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Caminho de Santiago, dia 16 (17, 18 e 19): De Santiago de Compostela para Fisterra / Finisterre
Bem-vindo de volta a minha série sobre a nossa peregrinação de bicicleta pelo caminho de Santiago. Este será o mais longo da séria, mas será tambem o último.
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- Introdução
- Dia 16: De Santiago de Compostela para Fisterra / Finisterre
- Dia 17: Retorno de ônibus de Fisterra para Santiago e passeio pela cidade + a missa do Botafumeiro
- Dia 18: Viagem de carro de volta a Saint Jean Pied de Port e Pamplona
- Dia 19: Viagem de carro de Pamplona para Bracknell, UK
Introdução
A maioria dos peregrinos que chega em Santiago de Compostela, terminam suas peregrinações ali, mas um número substancial de peregrinos continua suas peregrinações, a pé ou de bicicleta, até Fisterra, como conhecida em Galego, ou Finisterre, seu nome em Espanhol. Fisterra é a cidade mais próximo do Cabo Fisterra, o ponto mais ao Oeste da Europa, que os antigos Romanos acreditavam ser o fim do mundo conhecido, por isso seu nome.
Se você leu meu último post a respeito da nossa chegada em Santiago, você sabe que o dia seguinte permanecemos em Santiago para conhecer a cidade um pouco melhor e que no dia 9 de junho eu decidi continuar o pedal de Santiago até Fisterra. Este foi efetivamente o 16o. dia de peregrinação e fiz esta etapa de 94,45 Km de Santiago a Fisterra em 8h e 43 min, dos quais 5h e 53 foram em movimento.
Neste post vou escrever não apenas sobre este dia, mas sobre os 3 dias seguintes também. No dia 10 de Junho retornei a Santiago e passeie um pouco mais na cidade e nos dias 11 e 12 de Junho retornamos para Saint Jean / Pamplona e para a Inglaterra respectivamente.
Dia 16: De Santiago de Compostela para Fisterra / Finisterre de bicicleta

Como eu estava indo para Fisterra por apenas 1 dia, eu usei apenas 1 dos alforjes para levar comigo apenas o essencial. Isso incluiu o saco de dormir, uma muda de roupa, havaianas, itens de higiene pessoal e a parafernália eletrônica para gravar e tirar as fotos. Foi muito útil ter a minha disposição o grande armário de metal no albergue e como Fernando havia decidido ficar em Santiago ele podia dar uma olhada nos poucos itens que não couberam no armário.
Se você decidir estender sua peregrinação de bicicleta até Fisterra essa é uma ótima opção, mas se você estiver caminhando a caminhada provavelmente vai durar 3 dias e não sei se é uma boa ideia deixar suas coisas no Albergue. Se você estiver caminhando você provavelmente vai precisar levar tudo consigo de qualquer maneira, pois estará em caminho por mais tempo.
Deixei o albergue pouco depois das 8 da manhã e cruzei pelo centro de Santiago para tentar capturar mais umas fotos da catedral. Me perdi um pouco, pois apesar de ter caminhado bastante pelo centro no dia anterior, ainda tinha sido o suficiente para me familiarizar com as pequenas ruas do centro que as vezes parecem ser muito parecidas umas com as outras.
Novamente eu usei Google Maps para me guiar até Fisterra e como já mencionei antes, essa tecnologia não é 100% garantida, especialmente pelo fato que na Espanha as rotas ciclísticas ainda não estão disponíveis no Google Maps, por isso eu usei as rotas dos andarilhos. Não quis usar a rota sugerida para automóveis com receio que o Google Maps me guiaria para uma autoestrada ou uma estrada muito movimentada.
Achar o caminho para sair de Santiago foi fácil, apesar de existirem bem menos indicações do que para se chegar em Santiago. Pouco antes de entrar na AC-453, que era a principal estrada para sair da cidade, eu parei em um Café para tomar café da manhã, pois não havia comido nada ao deixar o albergue. Depois do café pedalei uns 4 Km na AC-453 até chegar em uma rotatória cerca de 1 Km depois de Roxos, onde eu virei a direta no sentido de Portela de Villestro e Ventosa. Um fato estranho que percebo ao olhar o percurso agora é que na rotatória a estrada se dividia, mas ambos lados continuarem sendo chamados AC-453. Não entendo bem o sistema de nomeação de estradas na Espanha.
Se você decidir pegar a mesma rota que eu, uns 2 Km depois de Ventosa, prepare-se para algumas subidas que com uma bicicleta carregada podem ser meio desafiantes. Como eu estava consideravelmente mais leve, eu consegui subir sem precisar empurrar, se bem que bem devagar.


Depois de Augapesada você vai cruzar por uns trechos de florestas em ambos os lados da estrada. O Google Maps sequer mostra o nome dessas estradinhas, mas apesar de serem pequenas e um pouco estreitas o asfalto é bom. A próxima pequena cidade no caminho é Negreira, mas antes de chegar lá você vai cruzar por pequenas vilas como Castiñeiro do Lobo, Carballo e vai cruzar também sobre o rio Tambre em uma bonita ponte de pedra que te fornecera algumas oportunidades de tirar umas fotos legais. Pouco antes da ponte havia um restaurante que eu gostaria de ter parado por uns instantes, mas ele estava fechado quando eu cheguei. Depois de cruzar o rio você também vai passar na vila de Barca antes de chegar a Negreira.
Eu parei apenas por alguns minutos em Negreira para pedir informações e para conversar com um grupo de ciclistas portugueses que também estavam pedalando para Fisterra. A cidade parece ter uma boa infraestrutura e talvez seja uma boa opção se você está caminhando para Fisterra e consegue fazer em 1 dia os 24 Km do albergue em Santiago até lá.

Depois de Negreira a densidade populacional parece diminuir e a distância entre os vilarejos parece aumentar, mas isso pode ter sido apenas impressão minha. O Google me guiou para a DP-5603 na direção de Zas. Depois de uns 10 Km na DP-5603, uns 3 Km depois da vila de A Pena, o Google me instruiu a deixar a estrada e pegar umas estradinhas vicinais, que apesar de bem estreitas tinham um bom asfalto. Admito que fiquei meio com o pé atrás de sair da estrada principal, mas eu segui as instruções do Google Maps mesmo assim, até uns 3 Km depois quando perdi o sinal de celular. Felizmente o Google havia armazenado informações suficientes no telefone que me permitiram ter uma ida sobre a direção a tomar, mas olhando para o mapa agora, enquanto escrevo estas linhas, observo que havia um caminho um pouco mais curto, através do vilarejo de Vilaserio, para se chegar ao vilarejo de Pesadoira. O caminho que eu tomei tinha bastante subida e muitas curvas.

Pouco antes de chegar em Pesadoira consegui algumas informações de dois fazendeiros e segui adiante para Cuíña, San Fins de Eirón e Corveira antes de retornar a uma estrada principal, a AC-400. Com apenas 1 Km na AC-400 o Google já me mandava sair da estrada novamente, mas por sorte consegui pegar informações com um amável fazendeiro que estava em cima do seu trator. Ele desligou o motor, desceu do trator e veio conversar comigo. Batemos um bom papo de quase 5 min e ele me aconselhou a não seguir as sugestões do Google e continuar na AC-400 até Pino do Val. Eu opto por informações de nativos na maioria das vezes, mas nem sempre. Neste caso a recomendação estava correta, pois apesar do caminho na AC-400 ser bem mais longo, ele era plano e evitava subir uns morros bem altos. Foi a opção mais rápida e menos cansativa, apesar da distância maior. Em Pino do Val dobrei a direita na rotatória e peguei a DP-3404 na direção de A Picota e Mazaricos, na qual eu fiquei até pouco depois do vilarejo de Hospital. Antes de chegar a Hospital eu parei por uns 25 min no vilarejo de Olveiroa para tomar um suco de laranja feito na hora e comer uma banana. Olveiroa tem um albergue legal e parece ser um bom local para dormir se você está caminhando para Fisterra.
Depois de Hospital virei à esquerda e peguei a DP-2302 que me levou até a cidade de Cee. Existem várias pequenas vilas no caminho e alguns bons lugares para dar uma descansada se você quiser, como restaurantes de beira de estrada, etc.

