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Caminho de Santiago, Dia 12: Las Herrerías para Sarria

Bem-vindo ao post sobre o 12o. dia da minha peregrinação de bicicleta pelo caminho de Santiago no dia 5 de junho de 2015. Completei esta etapa de 63.82 Km de Las Herrerías para Sarria em 8h e 12m, dos quais 5h 14m foram em movimento.

Devo confessar que estava temendo ter que escrever sobre esse dia, pois foi nele que cometi o maior erro de navegação de toda peregrinação. Me senti (e ainda me sinto) como um tolo por ter cometido erros tão básicos, mas se este “post” e vídeos ajudarem a prevenir com que outros cometam os mesmos erros, então terá valido a pena. Meu ego terá que aceitar o impacto 🙂 Deixei o albergue in Las Herrerías por volta das 7:30 da manhã, uns 30 min antes do que estava acostumado nos dias anteriores. Eu sabia que o dia seria pesado e cansativo por causa das montanhas a minha frente. Fernando deixou o hotel uns 40 min antes, eu acho. Ele está acostumado a acordar com as galinhas.

Cheio de energia e disposição comecei a pedalar morro acima, mas sem meu navegador ao meu lado para indicar o caminho (meu senso de direção deixa muito a desejar), não demorou muito para eu cometer o primeiro erro. Quando cheguei a uma encruzilhada e tive que decidir se continuava na pequena estrada que vinha pedalando (a CV-125/1) na direção de La Faba ou se pegava outra pequena estrada na direção de Laguna (a CV-125/15), decidi continuar no sentido de La Faba (não havia nenhuma seta amarela indicando qual caminho seguir).
Devo acrescentar que este erro diz respeito apenas aqueles peregrinos que estão fazendo a peregrinação de bicicleta. O caminho que eu tomei foi essencialmente o mesmo que os peregrinos a pé tomam, o qual, após passar pelo vilarejo de La Faba é totalmente inadequado para a maioria dos ciclistas (ou Bicigrinos, como alguns os chamam). É uma trilha de 4 Km morro acima cheia de pedras e obstáculos. Eu acho que até mesmo aqueles que vão a pé, com uma pesada mochila nas costas, devem sentir muita dificuldade neste trecho, que dirá aqueles que se metem a fazê-lo de bicicleta. Para todos aqueles lendo este artigo e planejando fazerem a peregrinação de bicicleta, façam a vocês próprios um favor e peguem a pequena estrada para La Laguna. Ela é uns 2 Km mais longa, mas vale a pena, acreditem.

A pior parte desses 4 Km na verdade não foi nem ter que empurrar a bicicleta morro acima. Foi a enorme quantidade de moscas devido à grande quantidade de bosta de cavalo no caminho. Em Las Herrerías é possível se alugar cavalos para carregar as mochilas e outras cargas (não é uma chantagem uma vez que o peregrino sobe o Cebreiro a pé de qualquer forma… os cavalos apenas levem a carga). Obvio que os cavalos deixam “traços” para trás. Cheguei em La Laguna com um sentimento de vitória, mas estava realmente cansado de empurrar a bicicleta por 4 Km e por isso foi também uma subida demorada. Tao devagar, de fato, que naquele ponto alguns peregrinos que estavam a pé e que haviam deixado o albergue depois de mim me alcançaram em La Laguna, pois eu havia parado por alguns minutos para beber um suco de laranja e comer uma banana. La Laguna, entretanto, ainda não é o topo do Cebreiro. Depois que La Laguna existem ainda uns 2 Km para se chegar ao topo e a subida foi íngreme o suficiente para me fazer desmontar da bicicleta e ter que empurra-la novamente (eu diria que em alguns trechos a inclinação é de aprox. 12%… São 150 metros de Ascenção em 2 Km).
Finalmente ao chegar no vilarejo de O Cebreiro eu parei para admirar a paisagem e tirar algumas fotos. Assim que terminei com as fotos decidi não entrar no vilarejo (o que eu devia ter feito) e seguir adiante. Infelizmente eu não vi a seta amarela que indicava para dentro do vilarejo, o qual deve-se cruzar para pegar a estrada LU-633 na direção a Liñares. Eu continuei na pequena CV-125/1 e com toda felicidade passei a pedalar morro abaixo no sentido errado por mais de 6 Km, até um ponto em que uma senhora fez u típico gesto de “não” com os dedos. Devo confessar que naquele momento eu já estava desconfiado do caminho que havia tomado, mas sabe-la Deus quando até onde eu teria continuado não fosse aquela senhora me avisar do meu erro. Ela explicou meu erro e pacientemente me instruiu sobre a melhor maneira de voltar para o caminho.

