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Caminho de Santiago, dia 16 (17, 18 e 19): De Santiago de Compostela para Fisterra / Finisterre

Bem-vindo de volta a minha série sobre a nossa peregrinação de bicicleta pelo caminho de Santiago. Este será o mais longo da séria, mas será tambem o último.

Menu: Neste Post…

  1. Introdução
  2. Dia 16: De Santiago de Compostela para Fisterra / Finisterre
    1. Dia 16: Album de fotos
  3. Dia 17: Retorno de ônibus de Fisterra para Santiago e passeio pela cidade + a missa do Botafumeiro
    1. Dia 17: Album de fotos
  4. Dia 18: Viagem de carro de volta a Saint Jean Pied de Port e Pamplona
    1. Dia 18: Album de fotos
  5. Dia 19: Viagem de carro de Pamplona para Bracknell, UK
    1. Dia 19: Album de fotos

Introdução

A maioria dos peregrinos que chega em Santiago de Compostela, terminam suas peregrinações ali, mas um número substancial de peregrinos continua suas peregrinações, a pé ou de bicicleta, até Fisterra, como conhecida em Galego, ou Finisterre, seu nome em Espanhol. Fisterra é a cidade mais próximo do Cabo Fisterra, o ponto mais ao Oeste da Europa, que os antigos Romanos acreditavam ser o fim do mundo conhecido, por isso seu nome.

Se você leu meu último post a respeito da nossa chegada em Santiago, você sabe que o dia seguinte permanecemos em Santiago para conhecer a cidade um pouco melhor e que no dia 9 de junho eu decidi continuar o pedal de Santiago até Fisterra. Este foi efetivamente o 16o. dia  de peregrinação e fiz esta etapa de 94,45 Km de Santiago a Fisterra em 8h e 43 min, dos quais 5h e 53 foram em movimento.

Neste post vou escrever não apenas sobre este dia, mas sobre os 3 dias seguintes também. No dia 10 de Junho retornei a Santiago e passeie um pouco mais na cidade e nos dias 11 e 12 de Junho retornamos para Saint Jean / Pamplona e para a Inglaterra respectivamente.

Dia 16: De Santiago de Compostela para Fisterra / Finisterre de bicicleta

Albergue Fin del Camino, Santiago de Compostela
Albergue Fin del Camino, Santiago de Compostela

Como eu estava indo para Fisterra por apenas 1 dia, eu usei apenas 1 dos alforjes para levar comigo apenas o essencial. Isso incluiu o saco de dormir, uma muda de roupa, havaianas, itens de higiene pessoal e a parafernália eletrônica para gravar e tirar as fotos. Foi muito útil ter a minha disposição o grande armário de metal no albergue e como Fernando havia decidido ficar em Santiago ele podia dar uma olhada nos poucos itens que não couberam no armário.

Se você decidir estender sua peregrinação de bicicleta até Fisterra essa é uma ótima opção, mas se você estiver caminhando a caminhada provavelmente vai durar 3 dias e não sei se é uma boa ideia deixar suas coisas no Albergue. Se você estiver caminhando você provavelmente vai precisar levar tudo consigo de qualquer maneira, pois estará em caminho por mais tempo.

Deixei o albergue pouco depois das 8 da manhã e cruzei pelo centro de Santiago para tentar capturar mais umas fotos da catedral. Me perdi um pouco, pois apesar de ter caminhado bastante pelo centro no dia anterior, ainda tinha sido o suficiente para me familiarizar com as pequenas ruas do centro que as vezes parecem ser muito parecidas umas com as outras.

Novamente eu usei Google Maps para me guiar até Fisterra e como já mencionei antes, essa tecnologia não é 100% garantida, especialmente pelo fato que na Espanha as rotas ciclísticas ainda não estão disponíveis no Google Maps, por isso eu usei as rotas dos andarilhos. Não quis usar a rota sugerida para automóveis com receio que o Google Maps me guiaria para uma autoestrada ou uma estrada muito movimentada.

Achar o caminho para sair de Santiago foi fácil, apesar de existirem bem menos indicações do que para se chegar em Santiago. Pouco antes de entrar na AC-453, que era a principal estrada para sair da cidade, eu parei em um Café para tomar café da manhã, pois não havia comido nada ao deixar o albergue. Depois do café pedalei uns 4 Km na AC-453 até chegar em uma rotatória cerca de 1 Km depois de Roxos, onde eu virei a direta no sentido de Portela de Villestro e Ventosa. Um fato estranho que percebo ao olhar o percurso agora é que na rotatória a estrada se dividia, mas ambos lados continuarem sendo chamados AC-453. Não entendo bem o sistema de nomeação de estradas na Espanha.

Se você decidir pegar a mesma rota que eu, uns 2 Km depois de Ventosa, prepare-se para algumas subidas que com uma bicicleta carregada podem ser meio desafiantes. Como eu estava consideravelmente mais leve, eu consegui subir sem precisar empurrar, se bem que bem devagar.

Rio Tambre
Rio Tambre
Vista do rio Tambre a partir da ponte.
Vista do rio Tambre a partir da ponte.

Depois de Augapesada você vai cruzar por uns trechos de florestas em ambos os lados da estrada. O Google Maps sequer mostra o nome dessas estradinhas, mas apesar de serem pequenas e um pouco estreitas o asfalto é bom. A próxima pequena cidade no caminho é Negreira, mas antes de chegar lá você vai cruzar por pequenas vilas como Castiñeiro do Lobo, Carballo e vai cruzar também sobre o rio Tambre em uma bonita ponte de pedra que te fornecera algumas oportunidades de tirar umas fotos legais. Pouco antes da ponte havia um restaurante que eu gostaria de ter parado por uns instantes, mas ele estava fechado quando eu cheguei. Depois de cruzar o rio você também vai passar na vila de Barca antes de chegar a Negreira.

Eu parei apenas por alguns minutos em Negreira para pedir informações e para conversar com um grupo de ciclistas portugueses que também estavam pedalando para Fisterra. A cidade parece ter uma boa infraestrutura e talvez seja uma boa opção se você está caminhando para Fisterra e consegue fazer em 1 dia os 24 Km do albergue em Santiago até lá.

Muralhas da cidade de Negreira.
Muralhas da cidade de Negreira.

Depois de Negreira a densidade populacional parece diminuir e a distância entre os vilarejos parece aumentar, mas isso pode ter sido apenas impressão minha. O Google me guiou para a DP-5603 na direção de Zas. Depois de uns 10 Km na DP-5603, uns 3 Km depois da vila de A Pena, o Google me instruiu a deixar a estrada e pegar umas estradinhas vicinais, que apesar de bem estreitas tinham um bom asfalto. Admito que fiquei meio com o pé atrás de sair da estrada principal, mas eu segui as instruções do Google Maps mesmo assim, até uns 3 Km depois quando perdi o sinal de celular. Felizmente o Google havia armazenado informações suficientes no telefone que me permitiram ter uma ida sobre a direção a tomar, mas olhando para o mapa agora, enquanto escrevo estas linhas, observo que havia um caminho um pouco mais curto, através do vilarejo de Vilaserio, para se chegar ao vilarejo de Pesadoira. O caminho que eu tomei tinha bastante subida e muitas curvas.

As letras são formadas de plantas vivas (grama, eu acho)
As letras são formadas de plantas vivas (grama, eu acho)

Pouco antes de chegar em Pesadoira consegui algumas informações de dois fazendeiros e segui adiante para Cuíña, San Fins de Eirón e Corveira antes de retornar a uma estrada principal, a AC-400. Com apenas 1 Km na AC-400 o Google já me mandava sair da estrada novamente, mas por sorte consegui pegar informações com um amável fazendeiro que estava em cima do seu trator. Ele desligou o motor, desceu do trator e veio conversar comigo. Batemos um bom papo de quase 5 min e ele me aconselhou a não seguir as sugestões do Google e continuar na AC-400 até Pino do Val. Eu opto por informações de nativos na maioria das vezes, mas nem sempre. Neste caso a recomendação estava correta, pois apesar do caminho na AC-400 ser bem mais longo, ele era plano e evitava subir uns morros bem altos. Foi a opção mais rápida e menos cansativa, apesar da distância maior. Em Pino do Val dobrei a direita na rotatória e peguei a DP-3404 na direção de A Picota e Mazaricos, na qual eu fiquei até pouco depois do vilarejo de Hospital. Antes de chegar a Hospital eu parei por uns 25 min no vilarejo de Olveiroa para tomar um suco de laranja feito na hora e comer uma banana. Olveiroa tem um albergue legal e parece ser um bom local para dormir se você está caminhando para Fisterra.

Depois de Hospital virei à esquerda e peguei a DP-2302 que me levou até a cidade de Cee. Existem várias pequenas vilas no caminho e alguns bons lugares para dar uma descansada se você quiser, como restaurantes de beira de estrada, etc.

Cidadde de Cee. Encontro com o mar.
Cidadde de Cee. Encontro com o mar.

Cee é a próxima cidade e onde você vai encontrar o mar pela primeira vez. Ela é bem colada em Corcubión e eu não sei onde uma cidade termina e a outra começa.

Cidadde de Cee. Encontro com o mar.
Lindas vistas para o mar ao longo do caminho.

Depois de Corcubión prepare-se para 3 Km de subida até alcançar a praia de Sardiñeiro de Abaixo. Pouco antes de Sardiñeiro existe uma área de camping que também pode ser uma boa opção para dormir e ela fica bem em frente à praia de Estorde, onde você também encontrará restaurantes para jantar. Depois de Sardiñeiro você vai basicamente seguir pela linha costeira e vai ter ótimas oportunidades de tirar boas fotos do mar.

Chegada em Fisterra
Chegada em Fisterra

O Google Maps indica que pouco antes de Fisterra existe um vilarejo chamado Escaselas, mas como ele parece ser colado com Fisterra eu achei que já havia chegado aos subúrbios da cidade.

Ao chegar em Fisterra dei um giro pela área do porto. A rua que você vai chegar em Fisterra termina bem em frente ao albergue municipal, mas de alguma forma eu não vi a placa. Depois de pegar informações com pessoas locais foi fácil achar o albergue. Fiz o “check-in” e recebi meu certificado de ter completado o caminho Jacobeo ao longo da assim chamada costa da morte.

Albergue Municipal em Fisterra
Albergue Municipal em Fisterra


Assim como muitos outros antes, o Albergue em Fisterra é simples, mas mais que suficiente. Não havia sinal de Wi-Fi no quarto onde fiquei, no andar superior do prédio. O quarto tinha algo como 5 ou 6 beliches. O Albergue municipal custou €6 e tem 36 camas. Ele conta com uma cozinha e lavanderia.