Cee é a próxima cidade e onde você vai encontrar o mar pela primeira vez. Ela é bem colada em Corcubión e eu não sei onde uma cidade termina e a outra começa.

Depois de Corcubión prepare-se para 3 Km de subida até alcançar a praia de Sardiñeiro de Abaixo. Pouco antes de Sardiñeiro existe uma área de camping que também pode ser uma boa opção para dormir e ela fica bem em frente à praia de Estorde, onde você também encontrará restaurantes para jantar. Depois de Sardiñeiro você vai basicamente seguir pela linha costeira e vai ter ótimas oportunidades de tirar boas fotos do mar.

O Google Maps indica que pouco antes de Fisterra existe um vilarejo chamado Escaselas, mas como ele parece ser colado com Fisterra eu achei que já havia chegado aos subúrbios da cidade.
Ao chegar em Fisterra dei um giro pela área do porto. A rua que você vai chegar em Fisterra termina bem em frente ao albergue municipal, mas de alguma forma eu não vi a placa. Depois de pegar informações com pessoas locais foi fácil achar o albergue. Fiz o “check-in” e recebi meu certificado de ter completado o caminho Jacobeo ao longo da assim chamada costa da morte.

Assim como muitos outros antes, o Albergue em Fisterra é simples, mas mais que suficiente. Não havia sinal de Wi-Fi no quarto onde fiquei, no andar superior do prédio. O quarto tinha algo como 5 ou 6 beliches. O Albergue municipal custou €6 e tem 36 camas. Ele conta com uma cozinha e lavanderia.

Tomei um banho e dei uma saída a pé para encontrar um local para jantar. Depois da janta caminhei um pouco pela cidade e voltei para o Albergue. Decidi não caminhar (ou pedalar) até o farol do cabo Fisterra, uns 3 Km da cidade, pois honestamente as variações climáticas do dia me enfraqueceram. Conforme a tradição, muitos peregrinos vão para o farol ao cair da tarde para queimar uma peça de roupa ou um artigo que trouxeram consigo de sua origem para simbolizar a queima das preocupações deixadas para trás e o recomeço de uma nova vida.
Assim termina aqui a narrativa desse dia de pedal para Fisterra. Fui cedo para cama pois queria pegar o primeiro ônibus (por volta das 8:00h) de volta para Santiago para ter tempo de passear por lá um pouco e talvez assistir à missa do Botafumeiro.
Album de fotos do dia 16 (Flicker)
Dia 17: Retorno de Fisterra para Santiago de Ônibus, passeio pela cidade e a missa da Botafumeiro.

Eu consegui pegar o primeiro ônibus de volta para Santiago e consegui também colocar minha bike no bagageiro do Ônibus sem precisar desmonta-la, apesar que, depois descobri que os outros passageiros simplesmente jogaram suas bagagens em cima da bike, o que não foi legal. Para ser correto, entretanto, devo admitir que a bike tomou um monte de espaço no bagageiro, por isso não posso reclamar. Felizmente não houve estrago nenhum na bike.

Como eu consegui pegar o “direto”, que para em menos lugares, cheguei em Santiago antes das 10:00h o que me deu a oportunidade de pedalar um pouco pela cidade e ver algumas áreas que eu tinha visto apenas de longe nos dias anteriores, como o Parque Alameda no centro, cheio de oportunidades fotográficas para serem clicadas.
Uma vez que o Albergue Fin del Camino não abre até as 11:00h programei meu passeio de maneira a chegar no albergue por volta do horário de abertura.

Ao chegar, tomei um banho, troquei de roupa e voltei caminhando ao centro da cidade para assistir à missa. Fernando havia feito alguns novos amigos no albergue e havia decidido ir com eles de Ônibus para Muxia. Quando cheguei na catedral a missa já havia iniciado, mas ainda em tempo de assistir ao Botafumeiro.
Depois da missa fui novamente caminhar pelo centro e fazer umas comprinhas (lembranças para família e amigos). Fiquei 3h caminhando e voltei para o Albergue no final da tarde. No dia seguinte tinha que acordar cedo para ir ao aeroporto pegar o carro de aluguel que havíamos reservado a partir da Inglaterra, por isso as 22:00h eu já estava na cama. Foi um dia de pouco pedal, mas de muita caminhada, por isso eu estava bem cansado.
Album de fotos do dia 17 (Flickr)
Dia 18: Retorno a Saint Jean Pied de Port e Pamplona.

No dia seguinte levantei da cama por volta das 7:00h, pois tinha que estar no Aeroporto as 9:00h para pegar o carro de aluguel na Hertz Rental. Existe um ônibus que passa na avenida N-634 (a avenida a 2 quadras do albergue, ao lado do shopping center) que vai direto ao aeroporto e o ponto de ônibus é bem em frente à igreja de San Lazaro, menos de 10 min caminhando a partir do Albergue. A viagem de ônibus até o aeroporto dura por volta volta de 25 min. Para aqueles que deixam Santiago de avião esta também é uma boa dica.
Ao chegar no aeroporto havia já uma pequena fila no balcão da Hertz, mas fiquei muito feliz em receber um “upgrade” grátis para um carro maior (um Renault Megane), o que significou que foi mais fácil carregar as bikes no carro e que tínhamos mais espaço para as pernas também. Estou ciente que muitos peregrinos, assim como nós, precisam voltar para Santiago. Alugar um carro não é a opção mais barata se você está fazendo a peregrinação sozinho, mas se você estiver em um grupo de no mínimo 2 pessoas os custos já começam a se equipar com os custos das passagens de trens e ônibus.
Antes de sair da Inglaterra, minha pesquisa pela internet indicou que o preço da passagem de trem de Santiago para Pamplona seria de aprox. €40 para cada um (€80 para nós dois), não levando em consideração possíveis adicionais por causa das bicicletas. A viagem de trem dura, aparentemente, 9h e teríamos que pegar no dia seguinte um ônibus de Pamplona para Saint Jean cujo tíquete, segundo minha pesquisa, custa por volta de €20 para cada um, sem contar possíveis adicionais pelas bicicletas. Portanto, eu calculei que o custo estimado para nós dois retornarmos de trem e ônibus para Saint Jean seria por volta de €130. Como nós pagamos £80 pelo aluguel do carro e mais €45 de combustível o custo total do retorno de carro foi por volta de €150. Na minha humilde opinião, o conforto de poder partir quando quiséssemos e pegar a rota que quiséssemos, agregado a maravilhosa vista do litoral norte da Espanha, valeu os estimados €20 de diferença.