Anjos existem de várias maneiras e formas. Nos 6 Km que desci o morro até chegar a ela, não havia visto uma única viva alma pela estrada. Ela estava à beira da estrada, como que esperando por algo, vestida de camiseta branca e assim que me explicou o caminho certo foi embora. Todos somos anjos quando ajudamos a outras pessoas, mas para mim esse momento me tocou muito (depois, porque na hora fiquei muito puto comigo mesmo). Acreditem no que quiserem, mas para mim foi Deus que colocou aquela pessoa ali naquele momento para me avisar sobre o erro e me mandar de volta para o caminho certo. Por isso deixo aqui o meu “Muito obrigado senhor!”.
Bom, como você pode imaginar a frustração de ter que aceitar o meu erro, só foi menor pela realização que de agora teria que subir os 6 Km de volta morro acima, depois de uma manhã já bem cansativa, mas se era isso que o universo havia preparado para mim, era isso que eu tinha que fazer, e o fiz! Felizmente as instruções dadas pelo meu anjo foram claras e precisas e com algumas verificações pelo caminho não foi necessário voltar diretamente ao Cebreiro. Voltei ao caminho correto, próximo ao vilarejo de Liñares 1h e 38 min depois. Resultado do erro foi a “perda” de 2 h de viagem e a necessidade de pedalar uns 10 Km a mais nesse dia desnecessariamente, dos quais uns 8 Km foram morro acima.
Depois disso você poderia pensar que o resto do dia foi moleza… bem, não foi tão ruim, mas como passei a prestar mais atenção as setas amarelas, depois da localidade de Hospital, elas me levaram novamente a alguns trechos inadequados para bicicletas (elas têm em mente o peregrino que está a pé). Mesmo assim estes foram relativamente curtos se comparados aos que tive que fazer nestas condições pela manhã. Eu aconselharia que se você estiver pedalando neste trecho, você permaneça na estrada (LU-633) até aproximadamente 1 Km depois do vilarejo de Fonfria, onde então você pode voltar a seguir as setas amarelas se desejar, pois o caminho dos andarilhos a partir deste ponto é plano e sem maiores obstáculos e você “economizará” por volta de 2 Km em relação ao mesmo trecho no asfalto.
Se você decidir pegar o caminho dos andarilhos depois de Fonfria, conforme eu aconselho, mais ou menos 1 Km depois do vilarejo de Fillobal você terá a oportunidade de voltar a LU-633 novamente. Deste ponto em diante eu decidi que já tinha sofrido o suficiente para um dia e que iria permanecer na estrada, independentemente para onde as setas amarelas apontassem. Eu sabia que essa estrada me levaria a Samos e Sarria. Eu não sabia ao certo em qual dessas duas cidades eu me hospedaria, mas a intenção era de pedalar pelo menos até Sarria.
Ao longo dessa estrada passei por pequenos vilarejos e cidades como Pasantes, Triacastela (onde encontrei com um peregrino em um triciclo reclinado, puxando atrás de si um trailer que continha uma caixa onde viajava seu cachorro), San Cristovo do Real, Renche, San Martiño do Real e Samos. Eu não sabia naquele momento, mas foi em Samos que o Fernando havia decidido parar naquele dia. Cheguei em Samos ainda as 2 da tarde e achei que estava muito cedo para parar e por isso decidi seguir para Sarria. Parei apenas por alguns minutos para carimbar meu passaporte de peregrino no albergue municipal se segui viagem. Adiciono aqui algumas fotos tiradas pelo Fernando, a pesar de eu próprio não tem vivenciado a cidade. De Samos para Sarria foram mais 12 Km, mas eu estava bem cansado de tanta subida neste dia, por isso decidi parar mais cedo em Sarria para descansar. No caminho a Sarria passei por pequenas vilas com nomes gauleses bem distintos, como A Ferrería, Teiguín, O Vao até chegar a Sarria por volta das 3 da tarde. Sarria é uma cidade bem desenvolvida e eu segui as setas amarelas na esperança que me levariam a um albergue.