Pequena praia na cidade de Fisterra. o Castelo de San Carlos castle ao fundo, hoje um museu da pesca.
Pequena praia na cidade de Fisterra. o Castelo de San Carlos castle ao fundo, hoje um museu da pesca.

Tomei um banho e dei uma saída a pé para encontrar um local para jantar. Depois da janta caminhei um pouco pela cidade e voltei para o Albergue. Decidi não caminhar (ou pedalar) até o farol do cabo Fisterra, uns 3 Km da cidade, pois honestamente as variações climáticas do dia me enfraqueceram. Conforme a tradição, muitos peregrinos vão para o farol ao cair da tarde  para queimar uma peça de roupa ou um artigo que trouxeram consigo de sua origem para simbolizar a queima das preocupações deixadas para trás e o recomeço de uma nova vida.

Assim termina aqui a narrativa desse dia de pedal para Fisterra. Fui cedo para cama pois queria pegar o primeiro ônibus (por volta das 8:00h) de volta para Santiago para ter tempo de passear por lá um pouco e talvez assistir à missa do Botafumeiro.

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Album de fotos do dia 16 (Flicker)

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Dia 17: Retorno de Fisterra para Santiago de Ônibus, passeio pela cidade e a missa da Botafumeiro.

Parque Alameda em Santiago
Parque Alameda em Santiago


Eu consegui pegar o primeiro ônibus de volta para Santiago e consegui também colocar minha bike no bagageiro do Ônibus sem precisar desmonta-la, apesar que, depois descobri que os outros passageiros simplesmente jogaram suas bagagens em cima da bike, o que não foi legal. Para ser correto, entretanto, devo admitir que a bike tomou um monte de espaço no bagageiro, por isso não posso reclamar. Felizmente não houve estrago nenhum na bike.

Não, elas não são reais...
Não, elas não são reais…

Como eu consegui pegar o “direto”, que para em menos lugares, cheguei em Santiago antes das 10:00h o que me deu a oportunidade de pedalar um pouco pela cidade e ver algumas áreas que eu tinha visto apenas de longe nos dias anteriores, como o Parque Alameda no centro, cheio de oportunidades fotográficas para serem clicadas.

Uma vez que o Albergue Fin del Camino não abre até as 11:00h programei meu passeio de maneira a chegar no albergue por volta do horário de abertura.

A famosa missa do Botafumeiro na catedral de Santiago de Compostela."
A famosa missa do Botafumeiro na catedral de Santiago de Compostela.”

Ao chegar, tomei um banho, troquei de roupa e voltei caminhando ao centro da cidade para assistir à missa. Fernando havia feito alguns novos amigos no albergue e havia decidido ir com eles de Ônibus para Muxia. Quando cheguei na catedral a missa já havia iniciado, mas ainda em tempo de assistir ao Botafumeiro.

Depois da missa fui novamente caminhar pelo centro e fazer umas comprinhas (lembranças para família e amigos). Fiquei 3h caminhando e voltei para o Albergue no final da tarde. No dia seguinte tinha que acordar cedo para ir ao aeroporto pegar o carro de aluguel que havíamos reservado a partir da Inglaterra, por isso as 22:00h eu já estava na cama. Foi um dia de pouco pedal, mas de muita caminhada, por isso eu estava bem cansado.

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Album de fotos do dia 17 (Flickr)

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Dia 18: Retorno a Saint Jean Pied de Port e Pamplona.

Aeroporto Internacional de Santiago de Compostela.
Aeroporto Internacional de Santiago de Compostela.

No dia seguinte levantei da cama por volta das 7:00h, pois tinha que estar no Aeroporto as 9:00h para pegar o carro de aluguel na Hertz Rental. Existe um ônibus que passa na avenida N-634 (a avenida a 2 quadras do albergue, ao lado do shopping center) que vai direto ao aeroporto e o ponto de ônibus é bem em frente à igreja de San Lazaro, menos de 10 min caminhando a partir do Albergue. A viagem de ônibus até o aeroporto dura por volta volta de 25 min. Para aqueles que deixam Santiago de avião esta também é uma boa dica.

Ao chegar no aeroporto havia já uma pequena fila no balcão da Hertz, mas fiquei muito feliz em receber um “upgrade” grátis para um carro maior (um Renault Megane), o que significou que foi mais fácil carregar as bikes no carro e que tínhamos mais espaço para as pernas também. Estou ciente que muitos peregrinos, assim como nós, precisam voltar para Santiago. Alugar um carro não é a opção mais barata se você está fazendo a peregrinação sozinho, mas se você estiver em um grupo de no mínimo 2 pessoas os custos já começam a se equipar com os custos das passagens de trens e ônibus.

Antes de sair da Inglaterra, minha pesquisa pela internet indicou que o preço da passagem de trem de Santiago para Pamplona seria de aprox. €40 para cada um (€80 para nós dois), não levando em consideração possíveis adicionais por causa das bicicletas. A viagem de trem dura, aparentemente, 9h e teríamos que pegar no dia seguinte um ônibus de Pamplona para Saint Jean cujo tíquete, segundo minha pesquisa, custa por volta de €20 para cada um, sem contar possíveis adicionais pelas bicicletas. Portanto, eu calculei que o custo estimado para nós dois retornarmos de trem e ônibus para Saint Jean seria por volta de €130. Como nós pagamos £80 pelo aluguel do carro e mais €45 de combustível o custo total do retorno de carro foi por volta de €150. Na minha humilde opinião, o conforto de poder partir quando quiséssemos e pegar a rota que quiséssemos, agregado a maravilhosa vista do litoral norte da Espanha, valeu os estimados €20 de diferença.

Pontes altas ao longo do caminho.
Pontes altas ao longo do caminho.

Ao retornar de carro para o albergue, carregamos as bikes e a bagagem e antes de pegarmos a estrada paramos em um café perto do albergue para tomar café da manhã. Decidimos pegar a rota do Norte e dirigimos na autoestrada AP-9, também conhecida como Autopista del Atlántico, até A Coruña e continuamos pelo norte na direção de O Ferrol seguindo a rota da costa em estradas e autoestradas pelas cidades de Oviedo, Santander e Bilbao.

Se você gosta de dirigir, eu recomendo muito esse roteiro. As grandes pontes sobre vales, as vistas do mar e os inúmeros tuneis fazem desta rota uma atração em si própria. Existem alguns pedágios no caminho (consigo lembrar de pelo menos 1 junto a entrada de um túnel em Bilbao), mas os preços não são nada parecidos com os ridículos valores praticados na França (algo por volta de €1,30 ou €2). Antes mesmo de sair da Inglaterra, eu estava bastante entusiasmado para dirigir por essa rota no norte da Espanha e não fiquei desapontado.


20150611_140046A viagem de volta a Saint Jean durou por volta de 8h a ao chegarmos em Saint Jean meu carro estava exatamente como o havíamos deixado 3 semanas antes. Transferimos as bikes e bagagens do carro de aluguel para meu carro e enquanto eu dirigi o carro de aluguel, Fernando dirigiu meu carro para Pamplona, pois era no Aeroporto de Pamplona que tínhamos que retornar o carro de aluguel.

Passe Roncevaux (Ibañeta) a 1057m. 6h de bicicleta, 20 min de carro.
Passe Roncevaux (Ibañeta) a 1057m. 6h de bicicleta, 20 min de carro.

A pequena viagem de Saint Jean para Pamplona foi muito interessante também, pois fizemos de carro praticamente o mesmo caminho que havíamos feito de bike 3 semanas antes. Levou apenas uns poucos minutos para chegarmos no Passe Roncevaux (Ibañeta) a 1057m acima do nível do mar, enquanto que 3 semanas antes levamos mais de 6h para chegar lá de bike. Isso me fez pensar como é fácil se deixar corromper pelos confortos da vida moderna.

Uma vez que eu havia programado meu TomTom para nos guiar para o aeroporto em Pamplona, depois de Roncesvalles ele nos fez sair da estrada principal e pegar estradas secundarias e eu tenho a impressão que o caminho pelo qual ele nos levou não foi o mais rápido. Acredite se quiser, só precisei abastecer o carro de aluguel a menos de 15 Km de Pamplona, o que significa que ele fez mais de 900 Km com um tanque apenas, o que eu achei uma média muito boa.

Chegarmos ao aeroporto em Pamplona por volta das 20:00h e já não havia mais ninguém no guichê da Hertz. Joguei a chave na caixa de “out-of-hours” e partimos para o centro da cidade para encontrar o local onde iriamos pernoitar nessa noite e que já havíamos reservado de Santiago. Não foi difícil encontrar.

Muralhas da Citadela, Pamplona (fotos de celular).
Muralhas da Citadela, Pamplona (fotos de celular).

Não sei se foi a excitação de um dia inteiro no volante, mas ao contrário do Fernando eu estava super acordado e sem sono nenhum. Tomei um banho e sai para caminhar pela cidade e procurar algo para comer. Não deu para ver muito de Pamplona nas 2h que passei caminhando, mas o que vi gostei muito. Pamplona,  fundada pelos Romanos entre 75-74 BC, parece ser uma cidade que conseguiu encontrar uma perfeita harmonia entre sua antiga história, através da sua era de cidade fortaleza, cujo principal exemplo é sua cidadela, até sua modernização. Gostei muito de suas largas avenidas e das áreas verdes que passei a caminho do centro da cidade. Definitivamente um lugar que eu gostaria de voltar com mais tempo se eu tiver uma oportunidade futura.

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Album de fotos do dia 18 (Flickr)

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Dia 19: Retorno de Pamplona para Bracknell, Reino Unido.

Ao deixar Pamplona.
Ao deixar Pamplona.

A viagem neste dia não foi tão interessante quanto no dia anterior. De fato, foi bem chata, por isso não vou me prolongar na descrição desse dia. Nós tentamos evitar as autoestradas na França, devido ao alto custo dos pedágios, mas as estradas vicinais estavam nos atrasando tanto (estradas estreitas, trafego intenso) que passamos a ficar preocupados em não chegar em Calais a tempo de pegar o Eurotúnel de volta para Inglaterra. Depois de já dirigir por várias horas havíamos coberto apenas aprox. 20% da distância, por isso desistimos do nosso plano e resolvemos voltar para as autoestradas e para os pedágios.