Ao retornar de carro para o albergue, carregamos as bikes e a bagagem e antes de pegarmos a estrada paramos em um café perto do albergue para tomar café da manhã. Decidimos pegar a rota do Norte e dirigimos na autoestrada AP-9, também conhecida como Autopista del Atlántico, até A Coruña e continuamos pelo norte na direção de O Ferrol seguindo a rota da costa em estradas e autoestradas pelas cidades de Oviedo, Santander e Bilbao.
Se você gosta de dirigir, eu recomendo muito esse roteiro. As grandes pontes sobre vales, as vistas do mar e os inúmeros tuneis fazem desta rota uma atração em si própria. Existem alguns pedágios no caminho (consigo lembrar de pelo menos 1 junto a entrada de um túnel em Bilbao), mas os preços não são nada parecidos com os ridículos valores praticados na França (algo por volta de €1,30 ou €2). Antes mesmo de sair da Inglaterra, eu estava bastante entusiasmado para dirigir por essa rota no norte da Espanha e não fiquei desapontado.
A viagem de volta a Saint Jean durou por volta de 8h a ao chegarmos em Saint Jean meu carro estava exatamente como o havíamos deixado 3 semanas antes. Transferimos as bikes e bagagens do carro de aluguel para meu carro e enquanto eu dirigi o carro de aluguel, Fernando dirigiu meu carro para Pamplona, pois era no Aeroporto de Pamplona que tínhamos que retornar o carro de aluguel.

A pequena viagem de Saint Jean para Pamplona foi muito interessante também, pois fizemos de carro praticamente o mesmo caminho que havíamos feito de bike 3 semanas antes. Levou apenas uns poucos minutos para chegarmos no Passe Roncevaux (Ibañeta) a 1057m acima do nível do mar, enquanto que 3 semanas antes levamos mais de 6h para chegar lá de bike. Isso me fez pensar como é fácil se deixar corromper pelos confortos da vida moderna.
Uma vez que eu havia programado meu TomTom para nos guiar para o aeroporto em Pamplona, depois de Roncesvalles ele nos fez sair da estrada principal e pegar estradas secundarias e eu tenho a impressão que o caminho pelo qual ele nos levou não foi o mais rápido. Acredite se quiser, só precisei abastecer o carro de aluguel a menos de 15 Km de Pamplona, o que significa que ele fez mais de 900 Km com um tanque apenas, o que eu achei uma média muito boa.
Chegarmos ao aeroporto em Pamplona por volta das 20:00h e já não havia mais ninguém no guichê da Hertz. Joguei a chave na caixa de “out-of-hours” e partimos para o centro da cidade para encontrar o local onde iriamos pernoitar nessa noite e que já havíamos reservado de Santiago. Não foi difícil encontrar.

Não sei se foi a excitação de um dia inteiro no volante, mas ao contrário do Fernando eu estava super acordado e sem sono nenhum. Tomei um banho e sai para caminhar pela cidade e procurar algo para comer. Não deu para ver muito de Pamplona nas 2h que passei caminhando, mas o que vi gostei muito. Pamplona, fundada pelos Romanos entre 75-74 BC, parece ser uma cidade que conseguiu encontrar uma perfeita harmonia entre sua antiga história, através da sua era de cidade fortaleza, cujo principal exemplo é sua cidadela, até sua modernização. Gostei muito de suas largas avenidas e das áreas verdes que passei a caminho do centro da cidade. Definitivamente um lugar que eu gostaria de voltar com mais tempo se eu tiver uma oportunidade futura.
Album de fotos do dia 18 (Flickr)
Dia 19: Retorno de Pamplona para Bracknell, Reino Unido.

A viagem neste dia não foi tão interessante quanto no dia anterior. De fato, foi bem chata, por isso não vou me prolongar na descrição desse dia. Nós tentamos evitar as autoestradas na França, devido ao alto custo dos pedágios, mas as estradas vicinais estavam nos atrasando tanto (estradas estreitas, trafego intenso) que passamos a ficar preocupados em não chegar em Calais a tempo de pegar o Eurotúnel de volta para Inglaterra. Depois de já dirigir por várias horas havíamos coberto apenas aprox. 20% da distância, por isso desistimos do nosso plano e resolvemos voltar para as autoestradas e para os pedágios.

Sem dúvida, haviam lindas cenas rurais para serem apreciadas ao longo do caminho que tomamos na França, mas eu acho que já estávamos meio cansados com toda a viagem e queríamos apenas chegar em casa. Tivemos sorte ao chegar em Calais e sermos alocados para embarcar no próximo trem através do túnel, pois a nossa reserva era para um trem 3h depois. Isto significou que por volta das 23:00h já estávamos novamente em solo Inglês e adivinhem só? Uns 20 min depois de desembarcarmos começou a chover torrencialmente. Um típico clima de boas-vindas a Inglaterra.
Por volta da meia noite chegamos na minha casa. Fernando deixou sua bicicleta aqui, transferiu apenas a bagagem para seu carro e foi para casa.
Isto completa os relatos de nossa peregrinação, do momento que deixamos Bracknell, na Inglaterra até o momento que retornamos.
Estou considerando estender a série com um post adicional, para resumir em uma única página toda a experiência dessas 3 semanas e também publicar uma série de entrevistas com pessoas que encontramos durante a peregrinação, assim como peregrinos que fizeram o Caminho de Santiago antes e depois de nós. Não conte com isso, entretanto, pois meu tempo anda muito limitado, mas vou fazer o possível.
Obrigado por nos acompanhar nos relatos dessa jornada. Eu estou bastante entusiasmado com a próxima aventura na Via Francigena que inicia no dia 30 de julho de 2016.
Se você nunca fez uma peregrinação antes, o que você está esperando? Se você está prestes a fazer a sua peregrinação, resumo meus sentimentos em 2 palavras que você vai escutar muito durante ela: “Buen Camino!”.
Album de fotos do 19 (Flickr)
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Canterbury para Dover, Rota Ciclistica Nacional 16
Voce gostaria de me ajudar traduzindo o artigo o artigo para mim? Por favor, entre em contato. Obrigado!
Devon Costa a Costa, Dia 1 de 3: De Ilfracombe para Okehampton
Caminho de Santiago, Dia 12: Las Herrerías para Sarria

Bem-vindo ao post sobre o 12o. dia da minha peregrinação de bicicleta pelo caminho de Santiago no dia 5 de junho de 2015. Completei esta etapa de 63.82 Km de Las Herrerías para Sarria em 8h e 12m, dos quais 5h 14m foram em movimento.

Devo confessar que estava temendo ter que escrever sobre esse dia, pois foi nele que cometi o maior erro de navegação de toda peregrinação. Me senti (e ainda me sinto) como um tolo por ter cometido erros tão básicos, mas se este “post” e vídeos ajudarem a prevenir com que outros cometam os mesmos erros, então terá valido a pena. Meu ego terá que aceitar o impacto 🙂 Deixei o albergue in Las Herrerías por volta das 7:30 da manhã, uns 30 min antes do que estava acostumado nos dias anteriores. Eu sabia que o dia seria pesado e cansativo por causa das montanhas a minha frente. Fernando deixou o hotel uns 40 min antes, eu acho. Ele está acostumado a acordar com as galinhas.