Por pura sorte, ao pedalar por uma rua da cidade passei ao lado de uma loja de souvenires e dei uma olhadinha para dentro, sem intenção de parar. Nesse momento em vi Marcelo e Alice dentro da loja. Resolvi parar para dar um “oi” e perguntar onde eles tinham a intenção de permanecer naquele dia. Eles ainda não sabiam se ficariam em Sarria ou seguiriam mais uns Km adiante, mas quando lhes falei que iria ficar ali decidiram parar também e me fazer companhia. Perto da loja de souvenires havia um albergue particular chamado Casa Peltre. Alice entrou no albergue para dar uma olhada e voltou dizendo que achava que era muito bom. O pernoite foi € 10 e o albergue é limpo e confortável com uma fascinante decoração (deem uma olhadinha no site deles para mais fotos). Maria, a “hospitaleiro” que nos recepcionou é uma pessoa super legal.
O albergue é pequeno e dispõe de apenas 22 leitos distribuídos em 3 quartos. Um grande quarto com 14 camas (6 beliches) e mais 2 quartos com 4 camas cada (2 beliches). O albergue dispõe de 2 espaçosos e muito limpos banheiros, com duchas de pressão e ótima água quente. Também dispõe de uma cozinha completa e uma área de refeições no andar de cima.

Depois de um banho, o Marcelo e eu saímos para procurar algo para comer. Alice estava se sentindo muito cansada e resolveu ficar no Albergue. Achamos um restaurante de Kebabs no calçadão do rio Sarria e enchemos a barriga de Kebabs. Saímos de lá para caminhar mais um pouco por volta da cidade até encontrarmos um “tapas bar” chamado “Mesón O Tapas” e tomamos umas deliciosas cervejas espanholas bem geladas.
Foi um dia de emoções variadas: O aspecto físico do desafio de empurrar a bicicleta no caminho entre La Faba e o Cebreiro, as frustrações dos erros de navegação que eu cometi nesse dia, a benção de ter tido em meu caminho um anjo que me trouxe novamente ao caminho certo e a alegria de ter encontrado no final do dia bons amigos da Caminho. Com certeza o dia teria sido melhor sem os erros que eu cometi, mas daí eu não teria aprendido a errar e não teria essa oportunidade de passar a experiência para frente. Foi um dia bom, no final das contas. Bem, isso conclui o post sobre o 12. dia da peregrinação. Por favor deixe comentários, perguntas ou pelo menos indique se você gostou ou não ao clicar nas estrelas abaixo.

Pedal de Bath para Bristol via circuito de 2 tuneis.
Feliz Natal de EyeCyled.com
Caminho de Santiago, Dia 11: El Acebo de San Miguel para Las Herreiras

Bem-vindo ao post sobre o 11o. dia da nossa peregrinação de bicicleta pelo caminho de Santiago no dia 4 de junho de 2015. Completamos esta etapa de 61,89 Km de El Accebo de San Miguel para Las Herrerías em 6h e 12m, dos quais 3h 58m foram em movimento.