O interior da França também é lindo, mas estavamos cansados de tanto dirigir.
O interior da França também é lindo, mas estavamos cansados de tanto dirigir.

Sem dúvida, haviam lindas cenas rurais para serem apreciadas ao longo do caminho que tomamos na França, mas eu acho que já estávamos meio cansados com toda a viagem e queríamos apenas chegar em casa. Tivemos sorte ao chegar em Calais e sermos alocados para embarcar no próximo trem através do túnel, pois a nossa reserva era para um trem 3h depois. Isto significou que por volta das 23:00h já estávamos novamente em solo Inglês e adivinhem só? Uns 20 min depois de desembarcarmos começou a chover torrencialmente. Um típico clima de boas-vindas a Inglaterra.

Por volta da meia noite chegamos na minha casa. Fernando deixou sua bicicleta aqui, transferiu apenas a bagagem para seu carro e foi para casa.

Isto completa os relatos de nossa peregrinação, do momento que deixamos Bracknell, na Inglaterra até o momento que retornamos.

Estou considerando estender a série com um post adicional, para resumir em uma única página toda a experiência dessas 3 semanas e também publicar uma série de entrevistas com pessoas que encontramos durante a peregrinação, assim como peregrinos que fizeram o Caminho de Santiago antes e depois de nós. Não conte com isso, entretanto, pois meu tempo anda muito limitado, mas vou fazer o possível.

Obrigado por nos acompanhar nos relatos dessa jornada. Eu estou bastante entusiasmado com a próxima aventura na Via Francigena que inicia no dia 30 de julho de 2016.

Se você nunca fez uma peregrinação antes, o que você está esperando? Se você está prestes a fazer a sua peregrinação, resumo meus sentimentos em 2 palavras que você vai escutar muito durante ela: “Buen Camino!”.

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Album de fotos do 19 (Flickr)

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Canterbury para Dover, Rota Ciclistica Nacional 16

Não está disponível em Português

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Via Francigena... Novidades!

 
Oi Pessoal!
Desculpe pelo meu “desaparecimento”.
Estive (e estou) muito ocupado, tanto na minha vida profissional quanto pessoal, desta forma não tenho tido muito tempo para me dedicar ao EyeCycled.com nas últimas 2 semanas.
Eu ainda estou trabalhando nos “posts” e videos da pedalada de Páscoa em Devon (Devon de Costa a Costa).
 
Tenho, entretanto, boas noticias para compartilhar… O projeto “Via Francigena” esta confirmado.
 
Meu pedido de um longo periodo de férias foi finalmente aprovado pela companhia em que trabalho e esta semana estou comprando a passagem de volta de Roma para o Reino Unido.
Pelo plano atual, deixo o Reino Unido no Sábado, dia 30 de Julho, a partir da Catedral de Canterbury (Catedral de Cantuária) a caminho de Roma, onde preciso chegar no máximo dia 8 de Setembro para embarcar de volta no dia 9.
 
Para mim isto é muito excitante, pois será a viagem de bicicleta mais longa da minha vida. Terei que fazer uma média de 54 Km por dia de bicicleta para cubrir os quase 2.200 Km entre Canterbury e Roma a tempo de pegar o avião de volta, mas eu acho que consigo e estou muito entusiasmado com esta aventura.
 
Obrigado pelo teu apoio e fique ligado para mais detalhes em breve.
 
O site official da Via Francigena é este: http://www.viefrancigene.org/en/
 
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Caminho de Santiago, Dia 14 (e 15): De Palas de Rei para Santiago de Compostela

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Hostel in Palas de Rei


Bem-vindo ao post sobre o 14º e último dia da nossa peregrinação de bicicleta pelo caminho de Santiago no dia 7 de junho de 2015. Completamos esta etapa de 70,75 Km de Palas de Rei para Santiago de Compostela em 8h e 22m, das quais 4h 42m foram em movimento.

A medida que eu ia escrevendo sobre este dia, decidi voltar aqui para o começo do texto para contar sobre a avalanche de emoções que é escrever sobre este dia. Não apensa a emoção de ter concluído a peregrinação do caminho de Santiago, que foi de fato a mais longa pedalada da minha vida até hoje, mas também pelo incidente que presenciamos a apenas 19 Km de Santiago.

Vou entrar em mais detalhes no texto abaixo, mas por hora quero voltar a descrição subjetiva do dia.

Partimos do albergue em Palas de Rei pouco depois das 8 da manhã e quando pedalávamos pela rua central saindo da cidade, resolvemos parar em um bar para tomar um café da manhã. Isso deu a Guy, o médico Australiano que havia pedalado conosco no dia anterior, tempo de nos alcançar e novamente pedalar um bom pedaço do dia conosco. Guy não pretendia pedalar até Santiago neste dia, pois estava seguindo um plano fornecido pela empresa de turismo que vendeu o pacote para ele e o plano indicava que ele deveria parar em Arzúa e completar a peregrinação no dia seguinte.

O dia estava lindo e ensolarado e pedalamos 15 Km por mais ou menos 1h e 45 min, passando por pequenos vilarejos como Carballal (perto de Palas de Rei), San Pedro e muitos outros (esta região do norte da Espanha parece ter uma alta densidade populacional) até chegarmos na pequena cidade de Melide, que tinha um interessante mercado de Domingo na praça em frente ao bar onde paramos para tomar um café e descansar. A pausa em Melide durou algo como 20 ou 30 min e retornamos a estrada, a N-547, que foi a única estrada que pegamos o dia inteiro e que nos levou diretamente até Santiago.

Depois de deixar Melide pedalamos outros 15 Km até chegarmos a um posto de gasolina pouco antes de Arzúa (Mãe natureza estava chamando) onde descansamos um pouco, tomamos agua e comemos umas bananas.

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Figura feita de folhas coloridas

Algumas centenas de metros depois do posto, já no centro da pequena cidade de Arzúa paramos novamente atraídos por uma celebração religiosa. Eu acredito que era Corpus Christi, pois havia uma enorme figura feita de folhas coloridas no chão próximo a igreja. Havia também um pequeno mercado com de artigos religiosas a venda e uma banda tocando. Estava uma ótima atmosfera. Como Guy ficou em Arzúa esta foi a última vez que o vimos. Deixamos Arzúa cheios de energia com toda aquela felicidade em volta e com o claro objetivo de chegar em Santiago neste dia.

Mal sabíamos que um momento triste esperava por nós mais adiante.

Depois de Arzúa nós pedalamos praticamente sem parar por 21 Km, até Pedrouzo. Os vilarejos pelos quais passamos nesse caminho foram tantos que não vale nem a pena tentar listar. A estrada é relativamente plana por isso conseguimos pedalar esses 21 Km em pouco mais de 1h e 45 min.

Pouco antes da pequena cidade de Pedrouzo, alguns metros depois de uma placa que indicava que Santiago estava a 19 Km, presenciamos algo que não estávamos esperando encontrar: A Morte!

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Corpo de uma peregrina de 67 anos atropelado por um carro ao tentar atravessar a estrada.

Existem muitas estatísticas a respeito de mortes durante a peregrinação pelo Caminho de Santiago. Além dessa senhora de 67 anos que foi atropelada por um automóvel, estava consciente de uma Americana de 41 anos que havia desaparecido desde abril (2015) até a polícia espanhola achou seu corpo próximo a cidade de Astorga. Ela havia sido assassinada por um homem ao se perder e bater em sua porta pedindo informações sobre o caminho (a polícia suspeita que esse homem estava pintando setas amarelas falsas na direção de sua casa).

Não escrevo isso para amedrontar vocês, pois estatisticamente falando o Caminho de Santiago é muito seguro e o número de mortes é muito, muito pequeno (por volta de 15 a 20 para quase 250.000 peregrinos por ano, ou 0,0006%). Tenham em mente também que a maioria das mortes ocorrem por causas naturais (ataques cardíacos, condições médicas pré-existentes, como câncer, etc.). Eu acredito que existam peregrinos que sabem que suas vidas estão se aproximando do fim e a última coisa que desejam fazer é completar a peregrinação de Santiago, mas muitos não conseguem terminar. É, de certa forma, relativamente poético morrer desta maneira.

Assim sendo, gostaria de solicitar por estas linhas uma oração, não apenas pelas 2 senhoras que morreram, conforme descrevi acima, mas por todos aqueles peregrinos que perderam suas vidas no caminho.

Por favor, não adie qualquer plano ou desejo que possas vir a ter de fazer a peregrinação por causa dos incidentes que descrevi acima. Se você deseja fazer o Caminho de Santiago e pé ou de bicicleta, tenha em mente que ele NÃO é menos seguro dos que os riscos normais do dia a dia (como atravessar uma rua movimentada, etc.), mas por causa da demanda física no corpo necessária para caminhar ou pedalar tão grande distância, carregando consigo tudo o que você vai precisar, por favor, se prepare antes. Esteja o mais saudável possível e com o corpo razoavelmente em dia (ninguém precisa penar na musculação para fazer a peregrinação). Tome cuidado consigo mesmo e durante o caminho cuide também daqueles que você suspeita possam estar tendo dificuldades durante a peregrinação.

Também se certifique que você não precisa depender somente das setas amarelas para direções. Em geral elas são muito boas e precisas e são mantidas por uma legião de voluntários cujo único interesse é ajudar aos peregrinos, entretanto relatos de setas falsas são relativamente comuns e na sua grande maioria pintadas com interesses comerciais em mente, por proprietários de restaurantes ou pousadas que desejam atrair peregrinos para seus estabelecimentos.

Depois de passado o choque inicial, houve aqueles que não desejavam mais seguir para Santiago nesse dia e ficar em Pedrouzo mesmo, para continuar no dia seguinte. Esse incidente conseguiu até gerar uma certa discórdia dentre alguns de nós, mas graças a Deus continuamos pelo caminho. Para mim, pessoalmente, não há nada como uma pedalada para espairecer, pensar e limpar a mente de preocupações. Cinco quilômetros depois nos aproximávamos do aeroporto internacional de Santiago e encontramos um pequeno grupo de ciclistas que, como nós, também faziam o caminho de bicicleta. Um deles estava com a corrente da bicicleta rompida. Tentamos ajudar, mas infelizmente não fomos bem sucedidos e suponho que eles tiveram que fazer o resto do caminho empurrando suas bicicletas, pois era Domingo e presumo que todas as lojas de bicicletas estavam fechadas.