Cheio de energia e disposição comecei a pedalar morro acima, mas sem meu navegador ao meu lado para indicar o caminho (meu senso de direção deixa muito a desejar), não demorou muito para eu cometer o primeiro erro. Quando cheguei a uma encruzilhada e tive que decidir se continuava na pequena estrada que vinha pedalando (a CV-125/1) na direção de La Faba ou se pegava outra pequena estrada na direção de Laguna (a CV-125/15), decidi continuar no sentido de La Faba (não havia nenhuma seta amarela indicando qual caminho seguir).
Devo acrescentar que este erro diz respeito apenas aqueles peregrinos que estão fazendo a peregrinação de bicicleta. O caminho que eu tomei foi essencialmente o mesmo que os peregrinos a pé tomam, o qual, após passar pelo vilarejo de La Faba é totalmente inadequado para a maioria dos ciclistas (ou Bicigrinos, como alguns os chamam). É uma trilha de 4 Km morro acima cheia de pedras e obstáculos. Eu acho que até mesmo aqueles que vão a pé, com uma pesada mochila nas costas, devem sentir muita dificuldade neste trecho, que dirá aqueles que se metem a fazê-lo de bicicleta. Para todos aqueles lendo este artigo e planejando fazerem a peregrinação de bicicleta, façam a vocês próprios um favor e peguem a pequena estrada para La Laguna. Ela é uns 2 Km mais longa, mas vale a pena, acreditem.

A pior parte desses 4 Km na verdade não foi nem ter que empurrar a bicicleta morro acima. Foi a enorme quantidade de moscas devido à grande quantidade de bosta de cavalo no caminho. Em Las Herrerías é possível se alugar cavalos para carregar as mochilas e outras cargas (não é uma chantagem uma vez que o peregrino sobe o Cebreiro a pé de qualquer forma… os cavalos apenas levem a carga). Obvio que os cavalos deixam “traços” para trás. Cheguei em La Laguna com um sentimento de vitória, mas estava realmente cansado de empurrar a bicicleta por 4 Km e por isso foi também uma subida demorada. Tao devagar, de fato, que naquele ponto alguns peregrinos que estavam a pé e que haviam deixado o albergue depois de mim me alcançaram em La Laguna, pois eu havia parado por alguns minutos para beber um suco de laranja e comer uma banana. La Laguna, entretanto, ainda não é o topo do Cebreiro. Depois que La Laguna existem ainda uns 2 Km para se chegar ao topo e a subida foi íngreme o suficiente para me fazer desmontar da bicicleta e ter que empurra-la novamente (eu diria que em alguns trechos a inclinação é de aprox. 12%… São 150 metros de Ascenção em 2 Km).
Finalmente ao chegar no vilarejo de O Cebreiro eu parei para admirar a paisagem e tirar algumas fotos. Assim que terminei com as fotos decidi não entrar no vilarejo (o que eu devia ter feito) e seguir adiante. Infelizmente eu não vi a seta amarela que indicava para dentro do vilarejo, o qual deve-se cruzar para pegar a estrada LU-633 na direção a Liñares. Eu continuei na pequena CV-125/1 e com toda felicidade passei a pedalar morro abaixo no sentido errado por mais de 6 Km, até um ponto em que uma senhora fez u típico gesto de “não” com os dedos. Devo confessar que naquele momento eu já estava desconfiado do caminho que havia tomado, mas sabe-la Deus quando até onde eu teria continuado não fosse aquela senhora me avisar do meu erro. Ela explicou meu erro e pacientemente me instruiu sobre a melhor maneira de voltar para o caminho.

Anjos existem de várias maneiras e formas. Nos 6 Km que desci o morro até chegar a ela, não havia visto uma única viva alma pela estrada. Ela estava à beira da estrada, como que esperando por algo, vestida de camiseta branca e assim que me explicou o caminho certo foi embora. Todos somos anjos quando ajudamos a outras pessoas, mas para mim esse momento me tocou muito (depois, porque na hora fiquei muito puto comigo mesmo). Acreditem no que quiserem, mas para mim foi Deus que colocou aquela pessoa ali naquele momento para me avisar sobre o erro e me mandar de volta para o caminho certo. Por isso deixo aqui o meu “Muito obrigado senhor!”.
Bom, como você pode imaginar a frustração de ter que aceitar o meu erro, só foi menor pela realização que de agora teria que subir os 6 Km de volta morro acima, depois de uma manhã já bem cansativa, mas se era isso que o universo havia preparado para mim, era isso que eu tinha que fazer, e o fiz! Felizmente as instruções dadas pelo meu anjo foram claras e precisas e com algumas verificações pelo caminho não foi necessário voltar diretamente ao Cebreiro. Voltei ao caminho correto, próximo ao vilarejo de Liñares 1h e 38 min depois. Resultado do erro foi a “perda” de 2 h de viagem e a necessidade de pedalar uns 10 Km a mais nesse dia desnecessariamente, dos quais uns 8 Km foram morro acima.
Depois disso você poderia pensar que o resto do dia foi moleza… bem, não foi tão ruim, mas como passei a prestar mais atenção as setas amarelas, depois da localidade de Hospital, elas me levaram novamente a alguns trechos inadequados para bicicletas (elas têm em mente o peregrino que está a pé). Mesmo assim estes foram relativamente curtos se comparados aos que tive que fazer nestas condições pela manhã. Eu aconselharia que se você estiver pedalando neste trecho, você permaneça na estrada (LU-633) até aproximadamente 1 Km depois do vilarejo de Fonfria, onde então você pode voltar a seguir as setas amarelas se desejar, pois o caminho dos andarilhos a partir deste ponto é plano e sem maiores obstáculos e você “economizará” por volta de 2 Km em relação ao mesmo trecho no asfalto.
Se você decidir pegar o caminho dos andarilhos depois de Fonfria, conforme eu aconselho, mais ou menos 1 Km depois do vilarejo de Fillobal você terá a oportunidade de voltar a LU-633 novamente. Deste ponto em diante eu decidi que já tinha sofrido o suficiente para um dia e que iria permanecer na estrada, independentemente para onde as setas amarelas apontassem. Eu sabia que essa estrada me levaria a Samos e Sarria. Eu não sabia ao certo em qual dessas duas cidades eu me hospedaria, mas a intenção era de pedalar pelo menos até Sarria.
Ao longo dessa estrada passei por pequenos vilarejos e cidades como Pasantes, Triacastela (onde encontrei com um peregrino em um triciclo reclinado, puxando atrás de si um trailer que continha uma caixa onde viajava seu cachorro), San Cristovo do Real, Renche, San Martiño do Real e Samos. Eu não sabia naquele momento, mas foi em Samos que o Fernando havia decidido parar naquele dia. Cheguei em Samos ainda as 2 da tarde e achei que estava muito cedo para parar e por isso decidi seguir para Sarria. Parei apenas por alguns minutos para carimbar meu passaporte de peregrino no albergue municipal se segui viagem. Adiciono aqui algumas fotos tiradas pelo Fernando, a pesar de eu próprio não tem vivenciado a cidade. De Samos para Sarria foram mais 12 Km, mas eu estava bem cansado de tanta subida neste dia, por isso decidi parar mais cedo em Sarria para descansar. No caminho a Sarria passei por pequenas vilas com nomes gauleses bem distintos, como A Ferrería, Teiguín, O Vao até chegar a Sarria por volta das 3 da tarde. Sarria é uma cidade bem desenvolvida e eu segui as setas amarelas na esperança que me levariam a um albergue.