Deixei o albergue de 5 estrelas “La casa del peregrino” por volta das 8 da manhã, como de habito. Como de habito também, o Fernando já havia deixado o albergue 1 hora antes. De acordo com meu Garmin, El Acebo está situado a uma altitude de 1130m e em um período de apenas 15 min eu desci quase que 500 m de altitude e cobri mais de 10 Km de distância. A única coisa que me impediu de pedalar ainda mais rápido foram as constantes curvas fechadas na estrada, uma das quais quase me “traiu” me forçando a ir para a pista contraria da estrada. Graças a Deus não havia trafego no sentido contrário, senão poderia ter sido um problema. Em Molinaseca a altitude se nivelou e se manteve mais ou menos constante durante toda a pedalada nesse dia.

Ao chegar no vilarejo de Molinaseca, parei apenas por alguns instantes para tirar algumas fotos sobre a antiga ponte de pedra sobre o rio Meruelo, que foi construída nos tempos Romanos.

A próxima cidade foi Ponferrada. Ao chegar no centro da cidade encontrei o Fernando tirando fotos. Esta cidade tem uma interessante mistura de novo com antigo e teria valido a pena se pudesse ter ficado um dia lá. Acredito que uma das maiores atrações na cidade é o antigo castelo dos templários.

Ele está muito bem preservado e é uma estrutura medieval muito impressionante, tendo todas as características que se pode esperar de um castelo fortificado dessa época.

Fernando e eu fizemos uma parada para o café da manhã em um dos restaurantes em frente ao castelo.

Depois de Ponferrada, pedalamos através de pequenas cidades e vilarejos como Camponaraya, Cacabelos, Pieros e Villafranca del Bierzo, onde paramos novamente por uns 15 min para descansar um pouco e comer e beber algo.
Villafranca del Bierzo é uma antiga cidade medieval com uma arquitetura muito interessante. Destaque para o Castelo de Villafranca, a igreja San Juan e outros prédios religiosos como o colegiado de Santa Maria e os conventos, assim como a estreita ponte sobre o rio Burbia que oferece uma bela paisagem da cidade.

A rota então seguiu por um caminho tortuoso, como uma serpente, na estrada N-VI que permeia a magnifica autoestrada A-6 (Autovia del Noroeste), cruzando por baixo da autoestrada várias vezes. Com muitos tuneis e grandes pontes sobre os vales abaixo, cujas pilastras de sustentação são bastante visíveis a partir da estrada que estávamos, a N-VI.

Esta estrada também segue ao longo do pequeno rio Valcarce que empresta seu nome a vários vilarejos e cidades ao longo do caminho. A N-VI tem uma ciclo-faixa compartilhada com pedestres e protegida por um muro de concreto. Ao pedalar por esse trecho a medida que olhava para o rio logo abaixo e a exuberante vegetação nas suas margens me veio à cabeça que as pessoas que atravessam essa região a 120 Km/h na autoestrada acima não fazem nem ideia da beleza natural que está logo abaixo deles. Este tipo de experiência só é possível em formas mais lentas de transporte, como ciclismo, ou para aqueles que fazem o caminho a pé.
Ao longo desse caminho cruzamos por vilarejos ou pequenas cidades como Pereje, Trabadelo, La Portela de Valcarce, Ambasmestas, Vega de Valcarce, Ruitelán até chegarmos em Las Herrerías onde decidimos parar.

Las Herrerías é um pequeno vilarejo que fica antes da subido ao “El Cebreiro”, uma das montanhas mais desafiantes do caminho. Nós também já víamos ao longe uma tempestade se formando no horizonte, por isso fazia todo o sentido parar lá. Até onde eu sei existe apenas 1 albergue de peregrinos em Las Herrerías é o nome é… Albergue Las Herrerías.

O pernoite no Albergue custou 8 € e o albergue pertence a uma jovem e agradável senhora que fala muitos idiomas (escutei ela conversando em Espanhol, Alemão, Inglês e Frances) e estritamente vegetariana. Ela oferece refeições no Albergue também, mas sem carne alguma.