IMAG1506A medida que nos aproximávamos de Santiago as emoções tomavam conta. Santiagoé o destino final parta a maioria dos peregrinos do Caminho de Santiago. Eu estava decidido em estender minha peregrinação até Finisterre, pois eu sabia que teria tempo suficiente para tanto, mas Fernando, Marcelo e Alice terminaram suas peregrinações aqui. Naquele ponto já havíamos pedalado mais de 820 Km e com apenas 3 Km da catedral de Santiago, Marcelo teve azar e o pneu traseiro furou. Nenhum de nós tinha uma câmara de ar que servisse no pneu aro 29 da bicicleta dele e o selante spray que eu havia trazido também não resolveu (cheguei à conclusão que essas coisas são uma perda de tempo e dinheiro), desta forma tivemos que reparar a câmara da maneira antiga mesmo, com um remendo de borracha e cola. Não ficou perfeito, pois na ânsia de chegar nós provavelmente não esperamos tempo suficiente para a cola fazer efeito, mas ficou bom o suficiente para que Marcelo conseguisse pedalar o resto do caminho.

A pequena pedalada daquele ponto para a catedral foi para mim uma mistura de excitação e apreensão. Sabe aquele sentimento de quando você está prestes a terminar uma longa jornada e está feliz por ter chegado ao destino, mas ao mesmo tempo você deseja que não termine nunca? Pois é, mais ou menos assim.

Santiago é uma antiga cidade medieval e as ruas estreitas do centro da cidade são meio confusas e um pouco difíceis de navegar, mas pedíamos informações constantemente e conseguimos chegar a catedral relativamente rápido. 20150607_180543A chegada na praça da catedral foi um momento inesquecível. Eu sei que isto é algo que centenas de milhares de pessoas fazem todos os anos e que milhões o fizeram durante os séculos, ainda assim, temos neste momento 7 bilhões de habitantes neste planeta e sabe-se lá quantos já viveram desde os tempos de Santiago. Por isso, quando tu fazes essas contas o sentimento de ter concluído essa peregrinação é bem especial mesmo assim, pois é algo que a maioria das pessoas nesse planeta não terão a oportunidade (ou o desejo) de experimentar. Tiramos fotos e aproveitamos o momento antes de deixarmos a praça da catedral para procurar o escritório do peregrino, onde o certificado de Compostela é emitido pela igreja Católica aos peregrinos, mediante a apresentação do passaporte do peregrino todo carimbado. Por sorte a fila não estava muito grande e tivemos que esperar menos de 30 min para conseguirmos os nossos certificados. Novamente, tempo de tirar fotografias dos certificados para compartilha-los com orgulho pela internet.

Deixamos o escritório do peregrino e fomos ao centro de informações turísticas da cidade que ficava a apenas alguns metros na mesma rua.

Acomodação em Santiago é bem cara em comparação a outros lugares, cidades e vilarejos pelos quais passamos ao longo do Caminho.

O albergue particular mais barato que encontramos no centro da cidade exigiu 22 € para cada cama em um pequeno quarto com 2 beliches (4 camas). No prédio haviam 2 banheiros / toaletes que eram OK, mas nada excepcional em termos de limpeza e funcionalidade (leia as notas do dia 15 abaixo para mais recomendações sobre hospedagem em Santiago). Em grande contraste com o albergue de “5 estrelas” que permanecemos em El Acebo e considerando que Santiago é o destino de todos os peregrinos do caminho, o volume de negócios deveria justificar um aumento na oferta de camas, na minha opinião. Novamente a face feia do Status Quo se mostrando, onde o dinheiro e interesse comercial prevalece sobre tudo mais. Sim, eu entendo porque as coisas são assim, mas isso não significa que deva concordar com elas.

Depois de uma ducha e um pouco de descanso deixamos o albergue para procurar um local para jantar. Não existe falta de restaurantes e lugares para comer em Santiago e a cidade parece estar bem viva até altas horas da noite, até mesmo durante os fins de semana (esse dia era um Domingo). Depois de um delicioso jantar, acompanhado de bastante vinho, caminhamos pelas ruas de Santiago e tiramos várias fotografias noturnas de sua magnifica catedral.

Day 14, Camino de Santiago, 7th June 2015
Clique na imagem para ver todas outras 110 fotos no album do Flickr.

Foi um final de dia perfeito, para um dia cheio de contrastes em termos de emoções. Até mesmo a tristeza de ter presenciado um acidente fatal pode ser vista de maneira positiva, pois nos lembrou da nossa própria mortalidade e reforçou em nós a certeza de quanto cada momento nas nossas vidas físicas é precioso, porque nunca sabemos quando será o último.

Assim sendo gostaria de deixar aqui abaixo a letra traduzida da música que escolhi para tema dos vídeos deste dia de peregrinação como umas das últimas palavras desta parte do artigo.

Não quero ter medo

é difícil não hesitar

Mas nós não podemos mais esperar

Para sermos a mudança que queremos

É apenas uma caminhada

Veja! Não te prejudica em nada

Dessa forma, encontre um instante

Para ver esta verdade

 —

Não é tarde demais

Livre de ódio

Pense no futuro que poderíamos criar

 —

Encare os fatos hoje

Existe uma maneira melhor

Não é tarde demais

Pense no futuro que poderíamos criar

 —

Encare os fatos hoje

 —

Existe uma maneira melhor

 —

Dê um passo para trás e diga

 —

Existe uma maneira melhor

 —

Como uma arvore

 Enraizada em Paz

Em Paz, Em Paz, Em Paz, Em Paz, Em Paz.

There is a better”, por LoveShadow

Este foi o 14º e último dia de nossa peregrinação de bicicleta pelo caminho de Santiago, mas eu acredito que as experiências do dia seguinte são relevantes para aqueles que estão lendo este texto, pois foi o dia em que mudamos de albergue.

Eu também pretendo escrever sobre minha pedalada de Santiago de Compostela até Finisterre (Fisterra) e talvez mais um post para resumir todas as experiências e prover alguns recursos adicionais para aqueles que podem estar pensando em fazer esta peregrinação (é dito que a peregrinação começa no momento que você a decide fazer).

Dia 15: Em Santiago, sem pedalar.

Decidi escrever algumas notas sobre o 15º dia em Santiago pois acredito que elas podem ser úteis àqueles que porventura decidam fazer a peregrinação.

A primeira coisa que fizemos neste dia foi mudar de albergues. Marcelo e Alice tinham coisas para resolver, como a remessa das bicicletas de volta para o Brasil e também decidiram ficar em um hotel, portanto este foi o último dia que os vimos.

Depois de pesquisar um pouco decidimos ficar em um albergue mantido por uma organização sem fins comerciais, o Albergue Fin del Camino (clique aqui para um pôster do albergue em Espanhol). Ele está situado na Rúa de Moscova (Rua de Moscou) bem perto do maior Shopping Center de Santiago, o “As Cancelas“. Apesar do Albergue não estar localizado no centro da cidade, ele não está longe. Mais ou menos um 25 min caminhando ou 10 min de ônibus.. O preço da cama por noite é 8€ e o albergue foi recentemente renovado, portanto tudo está bem novinho e limpinho.

O Albergue dispõe de 110 camas que se encontro em grandes dormitórios com até 10 beliches (20 camas) em cada. Incluído no preço, você recebe um lençol bem simples com elástico nas bordas. Os colchões são confortáveis e os beliches bem robustos. Outra grande vantagem desse Albergue, que o diferencia de muitos outros, é que você pode permanecer pelo tempo que quiser (desde que tenha o passaporte de peregrino), o que é muito útil se você planejou uns dias extras na viagem e chegou em Santiago mais cedo do que esperava. Cada peregrino tem a sua disposição um grande armário de metal, mas é necessário deixar um deposito de 5 € pela chave, que é devolvido quando você retorna a chave.

Os links acima provem mais detalhes sobre este albergue (cozinha, lavanderia, etc.), mas eu gostaria de deixar aqui a recomendação que se você está fazendo a peregrinação com pouco dinheiro, ou seja, está procurando pelo melhor custo benefício em termos de albergues de peregrinos, esta é provavelmente a melhor opção (alguns peregrinos decidem se presentear com um pouco de conforto ao final da peregrinação, o que é perfeitamente compreensível). Outra coisa importante sobre este albergue é que ele fica praticamente no caminho que os peregrinos tomam para chegar ao centro da cidade, a N-634. Ele está de fato a apenas 2 quadras dessa rua. O problema é que não existem placas em lugar algum indicando para o Albergue e ele é meio “escondido”, por isso não é muito fácil encontra-lo. Se você decidir ficar neste albergue minha recomendação é que assim que você se aproximar das primeiras placas indicando o Shopping As Cancelas, procure pelo Albergue ou use estas coordenadas no Google para encontra-lo. Eu também destaquei no vídeo que fiz sobre os momentos do dia a direção para o Albergue. Você pode deixar sua mochila ou bagagem no Albergue e prosseguir para a catedral sem precisar carregar peso, mas não se esqueça de levar seu passaporte de peregrino e outros documentos consigo. Tenha em mente que o albergue abre apenas as 11:30 da manhã, portanto se você chegar em Santiago muito cedo esta pode não ser a melhor opção para você, a menos que você decida ficar esperando até o Albergue abrir ou “matar tempo” no Shopping Center.

Depois que nos acertamos na nova “casa” pelos próximos dias, Fernando e eu caminhamos para o centro da cidade e por acaso encontramos com a Paula, que havíamos conhecido no começo da peregrinação e pedalado juntos nos dias 2, 3 e 4 (que mundo pequeno, não?).

Neste dia também riscamos mais um ritual do Caminho de Santiago da lista: Abraçar por trás a estátua de ouro de Santiago. Este parece ser o gesto simbólico que conclui a peregrinação. Infelizmente fotografia é proibida, talvez pelo alto valor das gemas preciosas encravadas na estátua.

Nós não presenciamos neste dia o evento do Botafumeiro, mas eu presenciei ele depois do meu retorno de Finisterre e vou escrever a respeito no próximo post.

Fiquem à vontade para navegar pelas fotos deste dia no álbum de fotos do Flickr. Se você gostou deste post, por favor, indique assim clicando nas 5 estrelas abaixo, compartilhe no Facebook, Twitter, etc. e deixe comentários. Se tiver perguntas, simplesmente me mande uma mensagem através do formulário de contato na página.

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Caminho de Santiago, Dia 13: De Sarria para Palas de Rei

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Pinturas de parede na Igraje de Santa Maria, Sarria.