Por pura sorte, ao pedalar por uma rua da cidade passei ao lado de uma loja de souvenires e dei uma olhadinha para dentro, sem intenção de parar. Nesse momento em vi Marcelo e Alice dentro da loja. Resolvi parar para dar um “oi” e perguntar onde eles tinham a intenção de permanecer naquele dia. Eles ainda não sabiam se ficariam em Sarria ou seguiriam mais uns Km adiante, mas quando lhes falei que iria ficar ali decidiram parar também e me fazer companhia. Perto da loja de souvenires havia um albergue particular chamado Casa Peltre. Alice entrou no albergue para dar uma olhada e voltou dizendo que achava que era muito bom. O pernoite foi € 10 e o albergue é limpo e confortável com uma fascinante decoração (deem uma olhadinha no site deles para mais fotos). Maria, a “hospitaleiro” que nos recepcionou é uma pessoa super legal.
O albergue é pequeno e dispõe de apenas 22 leitos distribuídos em 3 quartos. Um grande quarto com 14 camas (6 beliches) e mais 2 quartos com 4 camas cada (2 beliches). O albergue dispõe de 2 espaçosos e muito limpos banheiros, com duchas de pressão e ótima água quente. Também dispõe de uma cozinha completa e uma área de refeições no andar de cima.

Depois de um banho, o Marcelo e eu saímos para procurar algo para comer. Alice estava se sentindo muito cansada e resolveu ficar no Albergue. Achamos um restaurante de Kebabs no calçadão do rio Sarria e enchemos a barriga de Kebabs. Saímos de lá para caminhar mais um pouco por volta da cidade até encontrarmos um “tapas bar” chamado “Mesón O Tapas” e tomamos umas deliciosas cervejas espanholas bem geladas.
Foi um dia de emoções variadas: O aspecto físico do desafio de empurrar a bicicleta no caminho entre La Faba e o Cebreiro, as frustrações dos erros de navegação que eu cometi nesse dia, a benção de ter tido em meu caminho um anjo que me trouxe novamente ao caminho certo e a alegria de ter encontrado no final do dia bons amigos da Caminho. Com certeza o dia teria sido melhor sem os erros que eu cometi, mas daí eu não teria aprendido a errar e não teria essa oportunidade de passar a experiência para frente. Foi um dia bom, no final das contas. Bem, isso conclui o post sobre o 12. dia da peregrinação. Por favor deixe comentários, perguntas ou pelo menos indique se você gostou ou não ao clicar nas estrelas abaixo.

Caminho de Santiago, Dia 11: El Acebo de San Miguel para Las Herreiras

Bem-vindo ao post sobre o 11o. dia da nossa peregrinação de bicicleta pelo caminho de Santiago no dia 4 de junho de 2015. Completamos esta etapa de 61,89 Km de El Accebo de San Miguel para Las Herrerías em 6h e 12m, dos quais 3h 58m foram em movimento.

Deixei o albergue de 5 estrelas “La casa del peregrino” por volta das 8 da manhã, como de habito. Como de habito também, o Fernando já havia deixado o albergue 1 hora antes. De acordo com meu Garmin, El Acebo está situado a uma altitude de 1130m e em um período de apenas 15 min eu desci quase que 500 m de altitude e cobri mais de 10 Km de distância. A única coisa que me impediu de pedalar ainda mais rápido foram as constantes curvas fechadas na estrada, uma das quais quase me “traiu” me forçando a ir para a pista contraria da estrada. Graças a Deus não havia trafego no sentido contrário, senão poderia ter sido um problema. Em Molinaseca a altitude se nivelou e se manteve mais ou menos constante durante toda a pedalada nesse dia.

Ao chegar no vilarejo de Molinaseca, parei apenas por alguns instantes para tirar algumas fotos sobre a antiga ponte de pedra sobre o rio Meruelo, que foi construída nos tempos Romanos.

A próxima cidade foi Ponferrada. Ao chegar no centro da cidade encontrei o Fernando tirando fotos. Esta cidade tem uma interessante mistura de novo com antigo e teria valido a pena se pudesse ter ficado um dia lá. Acredito que uma das maiores atrações na cidade é o antigo castelo dos templários.

Ele está muito bem preservado e é uma estrutura medieval muito impressionante, tendo todas as características que se pode esperar de um castelo fortificado dessa época.

Fernando e eu fizemos uma parada para o café da manhã em um dos restaurantes em frente ao castelo.

Depois de Ponferrada, pedalamos através de pequenas cidades e vilarejos como Camponaraya, Cacabelos, Pieros e Villafranca del Bierzo, onde paramos novamente por uns 15 min para descansar um pouco e comer e beber algo.
Villafranca del Bierzo é uma antiga cidade medieval com uma arquitetura muito interessante. Destaque para o Castelo de Villafranca, a igreja San Juan e outros prédios religiosos como o colegiado de Santa Maria e os conventos, assim como a estreita ponte sobre o rio Burbia que oferece uma bela paisagem da cidade.

A rota então seguiu por um caminho tortuoso, como uma serpente, na estrada N-VI que permeia a magnifica autoestrada A-6 (Autovia del Noroeste), cruzando por baixo da autoestrada várias vezes. Com muitos tuneis e grandes pontes sobre os vales abaixo, cujas pilastras de sustentação são bastante visíveis a partir da estrada que estávamos, a N-VI.

Esta estrada também segue ao longo do pequeno rio Valcarce que empresta seu nome a vários vilarejos e cidades ao longo do caminho. A N-VI tem uma ciclo-faixa compartilhada com pedestres e protegida por um muro de concreto. Ao pedalar por esse trecho a medida que olhava para o rio logo abaixo e a exuberante vegetação nas suas margens me veio à cabeça que as pessoas que atravessam essa região a 120 Km/h na autoestrada acima não fazem nem ideia da beleza natural que está logo abaixo deles. Este tipo de experiência só é possível em formas mais lentas de transporte, como ciclismo, ou para aqueles que fazem o caminho a pé.
Ao longo desse caminho cruzamos por vilarejos ou pequenas cidades como Pereje, Trabadelo, La Portela de Valcarce, Ambasmestas, Vega de Valcarce, Ruitelán até chegarmos em Las Herrerías onde decidimos parar.

Las Herrerías é um pequeno vilarejo que fica antes da subido ao “El Cebreiro”, uma das montanhas mais desafiantes do caminho. Nós também já víamos ao longe uma tempestade se formando no horizonte, por isso fazia todo o sentido parar lá. Até onde eu sei existe apenas 1 albergue de peregrinos em Las Herrerías é o nome é… Albergue Las Herrerías.

O pernoite no Albergue custou 8 € e o albergue pertence a uma jovem e agradável senhora que fala muitos idiomas (escutei ela conversando em Espanhol, Alemão, Inglês e Frances) e estritamente vegetariana. Ela oferece refeições no Albergue também, mas sem carne alguma.

Ela prepara a comida ela própria e não existe escolha (o menu é um só). Acredito que pagamos 12 € pela janta que teve sopa, um tipo de salada como prato principal e de sobremesa um pedaço de torta de cenoura que ela fez no mesmo dia. Estava delicioso, mesmo para quem, como eu, não é vegetariano. Acho que além do albergue existe apenas 1 outro local no vilarejo onde se possa fazer uma refeição.

O albergue tem essencialmente apenas 2 quartos na parte superior. Um grande quarto com algo como 10 beliches e um pequeno quarto separado para um par ou casal de peregrinos que custa um pouco mais (acho que 12 €). Na parte de baixo encontram-se as áreas sociais como uma pequena recepção, 2 banheiros / toaletes (limpos e com boas duchas), uma lavanderia com máquina de lavar e secar e a sala de jantar com uma mesa grande e uma pequena.