Ela prepara a comida ela própria e não existe escolha (o menu é um só). Acredito que pagamos 12 € pela janta que teve sopa, um tipo de salada como prato principal e de sobremesa um pedaço de torta de cenoura que ela fez no mesmo dia. Estava delicioso, mesmo para quem, como eu, não é vegetariano. Acho que além do albergue existe apenas 1 outro local no vilarejo onde se possa fazer uma refeição.

O albergue tem essencialmente apenas 2 quartos na parte superior. Um grande quarto com algo como 10 beliches e um pequeno quarto separado para um par ou casal de peregrinos que custa um pouco mais (acho que 12 €). Na parte de baixo encontram-se as áreas sociais como uma pequena recepção, 2 banheiros / toaletes (limpos e com boas duchas), uma lavanderia com máquina de lavar e secar e a sala de jantar com uma mesa grande e uma pequena.

Depois de tomar um banho e lavar algumas peças de roupa a mão fui dar uma caminhada pelo vilarejo e tirei algumas fotos do riacho “Las Ramas” que passa ao longo da vila. Pouco depois veio a tempestade e um raio aparentemente deixou a vila inteira sem energia por mais de 1 hora. Gastamos o tempo conversando com os outros peregrinos de várias partes do mundo e jogando cartas. Foi uma noite muito agradável. A política “No Wi-Fi” do albergue funciona.

As pessoas deixam seus telefones celulares de lado a passam a conversar umas com as outras.
E assim encerramos o 11o. dia de peregrinação. Por favor deixe comentários, perguntas ou pelo menos indique se você gostou ou não ao clicar nas estrelas abaixo.
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EyeCycled agora é PRO! (de uma certa maneira, quer dizer...)
Caminho de Santiago, Dias 9 e 10: De Astorga para El Acebo de San Miguel

Camino de Santiago, Day 9, From Astorga to El Acebo de San Miguel [GPX file]

Bem-vindo a mais um post sobre nossa peregrinação de bicicleta pelo Caminho de Santiago. Este artigo é especial pois cobre 2 dias da nossa peregrinação, o nono e décimo dia (bem, essencialmente não houve peregrinação no 10o. dia). No dia 2 de junho de 2015 completamos a rota de 39.5 Km de Astorga para o vilarejo de El Acebo de San Miguel em 4h e 30m, dos quais 3h 21m foram em movimento. No dia seguinte, 3 de junho, resolvemos fazer uma pausa na peregrinação. Acordamos tarde e permanecemos praticamente o dia todo no Albergue com apenas uma pequena caminhada pelo vilarejo para almoço.
Dia 9: De Astorga para El Acebo de San Miguel.

Fui o último a deixar o albergue em Astorga nesse dia, nenhuma surpresa. Fernando já havia deixado a mais de 1 hora e eu sai uns 15 minutos depois do Marcelo e da Alice. Simplesmente levei mais tempo para arrumar as coisas na bike, mas e daí? Eu não estava com pressa.
Eu acho que a rota de Astorga a El Acebo foi uma das mais bonitas do Caminho. Foi meio desafiante em alguns trechos, uma vez que depois de Rabanal del Camino existe uma longa subida de 8 Km de extensão com uma altimetria de 500m (de 1000m em Rabanal até mais ou menos 1500m pouco antes da Cruz de Ferro), mas eu estou me adiantando novamente.

Logo após sair de Astorga na rodovia LE-142 passei por uma capela chamada “Ermita del Ecce Homo” (Capela de Jesus Cristo), uma casa do século 17 onde peregrinos podem descansar e encher suas garrafas de água.
Depois de Murias de Rechivaldo, deixei a rodovia para pegar um caminho de terra, o mesmo usado pelos peregrinos que andam a pé. O transito de peregrinos nesse trecho estava intenso o que me forçou a ir devagar, mas não precisei permanecer no caminho de terra por muito tempo. Depois de 3 Km encontrei com a rodovia vicinal LE-6304 e continuei no asfalto até a vila de Santa Catalina de Somoza.