Bem-vindo ao post sobre o 13o. dia da nossa peregrinação de bicicleta pelo caminho de Santiago no dia 6 de junho de 2015. Completamos esta etapa de 50.57 Km de Sarria para Palas de Rei em 7h e 58m, das quais 4h 2m foram em movimento.

Este foi um belo dia de pedal na companhia de novos e velhos amigos. Marcelo, Alice e eu deixamos o albergue em Sarria por volta das 8:30 da manhã a procura de algum local para tomar café da manhã ao longo do caminho para sair da cidade. Estávamos empurrando nossas bicicletas na “Rúa Maior” e passamos ao lado de um café / restaurante chamado “La Taza Magica” (a Taça Magica) e decidimos ficar ali para o café da manhã. Fernando chegou uns 15 minutos depois vindo de Samos, onde ele havia pernoitado na noite anterior.

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Dr Guy Heron tirando uma selfie de estrada

Depois do nosso delicioso café da manhã, subimos nas bikes, mas paramos logo em seguida em um mercado popular onde Fernando comprou uma caixa de cerejas por apenas € 3,00.

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Ponte sobre o reservatório de Belesar, próximo a Portomarín.
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Transferindo a foto para a pagina do Facebook

Ao deixarmos a cidade, enquanto investigávamos o melhor caminho para sair dela, encontramos com Guy, um médico de Sydney, Austrália, que também estava fazendo o Caminho de Santiago de bicicleta desde Saint Jean.Eu entendi que Guy havia comprado um “pacote ciclístico” na Austrália o qual já incluía todas as acomodações, bem como a transferência da bagagem de uma cidade para outra ao longo do Caminho. Só o que ele precisava fazer era seguir o roteiro fornecido pela empresa de turismo. Estou mencionando isso aqui pois pode ser de interesse para outros peregrinos saber que tais opções existem e tornam a peregrinação ainda mais fácil. Creio que existem opções de pacotes similares para quem quer fazer o caminho a pé também.

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Cidade de Portomarín ao fundo

Bem, depois de um pouco de conversa, Guy se juntou ao nosso pequeno grupo de peregrinos fazendo com que esse grupo se tornasse o maior em que eu pedalei ao longo do caminho. Às vezes não é muito fácil pedalar em grupo, pois cada membro do grupo precisa respeitar as características e ritmos dos outros membros, mas nesse dia nosso grupo se deu muito bem. Como não estávamos com pressa, fizemos várias paradas também.

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Marcelo e Alice cruzando a ponte para Portomarín

Para falar a verdade, não há muito o que dizer sobre este dia. Mais ou menos 3/4 dos 50 Km que pedalamos neste dia foram na LU-633 (a mesma estrada que eu deveria ter pego ao chegar em O Cebreiro no dia anterior).

Depois de deixar Sarria fizemos uma pequena parada em um posto de gasolina em Paradela, que fica a uns 16 Km de Sarria e seguimos para Portomarín, uns 10 Km adiante (cerca de 26 Km de Sarria).

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Esta escadaria é tudo que restou da ponte Romana construída no século 2 e que foi destruida por Doña Urraca.

Em Portomarín fizemos uma parada mais longa para carimbar nossas credenciais de peregrino, tirar algumas fotos da igreja de San Juan (que se parece com uma fortaleza) e para comer algo juntamente com uma gelada cerveja espanhola. Portomarín é um lugar muito interessante e eu recomendaria uma parada mais longa se possível.

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A igreja de San Nicolás, construida no século 12. Da esquerda para direita, eu, Alice, Marcelo e Fernando.

Depois da nossa pequena parada em Portomarín, que durou algo como 30 min., seguimos pedalando na LU-633. Fizemos outra rápida parada em um vilarejo chamado Gonzar em um bar de beira de estrada chamado “Descanso del Peregrino”, para beber algo gelado e, entre nós 5, comemos praticamente todas as cerejas que o Fernando estava trazendo desde Sarria. Por alguns minutos se juntaram a nós também, duas peregrinas da Alemanha, que ao saberem que Guy era médico pediram alguns conselhos médicos.

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Sempre algo interessante para ver.

Uns 5 Km depois de Gonzar, em uma localidade conhecida como “O Hospital”, a LU-633 parece que acaba em uma rotatória. Cruzamos por cima da N-540 e pegamos uma pequena estrada no sentido de Ventas de Narón, cujo nome não consegui descobrir.

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Fotos das formigas típicas dessa região na Espanha. Aconselharia voce não mexer com elas.

Nesta pequena estrada cruzamos por vilarejos muito interessantes como Ligonde, Airexe, Portos (com suas esculturas de formigas gigantes), Lestedo e Os Valos. Este foi um trecho muito bonito com muitas arvores ao lado da estrada e muitas coisas interessantes para ver. Depois de Os Valos nós tomamos a N-547 até Palas de Rei que ficava apenas a 3 Km de distância.

Palas de Rei SignAo chegarmos em Palas de Rei, primeiramente fomos a um albergue chamado Albergue Buen Camino. Eu não entrei no Albergue, mas o Fernando e o Marcelo entraram e saíram um pouco decepcionados. Decidimos então pernoitar no Albergue municipal que cujo pernoite era 6 €. O albergue é bom e limpo.

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O Albergue Municipal de Palas de Rei

Uma vez que a acomodação em Palas de Rei já estava incluído como parte do pacote que Guy comprou na Austrália, ele não permaneceu no Albergue conosco, mas ele uniu-se a nós novamente no dia seguinte e pedalou junto conosco parte do nosso caminho para Santiago.

Bem, isso conclui o post sobre o 13. dia da peregrinação. Curto e grosso desta vez 🙂

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Day 13, Camino de Santiago, 6th Jun 2015
Clique na foto para abrir o Album do dia no Flickr.

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Caminho de Santiago, Dia 12: Las Herrerías para Sarria

Albergue Las Herreíras
Albergue Las Herreíras (Hostel)

Bem-vindo ao post sobre o 12o. dia da minha peregrinação de bicicleta pelo caminho de Santiago no dia 5 de junho de 2015. Completei esta etapa de 63.82 Km de Las Herrerías para Sarria em 8h e 12m, dos quais 5h 14m foram em movimento.

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Subindo a montanha entre Las Herrerías e La Faba

Devo confessar que estava temendo ter que escrever sobre esse dia, pois foi nele que cometi o maior erro de navegação de toda peregrinação. Me senti (e ainda me sinto) como um tolo por ter cometido erros tão básicos, mas se este “post” e vídeos ajudarem a prevenir com que outros cometam os mesmos erros, então terá valido a pena. Meu ego terá que aceitar o impacto 🙂 Deixei o albergue in Las Herrerías por volta das 7:30 da manhã, uns 30 min antes do que estava acostumado nos dias anteriores. Eu sabia que o dia seria pesado e cansativo por causa das montanhas a minha frente. Fernando deixou o hotel uns 40 min antes, eu acho. Ele está acostumado a acordar com as galinhas.

La Laguna Sign Zommed
Momento de decisão… La Faba ou La Laguna? Deveria ter ido por La Laguna, mas fui por La Faba.

Cheio de energia e disposição comecei a pedalar morro acima, mas sem meu navegador ao meu lado para indicar o caminho (meu senso de direção deixa muito a desejar), não demorou muito para eu cometer o primeiro erro. Quando cheguei a uma encruzilhada e tive que decidir se continuava na pequena estrada que vinha pedalando (a CV-125/1) na direção de La Faba ou se pegava outra pequena estrada na direção de Laguna (a CV-125/15), decidi continuar no sentido de La Faba (não havia nenhuma seta amarela indicando qual caminho seguir).

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Voce conseguiria pedalar morro acima aqui com uma bicicleta de touring carregada?
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Apenas um dos muitos obstaculos que o peregino de bicicleta tem que sobrepor entre La Faba e La Laguna.

Devo acrescentar que este erro diz respeito apenas aqueles peregrinos que estão fazendo a peregrinação de bicicleta. O caminho que eu tomei foi essencialmente o mesmo que os peregrinos a pé tomam, o qual, após passar pelo vilarejo de La Faba é totalmente inadequado para a maioria dos ciclistas (ou Bicigrinos, como alguns os chamam). É uma trilha de 4 Km morro acima cheia de pedras e obstáculos. Eu acho que até mesmo aqueles que vão a pé, com uma pesada mochila nas costas, devem sentir muita dificuldade neste trecho, que dirá aqueles que se metem a fazê-lo de bicicleta. Para todos aqueles lendo este artigo e planejando fazerem a peregrinação de bicicleta, façam a vocês próprios um favor e peguem a pequena estrada para La Laguna. Ela é uns 2 Km mais longa, mas vale a pena, acreditem.

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A materia marrom deixada pelos cavalos ao longo deste trecho e as “megaziliões” de moscas em torno deles

A pior parte desses 4 Km na verdade não foi nem ter que empurrar a bicicleta morro acima. Foi a enorme quantidade de moscas devido à grande quantidade de bosta de cavalo no caminho. Em Las Herrerías é possível se alugar cavalos para carregar as mochilas e outras cargas (não é uma chantagem uma vez que o peregrino sobe o Cebreiro a pé de qualquer forma… os cavalos apenas levem a carga). Obvio que os cavalos deixam “traços” para trás. Cheguei em La Laguna com um sentimento de vitória, mas estava realmente cansado de empurrar a bicicleta por 4 Km e por isso foi também uma subida demorada. Tao devagar, de fato, que naquele ponto alguns peregrinos que estavam a pé e que haviam deixado o albergue depois de mim me alcançaram em La Laguna, pois eu havia parado por alguns minutos para beber um suco de laranja e comer uma banana. La Laguna, entretanto, ainda não é o topo do Cebreiro. Depois que La Laguna existem ainda uns 2 Km para se chegar ao topo e a subida foi íngreme o suficiente para me fazer desmontar da bicicleta e ter que empurra-la novamente (eu diria que em alguns trechos a inclinação é de aprox. 12%… São 150 metros de Ascenção em 2 Km).

O Cebreiro Detail Zommed
Este foi o maior erro de navegação que cometi durante toda preregrinação. Eu não vi a seta amarela.
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A vista a partir do Cebreiro é espetacular.