Depois de tomar um banho e lavar algumas peças de roupa a mão fui dar uma caminhada pelo vilarejo e tirei algumas fotos do riacho “Las Ramas” que passa ao longo da vila. Pouco depois veio a tempestade e um raio aparentemente deixou a vila inteira sem energia por mais de 1 hora. Gastamos o tempo conversando com os outros peregrinos de várias partes do mundo e jogando cartas. Foi uma noite muito agradável. A política “No Wi-Fi” do albergue funciona.

As pessoas deixam seus telefones celulares de lado a passam a conversar umas com as outras.
E assim encerramos o 11o. dia de peregrinação. Por favor deixe comentários, perguntas ou pelo menos indique se você gostou ou não ao clicar nas estrelas abaixo.
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Caminho de Santiago, Dia 7: De Calzadilla de la Cueza para León

Bem-vindo ao post sobre o sétimo dia da minha peregrinação de bicicleta pelo caminho de Santiago no dia 31 de maio de 2015. Completei esta etapa de 81 Km do pequeno vilarejo de Calzadilla de la Cueza para a cidade de León em 6h e 24m, dos quais 5h 16m foram em movimento.
Deixei o albergue as 8 da manhã como de costume. Os primeiros 18 Km na estrada N-120 foram sem maiores acontecimentos. Passei por outros vilarejos como Ledigos, Terradillos de los Templarios, San Nicolas del Real Camino em uma boa cadência.

Ao me aproximar de Sahagún, entretanto, imediatamente após cruzar o rio Valderaduey, eu vi uma das típicas setas amarelas que guiam os andarilhos e decidi segui-las, saindo da estrada.

Poucos metros depois cheguei a um local onde havia uma pequena ponte levando a uma igrejinha chamada “Ermita de la Virgen del Puente” e neste ponto havia novamente uma seta amarela apontando em direção a igreja.
Eu não entendo até hoje o que me levou a ignorar a seta e seguir adiante. Este erro me custou um atraso de pelo menos 35 minutos e 7.28 Km pedalados para chegar a Sahagún ao invés de 2 Km se eu tivesse me mantido na estrada N-120.

É a prova que até mesmo durante uma peregrinação, se você deixar seu pensamento solto e não prestar atenção no que estava fazendo você vai pagar pelo erro com o suor do seu corpo.
Felizmente não existe erro que não possa ser corrigido e ao chegar a uma pequena estrada, a LE-6707, notei que estava errado e peguei a estrada para retornar a Sahagún. No ponto que a LE-6707 cruzava com a N-120 não havia nenhum ponto de entrada e por isso tive que adentrar a cidade para daí deixa-la de volta a N-120.
Esse não foi nem de perto o maior erro que cometi, mas isso é assunto para um Post futuro. Mesmo assim fiquei bem chateado com o erro.
Dessa forma fica aqui o alerta de que se você estiver baixando meus arquivos GPX com intenção de usa-los na sua peregrinação, lembre-se que ao cruzar o rio Valderaduey simplesmente continue pedalando na N-120 (se você estiver a pé aconselho seguir as setas amarelas para evitar as estradas).

Cerca de 5 Km depois que eu retomei a N-120 eu a deixei na direção de Calzada del Coto. No final do vilarejo eu tomei uma pequena estrada de terra que o Google Maps identifica como Via Trajana. Neste ponto não existem boas alternativas por estradas, pois a N-120 segue em direção ao sul (León é ao norte) e é proibido o trafego de bicicletas e pedestres na autoestrada (a autoestrada A-231 corre em paralelo a via trajana, alguns quilômetros ao sul).
Aproximadamente 9 Km depois, por volta das 11 da manhã, cheguei ao vilarejo de Calzadilla de los Hermanillos a parei para tomar um café da manhã tarde ou um almoço adiantado, conforme preferir chamar.

Depois de Calzadilla de los Hermanillos pedalei por mais 4 Km em asfalto (o asfalto não estava em boas condições) até ao cruzamento com a LE-6620 onde voltei a tomar uma estrada de terra por mais 14 Km até o vilarejo de Reliegos.

Esses 14 Km foram meio chatos por causa do sol forte e das pedras no caminho que causavam muita vibração na bike e me faziam trocas de trilha de pneu com muita frequência na procura de um caminho com menos pedras. Foi em um desses momentos que eu parei por uns instantes pensando como essas trilhas são uma analogia as nossas vidas e decidi naquele momento capturar esses pensamentos em voz. A intenção era compartilhar os pensamentos em palavras escritas mais tarde, mas acabei decidindo por me expor e compartilhar a gravação original com vocês. Espero que não fiquem com a impressão que sou um tolo ao fazer isso. Houveram muitos momentos nessa peregrinação em que me emocionei e esta foi apenas um deles. A gravação, entretanto, está em Inglês.

Depois de Reliegos os 24 Km restantes até León foram em bom asfalto na LE-6615 e plano praticamente o percurso inteiro. Mesmo assim levei pouco mais de 2h para chegar a León pois estava me sentido cansado com a constante vibração causada pelas pedras e o sol forte.
Em León me hospedei no Albergue del Monasterio de las Benedictinas (Carbajalas) que custa 5€ por pernoite. O albergue é mantido por voluntários e você precisa ter sua credencial de peregrino para poder se hospedar. Ele é essencialmente uma grande sala dividida por paredes finas de plástico em espaços de 6 beliches cada.

O albergue tem 132 camas (ou 66 beliches) e o número de banheiros não pareceu ser suficiente. Em termos de higiene também deixou um pouco a desejar, mas foi aceitável.
Se você espera encontrar uma tomada para recarregar seus aparelhos eletrônicos, boa sorte. Não encontrei nenhuma próxima a minha cama e o lugar de alguma maneira não me inspirou confiança para deixar meus aparelhos longe. Existe WiFi na área da recepção do lado de fora, mas não há recepção dentro do quarto. Também não existem armários onde deixar seus pertences e tudo fica acumulado ao longo do corredor. Acredito que é possível que alguém pegue seus pertences por engano naquela confusão, mas felizmente não tive nenhum problema.

Eu jantei no restaurante da hospedaria que abre somente depois das 7 da noite. O menu do peregrino custou 9€ e a comida estava razoável (nada excepcional, entretanto).
Antes do jantar eu sai para caminhar pela cidade por 2 horas.

León é incrível. Eu me senti muito bem lá. Possui uma arquitetura gótica muito interessante e muitas flores pela cidade. Eu não entrei na catedral por acreditar que eu não estava vestido de maneira adequada e eu não queria desrespeitar os fiéis locais que estavam entrando na igreja para assistir à missa que ia começar. Do lado de fora, entretanto, a igreja é muito impressionante.
Eu vou adicionar, ao final deste post, algumas fotos da minha caminhada por León. O próximo vídeo é na praça da catedral ao tocar dos sinos que chamava os fiéis para a missa.
Bem, assim encero meu post sobre o dia 7 da minha peregrinação. Por favor deixe comentários, perguntas ou pelo menos indique se você gostou ou não ao clicar nas estrelas abaixo (depois das fotos). Às vezes fico pensando se não estou perdendo meu tempo ao produzir estes vídeos e escrever sobre minha peregrinação, mas aí observo que independente deles serem uteis para outras pessoas eles são úteis para mim próprio. É uma maneira que tenho de viajar de volta ao tempo e reviver esses incríveis momentos no caminho.
Fotos de León
A Casa Botines. Projetada pelo architeto Gaudi.
Antes da e-Bikes existiam as de petroleo.
Impressionante Catedral de León.
Vista lateral direita da Catedral
Chafariz na Plaza de Santo Domingo
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Caminho de Santiago, Dia 6: De Hornillos del Camino para Calzadilla de la Cueza