Este trecho de terra foi provavelmente o maior de todos o dia (mais alguns outros que de tão pouca extensão não vale nem a pena mencionar). Depois de Santa Catalina de Somoza cruzei através do vilarejo de “El Ganso” seguindo na LE-6304 rumo a Rabanal del Camino, onde encontrei com Fernando e parei para beber e comer algo.

Poucos minutos depois chegaram o Marcelo e a Alice também e permanecemos ali mais algum tempo descansando e conversando. Foi nesse tempo que uma “figura” do Caminho passou por nós a pé. Eu não quem esse peregrino era e acredito que ele não caminhou o percurso todo até Santiago, pois o encontramos em outras ocasiões ao longo do Caminho e até mesmo ao chegarmos em Santiago, mas nas porções que ele caminhou ele o fez vestido como soldado templário e carregando uma grande bandeira nas costas. Isso deve explicar porque eu o chamei de “figura” do caminho antes.

Depois de Rabanal a longa subida, como mencionado, foi gratificada pela maravilhosa vista das montanhas e pelas multicoloridas flores e vegetação silvestres na beira da estrada. A subida é longa, mas não é muito inclinada, com exceção de um pequeno trecho uns 500m passando de Foncebadón, onde a inclinação aumenta para talvez algo em torno de 15%. Eu e Fernando tivemos que empurrar as bicicletas neste trecho, mas ele não é muito longo.

Depois de Foncebadón chegou a outro marco do Caminho de Santiago, a Cruz de Ferro. É um monumento que consiste de um poste de madeira de aprox. 10m com uma cruz de ferro no topo. Na sua base existe um monte de pedras que foi formado pelas pedras trazidas pelos peregrinos e lá deixadas ao longo dos anos. Diz a lenda que quando a catedral de Santiago estava sendo construída, os peregrinos eram solicitados a trazem uma pedra para contribuir na sua construção.

A tradição agora é trazer uma pedra da região de origem do peregrino e deixa-la lá, simbolizando as coisas que o peregrino quer deixar para trás na vida e o ato de nascer de novo ao longo do resto do percurso até Santiago.

Eu não trouxe nenhuma pedra comigo, mas acredito que deixei algo lá e ganhei a satisfação de ter alcançado esse local com as forças de minhas próprias pernas. Fernando e eu chegamos lá juntos e alguns minutos depois reuniram-se a nós o Marcelo e a Alice também.

Ficamos todos ali por um bom tempo, descansando, conversando e observando a chegada dos outros peregrinos ao local.
Depois da Cruz de Ferro o caminho foi de uma longa e prazerosa descida até El Accebo com vistas magnificas das montanhas ao longo do caminho.

Fernando e eu acabamos nos separando de Marcelo e Alice que pararam em Manjarin, provavelmente atraídos pela bandeira Brasileira e pelas muitas placas e sinais que ali estavam.
Ao chegarmos em El Acebo eu vi um cartaz anunciando um albergue que havia sido recentemente construído e as fotos no cartaz eram muito convidativas. Decidimos ir dar uma olhada no Albergue e ao chegarmos lá quase não acreditamos nos nossos olhos. Se existe algo como um albergue de peregrinos de 5 estrelas, com certeza este se qualifica, mas vou deixar as explicações para o texto sobre o dia 10.
O vídeo abaixo em uma compilação do trecho da subida até a Cruz de Ferro.
Video da vista a partir da Cruz de Ferro e testemunho do Fernando.
Dia 10: Sem pedal, só descansando na “La Casa del Peregrino“, um recém construído Albergue de “5 estrelas” no Caminho.