Finalmente ao chegar no vilarejo de O Cebreiro eu parei para admirar a paisagem e tirar algumas fotos. Assim que terminei com as fotos decidi não entrar no vilarejo (o que eu devia ter feito) e seguir adiante. Infelizmente eu não vi a seta amarela que indicava para dentro do vilarejo, o qual deve-se cruzar para pegar a estrada LU-633 na direção a Liñares. Eu continuei na pequena CV-125/1 e com toda felicidade passei a pedalar morro abaixo no sentido errado por mais de 6 Km, até um ponto em que uma senhora fez u típico gesto de “não” com os dedos. Devo confessar que naquele momento eu já estava desconfiado do caminho que havia tomado, mas sabe-la Deus quando até onde eu teria continuado não fosse aquela senhora me avisar do meu erro. Ela explicou meu erro e pacientemente me instruiu sobre a melhor maneira de voltar para o caminho.

Google Earth, Wrong and Right Way, O Cebreiro
Em AZUL o caminhei que eu tomei. Em VERMELHO o caminho que eu devia ter tomado 🙁

Anjos existem de várias maneiras e formas. Nos 6 Km que desci o morro até chegar a ela, não havia visto uma única viva alma pela estrada. Ela estava à beira da estrada, como que esperando por algo, vestida de camiseta branca e assim que me explicou o caminho certo foi embora. Todos somos anjos quando ajudamos a outras pessoas, mas para mim esse momento me tocou muito (depois, porque na hora fiquei muito puto comigo mesmo). Acreditem no que quiserem, mas para mim foi Deus que colocou aquela pessoa ali naquele momento para me avisar sobre o erro e me mandar de volta para o caminho certo. Por isso deixo aqui o meu “Muito obrigado senhor!”.

Bom, como você pode imaginar a frustração de ter que aceitar o meu erro, só foi menor pela realização que de agora teria que subir os 6 Km de volta morro acima, depois de uma manhã já bem cansativa, mas se era isso que o universo havia preparado para mim, era isso que eu tinha que fazer, e o fiz! Felizmente as instruções dadas pelo meu anjo foram claras e precisas e com algumas verificações pelo caminho não foi necessário voltar diretamente ao Cebreiro. Voltei ao caminho correto, próximo ao vilarejo de Liñares 1h e 38 min depois. Resultado do erro foi a “perda” de 2 h de viagem e a necessidade de pedalar uns 10 Km a mais nesse dia desnecessariamente, dos quais uns 8 Km foram morro acima.

Depois disso você poderia pensar que o resto do dia foi moleza… bem, não foi tão ruim, mas como passei a prestar mais atenção as setas amarelas, depois da localidade de Hospital, elas me levaram novamente a alguns trechos inadequados para bicicletas (elas têm em mente o peregrino que está a pé). Mesmo assim estes foram relativamente curtos se comparados aos que tive que fazer nestas condições pela manhã. Eu aconselharia que se você estiver pedalando neste trecho, você permaneça na estrada (LU-633) até aproximadamente 1 Km depois do vilarejo de Fonfria, onde então você pode voltar a seguir as setas amarelas se desejar, pois o caminho dos andarilhos a partir deste ponto é plano e sem maiores obstáculos e você “economizará” por volta de 2 Km em relação ao mesmo trecho no asfalto.

Se você decidir pegar o caminho dos andarilhos depois de Fonfria, conforme eu aconselho, mais ou menos 1 Km depois do vilarejo de Fillobal você terá a oportunidade de voltar a LU-633 novamente. Deste ponto em diante eu decidi que já tinha sofrido o suficiente para um dia e que iria permanecer na estrada, independentemente para onde as setas amarelas apontassem. Eu sabia que essa estrada me levaria a Samos e Sarria. Eu não sabia ao certo em qual dessas duas cidades eu me hospedaria, mas a intenção era de pedalar pelo menos até Sarria.

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No reboque que ele puxava, estava o cachorro dele.
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Monastério de Samos

Ao longo dessa estrada passei por pequenos vilarejos e cidades como Pasantes, Triacastela (onde encontrei com um peregrino em um triciclo reclinado, puxando atrás de si um trailer que continha uma caixa onde viajava seu cachorro), San Cristovo do Real, Renche, San Martiño do Real e Samos. Eu não sabia naquele momento, mas foi em Samos que o Fernando havia decidido parar naquele dia. Cheguei em Samos ainda as 2 da tarde e achei que estava muito cedo para parar e por isso decidi seguir para Sarria. Parei apenas por alguns minutos para carimbar meu passaporte de peregrino no albergue municipal se segui viagem. Adiciono aqui algumas fotos tiradas pelo Fernando, a pesar de eu próprio não tem vivenciado a cidade. De Samos para Sarria foram mais 12 Km, mas eu estava bem cansado de tanta subida neste dia, por isso decidi parar mais cedo em Sarria para descansar. No caminho a Sarria passei por pequenas vilas com nomes gauleses bem distintos, como A Ferrería, Teiguín, O Vao até chegar a Sarria por volta das 3 da tarde. Sarria é uma cidade bem desenvolvida e eu segui as setas amarelas na esperança que me levariam a um albergue.

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Pinturas ao longo do muro da igreja de Santa Marina em Sarria.

Por pura sorte, ao pedalar por uma rua da cidade passei ao lado de uma loja de souvenires e dei uma olhadinha para dentro, sem intenção de parar. Nesse momento em vi Marcelo e Alice dentro da loja. Resolvi parar para dar um “oi” e perguntar onde eles tinham a intenção de permanecer naquele dia. Eles ainda não sabiam se ficariam em Sarria ou seguiriam mais uns Km adiante, mas quando lhes falei que iria ficar ali decidiram parar também e me fazer companhia. Perto da loja de souvenires havia um albergue particular chamado Casa Peltre. Alice entrou no albergue para dar uma olhada e voltou dizendo que achava que era muito bom. O pernoite foi € 10 e o albergue é limpo e confortável com uma fascinante decoração (deem uma olhadinha no site deles para mais fotos). Maria, a “hospitaleiro” que nos recepcionou é uma pessoa super legal.

O albergue é pequeno e dispõe de apenas 22 leitos distribuídos em 3 quartos. Um grande quarto com 14 camas (6 beliches) e mais 2 quartos com 4 camas cada (2 beliches). O albergue dispõe de 2 espaçosos e muito limpos banheiros, com duchas de pressão e ótima água quente. Também dispõe de uma cozinha completa e uma área de refeições no andar de cima.

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Uma recompensa bem merecida. Marcelo, um amigo que fiz no Caminho.

Depois de um banho, o Marcelo e eu saímos para procurar algo para comer. Alice estava se sentindo muito cansada e resolveu ficar no Albergue. Achamos um restaurante de Kebabs no calçadão do rio Sarria e enchemos a barriga de Kebabs. Saímos de lá para caminhar mais um pouco por volta da cidade até encontrarmos um “tapas bar” chamado “Mesón O Tapas” e tomamos umas deliciosas cervejas espanholas bem geladas.

IMAG1456Foi um dia de emoções variadas: O aspecto físico do desafio de empurrar a bicicleta no caminho entre La Faba e o Cebreiro, as frustrações dos erros de navegação que eu cometi nesse dia, a benção de ter tido em meu caminho um anjo que me trouxe novamente ao caminho certo e a alegria de ter encontrado no final do dia bons amigos da Caminho. Com certeza o dia teria sido melhor sem os erros que eu cometi, mas daí eu não teria aprendido a errar e não teria essa oportunidade de passar a experiência para frente. Foi um dia bom, no final das contas. Bem, isso conclui o post sobre o 12. dia da peregrinação. Por favor deixe comentários, perguntas ou pelo menos indique se você gostou ou não ao clicar nas estrelas abaixo.

Day 12, Camino de Santiago, 5 Jun 2015
Clique nas setas para esquerda e direita para navegar pelas várias fotos deste slideshow —- Clique na imagem para vê-la em maior definiçao no site do Flickr.

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Caminho de Santiago, Dia 11: El Acebo de San Miguel para Las Herreiras

If there is such a thing as a "5-Star" Pilgrim's hostel, this must be it.
Se existir algo como uma albergue de peregrinos de 5 estrelas, esse aqui se qualifica.

Bem-vindo ao post sobre o 11o. dia da nossa peregrinação de bicicleta pelo caminho de Santiago no dia 4 de junho de 2015. Completamos esta etapa de 61,89 Km de El Accebo de San Miguel para Las Herrerías em 6h e 12m, dos quais 3h 58m foram em movimento.

Picture taken from the old stone bridge over the Meruelo river in Molinaseca.
Foto itrada de cima da ponte de pedra sobre o rio Meruelo em Molinaseca.

Deixei o albergue de 5 estrelas “La casa del peregrino” por volta das 8 da manhã, como de habito. Como de habito também, o Fernando já havia deixado o albergue 1 hora antes. De acordo com meu Garmin, El Acebo está situado a uma altitude de 1130m e em um período de apenas 15 min eu desci quase que 500 m de altitude e cobri mais de 10 Km de distância. A única coisa que me impediu de pedalar ainda mais rápido foram as constantes curvas fechadas na estrada, uma das quais quase me “traiu” me forçando a ir para a pista contraria da estrada. Graças a Deus não havia trafego no sentido contrário, senão poderia ter sido um problema. Em Molinaseca a altitude se nivelou e se manteve mais ou menos constante durante toda a pedalada nesse dia.

Molinaseca Stone Bridge
Ponte de Pedra em Molinaseca.

Ao chegar no vilarejo de Molinaseca, parei apenas por alguns instantes para tirar algumas fotos sobre a antiga ponte de pedra sobre o rio Meruelo, que foi construída nos tempos Romanos.

City Hall of Ponferrada
Prefeitura de Ponferrada.

A próxima cidade foi Ponferrada. Ao chegar no centro da cidade encontrei o Fernando tirando fotos. Esta cidade tem uma interessante mistura de novo com antigo e teria valido a pena se pudesse ter ficado um dia lá. Acredito que uma das maiores atrações na cidade é o antigo castelo dos templários.

Templars' Castle in Ponferrada
Castelo dos Templarios em Ponferrada.

Ele está muito bem preservado e é uma estrutura medieval muito impressionante, tendo todas as características que se pode esperar de um castelo fortificado dessa época.

Main gate of the Templars' Castle
Portão principal do Castelo dos Templarios.

Fernando e eu fizemos uma parada para o café da manhã em um dos restaurantes em frente ao castelo.

Breakfast is served.
Café da Manhã.

Depois de Ponferrada, pedalamos através de pequenas cidades e vilarejos como Camponaraya, Cacabelos, Pieros e Villafranca del Bierzo, onde paramos novamente por uns 15 min para descansar um pouco e comer e beber algo.

