha de Wight por algum tempo. Inicialmente o plano era pegar uns dias de férias e pedir para alguém me levar a cidade portuária de Porthsmouth para não precisar deixar o carro estacionado por um longo tempo. Peguei a semana antes da Pascoa de férias porque eu sabia que na semana da Pascoa, com o recesso escolar, os preços na ilha iriam aumentar muito. Planejava sair no Domingo anterior a pascoa, mas o clima mudou para pior naquela semana, com muito vento, frio e chuva. Eu adoro pedalar, mas eu o faço por prazer em primeiro lugar e pelo desafio em segundo, por isso quando o tempo está ruim eu simplesmente não me submeto a ele (se ficar ruim durante o pedal, tudo bem).
Por sorte a previsão era que o tempo ia melhorar na Segunda ou Terça daquela semana. Com esse tempo livre consegui pensar um pouco mais sobre esse pedal e confesso que comecei a me sentir meio hipócrita por ir de carro até o litoral uma vez que ele está perfeitamente ao alcance de um dia de pedal (por volta de 90 Km). Em Inglês o verbo pedalar significa “to ride” e o nome da cidadezinha na ilha para qual eu iria me dirigir é “Ryde”. De alguma forma a expressão “Ride to Ryde” apelou para meus sentidos. Parecia fazer completo sentido pedalar até a ilha também.
Na Segunda deixei tudo pronto para sair na terça de manhã bem cedo, mas sabe como são essas coisas… bem cedo acabou virando 11 da manhã. Eu ja tinha deixado meus alforjes prontos e tudo embalado na Segunda a noite e na Terça acordei habitualmente cedo como se fosse para trabalhar, mas um número de pequenas coisas me atrapalharam a começar o pedal mais cedo. Eu também comecei a pensar em coisas que eu poderia sentir falta caso o tempo mudasse e resolvi reorganizar o conteúdo nos alforjes (foi um erro) que ja estavam cheios (depois que terminei não consegui nem achar espaço para meu sanduiche de presunto e queijo que queria comer no caminho). Eu novamente exagerei, mas as razoes que justificaram o exagero pareciam fazer sentido antes de eu sair. A primeira parte da pedalada eu ja tinha bastante familiaridade, passando pela vila de Crowthorne, depois pela pequena cidade de Sandhurst (onde fica a famosa escola militar) em direção a Farnborough (onde acontece todos os anos a famosa feira de aviação) pela ciclovia ao longo do rio Blackwater (Blackwater Valley Path). Eu recomendo essa parte do pedal para todo mundo pois é um pedal tranquilo ao longo do pequeno rio com muita vegetação e lagos dos dois lados. Muito apropriado para um pedal em família. Deve se apenas observar que a ciclovia é de chão batido por isso, por isso pode ficar meio barrenta depois de uma chuva forte.
Ao me aproximar de Farnham, o rio Blackwater corre para o norte e meu destino era sul, por isso tive que deixar a ciclovia e pegar a estrada, que inicialmente tinha bem pouco trafego de veículos, mas depois de Farnham Google Maps indicou que eu devia entrar na A325 onde o trafego era bastante intenso, não apenas de veículos de passeio, como também de caminhões. Se você for pedalar nesta estrada vicinal, seja muito cuidadoso e certifique-se que sua bike tenha espelhos retrovisores de maneira que estejas ciente dos veículos que estão vindo atrás.
A A325 não é uma estrada principal de forma que não existe muito espaço de acostamento e na maioria do tempo terás que pedalar no pavimento de rodagem e muitos veículos as vezes vem em alta velocidade. Definitivamente não é um lugar para pedalar com as crianças. O trafego se mantive intenso até o ponto onde cheguei próximo da A3, que a pesar de ser uma rodovia maior tem em parte ciclovias as suas margens.
Ao entrar na A3 eu notei que a camera estava desligada. Esqueci de ligar ela ao sair de casa e meu planejamento de criar um video mostrando o pedal inteiro foi por agua abaixo.
O video abaixo é desse ponto em diante até a chegada no Hover Port. Sao umas 3 horas e meia de pedal comprimidas em 5 minutos (fotos tiradas a cada 5 segundos).
Depois de alguns quilômetros beirando a A3, o Google Maps me instruiu a atravessar e pegar umas ruazinhas rurais bem estreitas por onde passam apenas 1 veículo por vez, mas de baixo trafego. Um dos problemas que se encontra quando se confia exclusivamente em tecnologia para navegar o caminho é a dependência de sinal de celular e acesso a internet e a menos que os map tenha sido armazenado na memória do celular (cached) você também perde a navegação. Foi exatamente isso que aconteceu nessas estradinhas rurais, quando reparei que o Google Maps não estava mais indicando o caminho e eu não sabia qual direção pegar na próxima encruzilhada.
Obviamente, como de acordo com a lei de Murphy, eu peguei a errada, mas por sorte nao demorou muito para que eu notasse que estava indo na direção errada e o sinal voltou pouco depois no topo de um morro. Se você fizer um “zoom” no mapa acima você perceberá o pequeno “calombo” de aprox. 2 Km depois de cruzar a A3.
Para corrigir este erro o Google indicou que eu devia pegar o que na Inglaterra é conhecido como “Bridal Path”, que são caminhos usados por pedestres, cavaleiros e ciclistas apenas, que com frequência por causa dessa mistura de usuários se transformam em grandes lamaçais o que não é legal se você está pedalando em uma bicicleta com 20 Kg de carga no bagageiro. Por sorte apenas alguns metros eram ruins com muita lama o resto estava seco e ciclavel.
A medida que me aproximava de Porthsmouth, em uma região chamada Cosham, o sol começou a ser por e justamente onde existe uma bela ciclovia ao longo dos canais de entrada da baia. Foi um trecho muito legal, a pesar do forte vento frio. O resto do pedal no sentido a porto do Hovercraft cruzou praticamente pelo centro de Porthsmouth, mas em sua maioria existiam ciclovias seguras, com apenas alguns trechos a serem pedalados em ruas.
Nesse momento a noite já estava caindo e por sorte escapei da hora do “rush” de Porthsmouth. O serviço de translado por Hovercraft para ilha é bem frequente. A cada 15 ou 30 minutos sai uma embarcação, por isso nao precisei esperar muito. Foi o tempo necessário para retirar os alforjes e bolsas da bicicleta que foi carregada na embarcação pelas funcionários da empresa e chegou do outro lado sem problema algum. Levei um tempinho para encontrar o “B&B” onde iria ficar hospedado, mesmo estando bem próximo ao porto em Ryde, pois ao programar o endereço no Google Maps sem querer foi selecionado o trajeto por carro e o B&B ficava em uma rua de mão única, contraria a minha direção, fazendo com o que Google Maps me indicasse uma grande volta para chegar até lá Foi um bom desafio para mim, por causa das condições não ideais do tempo. Ventou muito forte, chuva e até chuva de granizo enquanto eu pedalava, mas foi legal mesmo assim.
Eu não recomendo esse pedal para iniciantes.
Obrigado por ler meu post. Abaixo mais algumas fotos do dia de pedal.
Translado para Ryde a bordo do Hovercraf.