Bem-vindo ao quinto post sobre o sexto dia da minha peregrinação de bicicleta pelo caminho de Santiago no dia 30 de maio de 2015. Completei esta etapa de 70.29 Km de Hornillos del Camino para o pequeno vilarejo de Calzadilla de la Cueza em 6h e 29m, dos quais 4h 41m foram em movimento.
Antes de dar início precisa esclarecer algumas coisas:
- A distância pedalada foi provavelmente uns 5 a 10 Km mais que a distância medida pelo Garmin. Isto ocorreu porque uns 4 Km depois de Castrojeriz eu parei no topo de uma montanha para descansar e tirar algumas fotos e desliguei o GPS me esquecendo de dar ligar ele novamente ao deixar o local. Só me dei conta que ele estava desligado quando cheguei em Fromista.
- Eu pedalei sozinho nesse dia, pois Fernando decidiu sair cedo e pedalou mais que eu nesse dia.
Com estes esclarecimentos, o post termina aqui. Obrigado pela sua visita…
Brincadeirinha… 🙂
Eu adicionei ao vídeo desse dia um clipe pequeno que gravei momentos antes de deixar o albergue em Hornillos. Céu completamente azul, sem uma nuvem sequer. Um dia lindo.
Eu acho que 60% da distância pedalada nesse dia foram em estradinhas de terra e trilhas de andarilhos. O pedal fica mais lento, mas a beleza da paisagem compensa. Qualquer tentativa de descrever a beleza do percurso em palavras será um pobre substituto para as imagens no vídeo, portanto espero que gostes do vídeo e fique à vontade para entrar em contato em caso de perguntas.

A primeira parada depois de sair de Hornillos foi em um pequeno vilarejo chamado Hontanas. Parei em um estabelecimento o qual eu já havia visto fotos antes mesmo de sair da Inglaterra, o El Puntido. Um café, restaurante e albergue. Comi apenas um sanduiche de ovos e tomei um café. Hontanas é bem pequena, mas tem um certo charme, como muitos outros pequenos vilarejos espanhóis ao longo do caminho e é muito dependente da economia gerada pelos peregrinos. Muito provavelmente mais peregrinos cruzam pelo vilarejo por dia do que ele tem em habitantes.
Com café da manhã tomado segui adiante na direção de Castrojeriz, mas antes de chegar lá cruzei com outro marco do Caminho: As ruinas do Mosteiro de San Anton.

Assim como muitos outros marcos arquitetônicos ao longo do Caminho, o mosteiro também serviu em tempos passados como um hospital de peregrinos. Também foi um dos palácios do Rei Pedro I até o Desamortização eclesiástica de Mendizabal que obrigou os clérigos a abandonarem o mosteiro que com o passar do tempo ficou em ruinas.

Castrojeriz é uma cidade que eu gostaria de ter tido um pouco mais tempo para explorar. Eu acredito que uma caminhada até as ruinas do castelo de Castrojeriz no topo da colina seria muito interessante. A paisagem a partir da pequena praça na frente da igreja matriz também é muito bonita e oferece uma vista do vale abaixo.

Depois de Castrojeriz tive que subir uma montanha por uns 3 ou 4 Km a um nível de ascensão de 12%. Puxei a bike na maioria dessa distância. Eu acho que seria possível pedalar, mesmo com uma bike carregada como a minha, mas a estradinha de terra é cheia de pedrinhas e areia o que provem pouca tração no pneu nesse grau de ascensão. Levei um tempo para chegar lá em cima.

A 1050m acima do nível do mar este foi o ponto mais alto deste dia. Se você acompanhou meus posts anteriores você saberá que este não foi o ponto mais alto, mas esta montanha é particularmente difícil por causa das condições da estrada.

Sem querer desincentivar, este também não é nem de perto o mais difícil do Caminho, mas isso é um tópico para posts futuros (provavelmente o post do dia 12 quando tive que cruzar com o tenebroso “El Cebreiro”). Ao chegar ao cume parei para descansar e tirar fotos. A descida é ainda mais inclinada (tens que ter bons freios), mas a vantagem é que é toda pavimentada (cimento).

Alguns quilômetros depois passei pelo hospital de peregrinos de San Nicolás de Puente Fitero e tive que parar por uns instantes para tirar fotos e pensar no meu filho mais novo que também se chama Nicolas. Poucos metros depois do hospital já me encontrava na província de Palencia depois de cruzar o rio Pisuerga sobre a ponte Itero del Castillo, construída no século 11.

Continuei pedalando na direção de Boadilla del Camino e pouco depois de passar por Boadilla passei a pedalar ao longo do canal de Castela por uns 3 ou 4 quilômetros até chegar as eclusas de Fromista. Muito lindo esse trecho do pedal de Boadilla a Fromista.

O sol estava forte e o dia quente por isso parei em Frómista por aprox. 1 hora para comer uma pizza (que não estava muito apetitosa infelizmente) e descansar um pouco.
De Frómista segui para Carrion de los Condes na estrada P-980 passando por vários pequenos vilarejos no caminho.

Carrion de los Condes também é uma dessas pequenas cidades que eu gostaria de ter tido mais tempo para explorar, mas eu decidi continuar pedalando. Parei apenas para tirar algumas fotos e perguntar sobre a direção.

Depois de 4 ou 5 Km em uma pequena estradinha asfaltada, a PP-2411, eu pedalei uns 12 Km em estrada de terra até chegar em Calzadilla de la Cueza.
Eu tinha a intenção de pedalar até Ledigos nesse dia pois foi lá que o Fernando havia me falado que provavelmente pararia para dormir, mas quando cheguei em Calzadilla vi o pintado na parede de um albergue que ele tinha piscina. Por 5€ em um dia quente como aquele, o que mais você pode querer? O problema é que o prédio eram 2 albergues um “colado” no outro:

O albergue municipal (sem piscina) e o albergue Camino Real (com piscina) ambos 5€ por pernoite. Por azar acabei ficando no municipal, mas que apesar de não ter piscina era muito bom também e recém renovado. Tinha uma excelente ducha quente e me deu a oportunidade de lavar algumas peças de roupa e a bike que estava imunda de toda a poeira das estradas e trilhas de terra desse dia.
Jantei no restaurante Camino Real alguns metros do albergue e encontrei com Cristina e Pete da Holanda. Começamos a conversar e acabamos por compartilhar a mesma mesa durante a janta. Enquanto jantávamos, uniu-se a nós o Michael de Devon na Inglaterra. O Michael já era um veterano do Caminho de Santiago, tendo feito ele a pé várias vezes. Ele disse que enquanto tivesse forças iria fazer a peregrinação todos os anos pois era aposentado e tinha muito tempo de sobra na vida. No ano anterior ele havia feito o caminho a pé em 29 dias, mas este ano ele deu a si próprio 39 dias para completar a caminhada.