A Wolf on a bike
Um lobo em uma bicicleta (o sobrenome dele é Wolf).
Villafranca Castle. Michael, one of our "Camino" friends can be seen riding his bicicle in this picture.
Castelo de Villafranca. É possivel ver o Michael, um dos amigos que fizemos no Caminho, pedalando nessa foto.

Villafranca del Bierzo é uma antiga cidade medieval com uma arquitetura muito interessante. Destaque para o Castelo de Villafranca, a igreja San Juan e outros prédios religiosos como o colegiado de Santa Maria e os conventos, assim como a estreita ponte sobre o rio Burbia que oferece uma bela paisagem da cidade.

Picture taken from the narrow bridge over the river Burbia.
Foto tirada a partir da ponte estreita sobre o rio Burbia.

A rota então seguiu por um caminho tortuoso, como uma serpente, na estrada N-VI que permeia a magnifica autoestrada A-6 (Autovia del Noroeste), cruzando por baixo da autoestrada várias vezes. Com muitos tuneis e grandes pontes sobre os vales abaixo, cujas pilastras de sustentação são bastante visíveis a partir da estrada que estávamos, a N-VI.

Mix of old and new in Vega de Valcarce.
Mistura de novo e antigo em Vega de Valcarce.

Esta estrada também segue ao longo do pequeno rio Valcarce que empresta seu nome a vários vilarejos e cidades ao longo do caminho. A N-VI tem uma ciclo-faixa compartilhada com pedestres e protegida por um muro de concreto. Ao pedalar por esse trecho a medida que olhava para o rio logo abaixo e a exuberante vegetação nas suas margens me veio à cabeça que as pessoas que atravessam essa região a 120 Km/h na autoestrada acima não fazem nem ideia da beleza natural que está logo abaixo deles. Este tipo de experiência só é possível em formas mais lentas de transporte, como ciclismo, ou para aqueles que fazem o caminho a pé.

Ao longo desse caminho cruzamos por vilarejos ou pequenas cidades como Pereje, Trabadelo, La Portela de Valcarce, Ambasmestas, Vega de Valcarce, Ruitelán até chegarmos em Las Herrerías onde decidimos parar.

Albergue Las Herreíras (Hostel)
Albergue Las Herreíras

Las Herrerías é um pequeno vilarejo que fica antes da subido ao “El Cebreiro”, uma das montanhas mais desafiantes do caminho. Nós também já víamos ao longe uma tempestade se formando no horizonte, por isso fazia todo o sentido parar lá. Até onde eu sei existe apenas 1 albergue de peregrinos em Las Herrerías é o nome é… Albergue Las Herrerías.

Detail in Las Herreíras.
Detalhe em Las Herreíras.

O pernoite no Albergue custou 8 € e o albergue pertence a uma jovem e agradável senhora que fala muitos idiomas (escutei ela conversando em Espanhol, Alemão, Inglês e Frances) e estritamente vegetariana. Ela oferece refeições no Albergue também, mas sem carne alguma.

Las Herreíras
Las Herreíras

Ela prepara a comida ela própria e não existe escolha (o menu é um só). Acredito que pagamos 12 € pela janta que teve sopa, um tipo de salada como prato principal e de sobremesa um pedaço de torta de cenoura que ela fez no mesmo dia. Estava delicioso, mesmo para quem, como eu, não é vegetariano. Acho que além do albergue existe apenas 1 outro local no vilarejo onde se possa fazer uma refeição.

Two Pilgrims of different species
Dois peregrinos de espécies diferentes.

O albergue tem essencialmente apenas 2 quartos na parte superior. Um grande quarto com algo como 10 beliches e um pequeno quarto separado para um par ou casal de peregrinos que custa um pouco mais (acho que 12 €). Na parte de baixo encontram-se as áreas sociais como uma pequena recepção, 2 banheiros / toaletes (limpos e com boas duchas), uma lavanderia com máquina de lavar e secar e a sala de jantar com uma mesa grande e uma pequena.

Willy is an 8 year old daschund pilgrim.
Willy é um daschund peregrino de 8 anos.

Depois de tomar um banho e lavar algumas peças de roupa a mão fui dar uma caminhada pelo vilarejo e tirei algumas fotos do riacho “Las Ramas” que passa ao longo da vila. Pouco depois veio a tempestade e um raio aparentemente deixou a vila inteira sem energia por mais de 1 hora. Gastamos o tempo conversando com os outros peregrinos de várias partes do mundo e jogando cartas. Foi uma noite muito agradável. A política “No Wi-Fi” do albergue funciona.

No Wi-FI in the Albergue
Sem Wi-FI no Albergue. “We want you to talk to each other” (Nós queremos que voces conversem uns com os outros).

As pessoas deixam seus telefones celulares de lado a passam a conversar umas com as outras.

E assim encerramos o 11o. dia de peregrinação. Por favor deixe comentários, perguntas ou pelo menos indique se você gostou ou não ao clicar nas estrelas abaixo.

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Caminho de Santiago, Dias 9 e 10: De Astorga para El Acebo de San Miguel

Episcopal Palace of Astorga
Palácio Episcopal de Astorga

Bem-vindo a mais um post sobre nossa peregrinação de bicicleta pelo Caminho de Santiago. Este artigo é especial pois cobre 2 dias da nossa peregrinação, o nono e décimo dia (bem, essencialmente não houve peregrinação no 10o. dia). No dia 2 de junho de 2015 completamos a rota de 39.5 Km de Astorga para o vilarejo de El Acebo de San Miguel em 4h e 30m, dos quais 3h 21m foram em movimento. No dia seguinte, 3 de junho, resolvemos fazer uma pausa na peregrinação. Acordamos tarde e permanecemos praticamente o dia todo no Albergue com apenas uma pequena caminhada pelo vilarejo para almoço.

Dia 9: De Astorga para El Acebo de San Miguel.

Ermita del Ecce Homo Astorga just outside of Astorga
Capela do homem Jesus (Ermita del Ecce Homo) pouco depois de Astorga

Fui o último a deixar o albergue em Astorga nesse dia, nenhuma surpresa. Fernando já havia deixado a mais de 1 hora e eu sai uns 15 minutos depois do Marcelo e da Alice. Simplesmente levei mais tempo para arrumar as coisas na bike, mas e daí? Eu não estava com pressa.

Eu acho que a rota de Astorga a El Acebo foi uma das mais bonitas do Caminho. Foi meio desafiante em alguns trechos, uma vez que depois de Rabanal del Camino existe uma longa subida de 8 Km de extensão com uma altimetria de 500m (de 1000m em Rabanal até mais ou menos 1500m pouco antes da Cruz de Ferro), mas eu estou me adiantando novamente.

One of the most interesting pilgrims we encountered, at least from a dressing code point of view.
Um dos mais interessantes peregrinos que encontramos no caminho, pelo menos do ponto de vista do vestuario.

Logo após sair de Astorga na rodovia LE-142 passei por uma capela chamada “Ermita del Ecce Homo” (Capela de Jesus Cristo), uma casa do século 17 onde peregrinos podem descansar e encher suas garrafas de água.

Depois de Murias de Rechivaldo, deixei a rodovia para pegar um caminho de terra, o mesmo usado pelos peregrinos que andam a pé. O transito de peregrinos nesse trecho estava intenso o que me forçou a ir devagar, mas não precisei permanecer no caminho de terra por muito tempo. Depois de 3 Km encontrei com a rodovia vicinal LE-6304 e continuei no asfalto até a vila de Santa Catalina de Somoza.

Marcelo made a new friend.
Marcelo fez um novo amigo.

Este trecho de terra foi provavelmente o maior de todos o dia (mais alguns outros que de tão pouca extensão não vale nem a pena mencionar). Depois de Santa Catalina de Somoza cruzei através do vilarejo de “El Ganso” seguindo na LE-6304 rumo a Rabanal del Camino, onde encontrei com Fernando e parei para beber e comer algo.

His rucksack was behind the cape.
A mochila estava atras da capa

Poucos minutos depois chegaram o Marcelo e a Alice também e permanecemos ali mais algum tempo descansando e conversando. Foi nesse tempo que uma “figura” do Caminho passou por nós a pé. Eu não quem esse peregrino era e acredito que ele não caminhou o percurso todo até Santiago, pois o encontramos em outras ocasiões ao longo do Caminho e até mesmo ao chegarmos em Santiago, mas nas porções que ele caminhou ele o fez vestido como soldado templário e carregando uma grande bandeira nas costas. Isso deve explicar porque eu o chamei de “figura” do caminho antes.

Long climb to the Cruz de Ferro.
Longa subida para a Cruz de Ferro

Depois de Rabanal a longa subida, como mencionado, foi gratificada pela maravilhosa vista das montanhas e pelas multicoloridas flores e vegetação silvestres na beira da estrada. A subida é longa, mas não é muito inclinada, com exceção de um pequeno trecho uns 500m passando de Foncebadón, onde a inclinação aumenta para talvez algo em torno de 15%. Eu e Fernando tivemos que empurrar as bicicletas neste trecho, mas ele não é muito longo.

EyeCycled to the Cruz de Ferro.
Cruz de Ferro.

Depois de Foncebadón chegou a outro marco do Caminho de Santiago, a Cruz de Ferro. É um monumento que consiste de um poste de madeira de aprox. 10m com uma cruz de ferro no topo. Na sua base existe um monte de pedras que foi formado pelas pedras trazidas pelos peregrinos e lá deixadas ao longo dos anos. Diz a lenda que quando a catedral de Santiago estava sendo construída, os peregrinos eram solicitados a trazem uma pedra para contribuir na sua construção.

Proud of myself.
Orgulhoso de mim mesmo.

A tradição agora é trazer uma pedra da região de origem do peregrino e deixa-la lá, simbolizando as coisas que o peregrino quer deixar para trás na vida e o ato de nascer de novo ao longo do resto do percurso até Santiago.

Proud of my friend.
Orgulhoso de meu amigo.

Eu não trouxe nenhuma pedra comigo, mas acredito que deixei algo lá e ganhei a satisfação de ter alcançado esse local com as forças de minhas próprias pernas. Fernando e eu chegamos lá juntos e alguns minutos depois reuniram-se a nós o Marcelo e a Alice também.

I hounor to me children, who will always be with me, no matter where I am.
Em celebração aos meus filhos que vão sempre estar comigo independente de onde eu estiver.

Ficamos todos ali por um bom tempo, descansando, conversando e observando a chegada dos outros peregrinos ao local.

Depois da Cruz de Ferro o caminho foi de uma longa e prazerosa descida até El Accebo com vistas magnificas das montanhas ao longo do caminho.