Bem, dadas as excelentes instalações desse albergue e o preço decidimos nos presentear com um dia sem peregrinação depois dos 520 Km que já havíamos percorrido até aquele ponto.

Nós sabíamos que podíamos nos dar esse presente tanto do ponto de vista financeiro quanto de tempo, pois ainda tínhamos 11 dias de férias pela frente e apenas mais 300 Km para percorrer até Santiago.
Até aquele ponto nos havíamos nos hospedado em Albergues de Peregrinos bem simples com pernoite custando entre 5 € a 22 € (o primeiro albergue em Saint Jean). A grande maioria custou entre 8€ a 10 €.

Neste albergue o pernoite também era 10 €, mas o custo benefício dele foi muito superior. Não deixou de ser um Albergue, no sentido de que os quartos eram coletivos com vários beliches em cada um deles, mas até isso foi especial.

Por 10 € você recebe em troca uma cama com sua luz individual e 2 tomadas de energia apenas para você (um luxo de comparado aos antigo Albergues que havíamos nos hospedado antes) assim como seu próprio armário (a recepção fornece a chave do armário).

Wi-Fi também está disponível e parece que cobre todo o Albergue (bom pelo menos nos lugares que tentei acessar, como no nosso quarto e nas áreas comuns, mas não na piscina).

Você também ganha as fantásticas vista do Albergue, serviço de lavanderia (a um custo de 4 € por máquina – existem também tanques de lavar roupa fora com grandes varais para secar), um pequeno supermercado na parte de baixo, playground infantil, uma grande churrasqueira, muitas áreas para sentar do lado e fora e apreciar a vista, assim como um bar, recepção permanente e, acredite se quiser, uma piscina “olímpica” com uma agua cristalina, mas muito fria, proveniente diretamente das montanhas.

As toaletes, banheiros, duchas estavam impecavelmente limpos, eram modernos e com uma ótima pressão de água quente. Tudo controlado eletronicamente, desde o fluxo de água até os sensores de presença e as chaves de luz sensíveis ao toque (é meu lado “geek” tomando conta agora).

O quarto em que pernoitamos tinha 4 beliches (8 camas), mas na primeira noite não precisamos dividir o quarto com ninguém. Na 2a. noite dividimos o quarto com mais 4 peregrinos.

Sem querer diminuir os albergues que havíamos pernoitado nas noites anteriores ao longo do Caminho, foi muito bom ficar em um local onde tudo era novinho e com todos os benefícios do século 21 a nossa disposição.
Quanto a comida… Assim como em outros locais, o menu do peregrino do Albergue oferecia 3 opções de refeição incluindo entrada, prato principal e sobremesa, tudo acompanhado por Pão, água e vinho. Acho que vou deixar as fotos falarem por si e simplesmente dizer que estava tudo delicioso. Por 10 € a qualidade desta refeição é provavelmente imbatível em qualquer lugar do mundo.

Neste dia sem pedalar acordamos tarde e subimos até o topo da vila caminhando (o Albergue se situa uns 200 m depois do vilarejo), rua abaixo.

O vilarejo de El Acebo de San Miguel é bem pequeno, com apenas poucas casas ao longo da rua principal.

As casas são muito antigas com algumas poucas parecendo estar em péssimo estado de conservação (simplesmente uma pilha de pedras, na verdade). Caminhamos até ao topo do vilarejo, junto a fonte de água, e almoçamos em um local chamado “La Tienda”, que também oferece quartos a peregrinos. Como muitos outros vilarejos ao longo do Caminho de Santiago, El Acebo é extremamente dependente do turismo gerado pelos peregrinos e provavelmente durante o período de alta estação o número de peregrinos que permanece ali é muito superior ao número de habitantes.

Bem, aqui se encerra o relato do 9o. e 10o. dias da nossa peregrinação. Por favor compartilhe a página no Facebook, Twitter, etc e deixe comentários e perguntas ou pelo menos indique se você gostou ou não ao clicar nas estrelas abaixo (depois das fotos).
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