Eu gostaria de ter pego os dados de contato deles e de outras pessoas que encontrei ao longo do caminho, mas infelizmente não o fiz. Espero que estejam bem e que tenham tido um “Boun Camino”.
Isso completa o post do meu sexto dia no Caminho. Se você estiver acompanhando, você tem meu compromisso que vou terminar todos os 14 posts que me propus a escrever, mas pode levar um tempo.
Obrigado pela sua atenção.
EyeCycled Bike VLog - Pedalada do parque South Hill em Bracknell para o Castelo de Windsor
Caminho de Santiago, Dia 5: De Santo Domingo de la Calzada para Hornillos del Camino

Olá mais uma vez e bem-vindo ao quinto post sobre o quinto dia da minha peregrinação de bicicleta pelo caminho de Santiago no dia 29 de maio de 2015. Completamos esta etapa de 97.26 Km de Santo Domingo de la Calzada para Hornillos del Camino em 7h e 36m, dos quais 5h 38m foram em movimento.
Este “post” provavelmente vai ser mais curto que os anteriores, não porque tenho menos a escrever, mas porque tem sido difícil encontrar tempo para produzir estes posts e vídeos e também porque pedalamos mais nesse dia que nos anteriores e assim paramos menos vezes para fotos, etc. Por favor, entre em contato se você tiver alguma pregunta que não for respondida aqui.
Eu deixei o albergue em Santo Domingo as 8 horas da manhã, como de costume, mas Fernando decidiu sair 1h antes e por isso pedalamos os primeiros 70 Km até Burgos cada um por si. Nos encontramos em Burgos mais tarde para almoçarmos juntos.

O “Caminho” não é só a rota a ser feita, mas também um tempo para se refletir sobre a vida e esse tipo de reflexão é melhor feita sozinho. No tópico “reflexões” uma coisa interessante que reparei durante a peregrinação é que os peregrinos, mesmo quando andando em pares ou acompanhados tendem a estarem bastante mergulhados em seus próprios pensamentos e com frequência caminham em total silencio. É claro que também tem muita risada e alegria, mas para muitos a peregrinação tem um sentido espiritual e provem a eles um tempo para pensar na vida até aquele ponto. É por essa causa que muitos peregrinos mudam seus estilos de vida após a peregrinação, não por causa do caminho em si. Eu honestamente acredito que isso algo que todos nós deveríamos fazer com uma certa frequência (uma vez a cada 2 ou 3 anos, talvez). Dar-nos tempo para refletir sobre nossas vidas, mas não para ficarmos sentados no sofá da sala sentindo pena de nós mesmos. Enquanto se caminhar ou se pedala o pensamento toma uma forma interessante e produz um maravilhoso efeito de claridade. Algo a ver, provavelmente, com o fato de que você não está apenas mentalmente, mas também fisicamente ativo, e que faz a reflexão tomar uma forma positiva e muito agradável, até mesmo quando algumas lagrimas escapam dos olhos (ou para os machões lendo isso, quando insetos entram nos olhos). De alguma forma esse tipo de atividade permite que as pessoas enxerguem a si próprias de uma perspectiva distinta pois a mente não está pensando em um “loop” interno, mas também está ativa com coisas que a gente a gente nem da atenção (atos reflexos) como evitar os obstáculos do caminho (pedras, buracos, etc.), respiração, batimento cardíaco, fatiga muscular, etc. Aqui vai a sugestão: De uma volta no quarteirão caminhando hoje e pense a respeito disso. Depois de pensar tome a iniciativa! Não precisa ser uma peregrinação de 800 Km. Talvez uma escalada de montanha em um fim de semana já seja suficiente. Vai depender de quanto você tem para pensar… 🙂 É muito terapêutico.
Agora, de volta ao dia 5, e parece que este post não vai ser tão curto assim, afinal de contas… 🙂

Ao deixar Santo Domingo pedalei pela estrada, já familiar, N-120. Com exceção dos 4,5 Km em uma estradinha de terra paralela a estrada e que é usada pelos andarilhos, pedalei na N-120 até Burgos. Uns 3,5 Km depois de Santo Domingo, uma das pistas da N-120 vira estranhamente para a direita e se você continua pedalando adiante, como eu fiz, você acaba do lado errado da pista ou forçado a pegar a estradinha de terra paralela a estrada assim como eu. Se você não quer pedalar no mesmo caminho dos andarilhos, eu aconselharia a ficar na N-120 que também vai te economizar algo como 1 Km na jornada. Mesmo que você pegue a estrada de terra, ao chegar a um vilarejo chamado Grañon uns 4,5 Km adiante você tem como voltar para a N-120, sem muito problema.

Com relação ao resto do caminho para Burgos o vídeo “fala” por si. Eu realmente gostei dessa pedalada. Uma ótima estrada, plana e sem buraco algum e uma temperatura muito agradável. A estrada cruza campos verdes de trigo e outras plantações. O caminho é praticamente todo plano, com exceção da longa subida de 4 Km após Villafranca Montes de Oca. A inclinação de 6% pode ser desafiante por causa da distância, mas é perfeitamente gerenciável. Não precisei empurrar a bicicleta nenhuma vez. Ao chegar no topo você se encontra no ponto mais alto deste percurso a 1.155m acima do nível do mar. Havia um pouco de neblina no topo quando cheguei lá.

Burgos é a próxima grande cidade no Caminho. É a capital da província de Burgos e antiga capital da coroa de Castela. Cheguei em Burgos pouco antes da 1 da tarde e Fernando já estava lá esperando por mim. Fomos ao escritório de turismo carimbar nossas credenciais e depois nos sentamos ao ar livre para almoçar em um dos muitos restaurantes ao redor da Catedral. Gostaria de ter passado mais tempo nessa cidade que parece ser muito interessante. Eu não entrei na catedral, mas de fora ela é majestosa.

Além da Catedral, Burgos tem também uma interessante arquitetura Gótica assim como o arco de Santa Maria que era o antigo portão de entrada da cidade.

Depois de Burgos pedalamos juntos por mais 27 Km até Hornillos del Camino, onde paramos para pernoitar. Nós decidimos continuar pedalando pela estrada, mas demos uma volta bem grande. Se você não quiser ficar na estrada acredito que pode economizar pelo menos uns 10 Km da sua jornada se ao passar a cidade de Tardajos você virar à esquerda em direção ao vilarejo de Rabé de las Calzadas e daí pegar a trilha dos andarilhos para Hornillos del Camino. Não posso falar de experiência própria sobre o desafio que esta rota seria para ciclistas, mas pelo que ví no Google Maps não aparenta ser muito mal (parece ser em pequenas estradas de terra). Acho que valhe a pena pelo tempo e distância a economizar. Nós chegamos em Hornillos as 15 para 5 da tarde.

Em Hornillos nos hospedamos em um albergue recém reformado chamado “Meeting Point“. Ao chegarmos já havia bastante gente aproveitando o solzinho do final de tarde no jardim do albergue, tocando violão e cantando. O pernoite custou 8€ e também aproveitamos para usar a máquina de lavar para lavar algumas roupas (4€ com sabão incluído). A roupa secou rapidinho pois ainda teve algumas horas de sol depois das 5. O albergue é ótimo, mas o vilarejo, entretanto, parece não ter infraestrutura para receber tantos peregrinos. Conseguimos achar apenas 1 pequeno restaurante aberto onde havia uma fila imensa de gente esperando para jantar. Acabamos por comprar um sanduiche no único mercadinho que encontramos aberto no vilarejo e comemos na cozinha do albergue, junto com outros peregrinos com os quais tivemos a oportunidade de compartilhar vinho e experiências. Pessoas da Austrália, Coréia do Sul, Holandeses, Alemães e muitos outros. Foi ótimo!
Bom, é isso aí… acabou não sendo nada curto este post, né?
Pessoas que me conhecem sabem que sempre tive dificuldade de ser sucinto… Tanta coisa para escrever. Pelo menos eu espero que não tenha sido uma perda de tempo para aqueles que leram até aqui. Em breve post do dia 6 vai estar pronto também… provavelmente bem curtinho como esse… 🙂
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