Manjarin
Manjarin

Fernando e eu acabamos nos separando de Marcelo e Alice que pararam em Manjarin, provavelmente atraídos pela bandeira Brasileira e pelas muitas placas e sinais que ali estavam.

Ao chegarmos em El Acebo eu vi um cartaz anunciando um albergue que havia sido recentemente construído e as fotos no cartaz eram muito convidativas. Decidimos ir dar uma olhada no Albergue e ao chegarmos lá quase não acreditamos nos nossos olhos. Se existe algo como um albergue de peregrinos de 5 estrelas, com certeza este se qualifica, mas vou deixar as explicações para o texto sobre o dia 10.

O vídeo abaixo em uma compilação do trecho da subida até a Cruz de Ferro.

Video da vista a partir da Cruz de Ferro e testemunho do Fernando.

Dia 10: Sem pedal, só descansando na “La Casa del Peregrino“, um recém construído Albergue de “5 estrelas” no Caminho.

Entrance to the El Acebo Pilgrim's Hostel.
Entrada do albergue de El Acebo de San Miguel

Bem, dadas as excelentes instalações desse albergue e o preço decidimos nos presentear com um dia sem peregrinação depois dos 520 Km que já havíamos percorrido até aquele ponto.

If there is such a thing as a "5-Star" Pilgrim's hostel, this must be it.
Se existe algo como um albergue de peregrinos de 5 estrelas, este aqui se qualifica.

Nós sabíamos que podíamos nos dar esse presente tanto do ponto de vista financeiro quanto de tempo, pois ainda tínhamos 11 dias de férias pela frente e apenas mais 300 Km para percorrer até Santiago.

Até aquele ponto nos havíamos nos hospedado em Albergues de Peregrinos bem simples com pernoite custando entre 5 € a 22 € (o primeiro albergue em Saint Jean). A grande maioria custou entre 8€ a 10 €.

Good life.
Boa vida.

Neste albergue o pernoite também era 10 €, mas o custo benefício dele foi muito superior. Não deixou de ser um Albergue, no sentido de que os quartos eram coletivos com vários beliches em cada um deles, mas até isso foi especial.

Dinning Room
Sala de Refeições.

Por 10 € você recebe em troca uma cama com sua luz individual e 2 tomadas de energia apenas para você (um luxo de comparado aos antigo Albergues que havíamos nos hospedado antes) assim como seu próprio armário (a recepção fornece a chave do armário).

Hostel Bedroom.
Quarto do Albergue

Wi-Fi também está disponível e parece que cobre todo o Albergue (bom pelo menos nos lugares que tentei acessar, como no nosso quarto e nas áreas comuns, mas não na piscina).

One individual light and 2 power sockets for each Pilgrim... a luxury.
Luz individual e 2 tomadas de energia para cada peregrino… um luxo.

Você também ganha as fantásticas vista do Albergue, serviço de lavanderia (a um custo de 4 € por máquina – existem também tanques de lavar roupa fora com grandes varais para secar), um pequeno supermercado na parte de baixo, playground infantil, uma grande churrasqueira, muitas áreas para sentar do lado e fora e apreciar a vista, assim como um bar, recepção permanente e, acredite se quiser, uma piscina “olímpica” com uma agua cristalina, mas muito fria, proveniente diretamente das montanhas.

View from the swimming pool.
Vista da Piscina

As toaletes, banheiros, duchas estavam impecavelmente limpos, eram modernos e com uma ótima pressão de água quente. Tudo controlado eletronicamente, desde o fluxo de água até os sensores de presença e as chaves de luz sensíveis ao toque (é meu lado “geek” tomando conta agora).

Crystal clear, but very cold water.
Água cristalina, mas muito fria.

O quarto em que pernoitamos tinha 4 beliches (8 camas), mas na primeira noite não precisamos dividir o quarto com ninguém. Na 2a. noite dividimos o quarto com mais 4 peregrinos.

Pilgrim's Menu
Menu do Peregrino.

Sem querer diminuir os albergues que havíamos pernoitado nas noites anteriores ao longo do Caminho, foi muito bom ficar em um local onde tudo era novinho e com todos os benefícios do século 21 a nossa disposição.

Quanto a comida… Assim como em outros locais, o menu do peregrino do Albergue oferecia 3 opções de refeição incluindo entrada, prato principal e sobremesa, tudo acompanhado por Pão, água e vinho. Acho que vou deixar as fotos falarem por si e simplesmente dizer que estava tudo delicioso. Por 10 € a qualidade desta refeição é provavelmente imbatível em qualquer lugar do mundo.

Starter, Main Course and Desert.
Entrada, prato principal e sobremesa.

Neste dia sem pedalar acordamos tarde e subimos até o topo da vila caminhando (o Albergue se situa uns 200 m depois do vilarejo), rua abaixo.

Main street of El Acebo
Rua principal de El Acebo

O vilarejo de El Acebo de San Miguel é bem pequeno, com apenas poucas casas ao longo da rua principal.

El Acebo
El Acebo

As casas são muito antigas com algumas poucas parecendo estar em péssimo estado de conservação (simplesmente uma pilha de pedras, na verdade). Caminhamos até ao topo do vilarejo, junto a fonte de água, e almoçamos em um local chamado “La Tienda”, que também oferece quartos a peregrinos. Como muitos outros vilarejos ao longo do Caminho de Santiago, El Acebo é extremamente dependente do turismo gerado pelos peregrinos e provavelmente durante o período de alta estação o número de peregrinos que permanece ali é muito superior ao número de habitantes.

View from the Hostel's Balcony
Vista do balcão do albergue.

Bem, aqui se encerra o relato do 9o. e 10o. dias da nossa peregrinação. Por favor compartilhe a página no Facebook, Twitter, etc e deixe comentários e perguntas ou pelo menos indique se você gostou ou não ao clicar nas estrelas abaixo (depois das fotos).

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Caminho de Santiago, Dia 8: De León para Astorga

León's impressive Cathedral
A impressionante Catedral de León

Bem-vindo ao post sobre o oitavo dia da nossa peregrinação de bicicleta pelo caminho de Santiago no dia 1o. de junho de 2015. Completamos esta etapa de 50 Km León para Astorga em 4h e 35m, dos quais 3h 22m foram em movimento.

Deixei o albergue as 8 da manhã e resolvi pedalar até a catedral. Na verdade, eu não precisava pedalar até lá, mas eu queria dar uma última olhada nela. Ao chegar lá reparei que havia um casal de ciclistas olhando para um mapa e ao me aproximar deles notei que também eram brasileiros.

Leon Cathedral at 10 past 8 in the morning.
Catedral de León as 10 para 8 da manhã.

Marcelo e Alice são de Recife e também estavam fazendo o Caminho de Santiago de bicicleta. Conversamos por alguns minutos e decidimos juntos procurar a saída da cidade.

5 Star Hotel Parador in León, for Pilgrims with a lot of cash.
Hotel Parador em León. Cinco estralas para peregrinos com muito dinheiro.

Pouco sabia eu naquele momento que eles completariam comigo e com Fernando a peregrinação. Nossa amizade se deu início naquele momento e se mantém até hoje graças a Internet.

León é uma cidade relativamente grande e levamos 1h e 20 min para chegar a La Virgen del Camino, que ainda faz parte da região metropolitana de León e se situa bem próximo ao aeroporto. Paramos em um local chamado Cafeteria Miravelles para tomar café da manhã e 50 min depois já estávamos de volta nas bicicletas pedalando na familiar estrada N-120 em direção a Astorga. Pedalamos nessa estrada o dia inteiro nesse dia, até chegarmos a Astorga.

This Pilgrim slept with the birds.
Este peregrino dormiu com os pássaros.

Ao chegarmos no pequeno vilarejo de Valverde de la Virgen nos deparamos com algo interessante. A Espanha é cheia de torres de sinos (na falta de uma palavra melhor, pois não sei exatamente como se chamam estas estruturas). Em muitas dessas torres cegonhas brancas fazem seus ninhos.

Stork's Nest in Hospital de Órbigo.
Ninho de Cegonhas Brancas em Hospital de Órbigo.

Nesta em particular um peregrino havia resolvido passar a noite junto aos pássaros e havia acordado na hora que passávamos. Alguns peregrinos acampam durante toda peregrinação, sem usarem albergues ou hotéis uma única vez, especialmente aqueles que trazem consigo animais. Não sei se esse foi o caso daquele peregrino em particular, mas achei interessante a escolha que ele fez do local para passar a noite, se é que ele conseguiu dormir ali.

The bridge of the honoured step (La Puente del Passo Honroso), Hospital de Órbigo
A ponte do passo honroso (La Puente del Passo Honroso), Hospital de Órbigo

Depois de Valverde de la Virgen cruzamos por vários pequenos vilarejos como San Miguel del Camino, Villadangos del Paramo e San Martín del Camino até chegarmos e mais um marco no Caminho de Santiago:

Medieval Bridge over the River Órbigo.
Ponte medieval sobre o rio Órbigo.

A ponte de pedra medieval do século 13 sobre o rio Órbigo, na cidade de Hospital de Órbigo, que deve seu nome devido ao antigo hospital de peregrinos que lá existia. A ponte parece ser muito grande para o tamanho atual do rio, mas antes da construção da represa de Barrios de Luna o rio tinha um grande afluxo de agua. A ponte tem 19 arcos e é bem preservada.

Bridge over the River Órbigo (the Honourable Step Bridge)
História da ponte sobre o rio Órbigo (a ponte do passo honroso)

Nós fizemos um rápido pit-stop para descanso e agua depois de atravessarmos a ponte e continuamos na N-120 na direção de Astorga. O resto do caminho até Astorga ocorreu sem maiores acontecimentos.

Ao chegarmos em Astorga, o Marcelo e a Alice decidiram já ficar no Albergue municipal e eu fui ao centro da cidade para encontrar com o Fernando. Havíamos combinado de nos encontrarmos lá para prosseguirmos com a viagem juntos no dia seguinte.

Astorga's Municipal Hostel
Albergue municipal de Astorga.

Depois de encontrar com Fernando nós dois retornamos ao Albergue Municipal e ficamos em um quarto no mesmo andar em que estavam o Marcelo e a Alice.

Eu recomendo este Albergue. O pernoite custa 5 € e ele é limpo e bem organizado. A maioria dos quartos possui apenas 2 beliches (4 camas) e dividimos o nosso quarto com 2 peregrinos da Alemanha.

Town hall of Astorga
Prefeitura de Astorga

Esteja preparado(a) para subir muitas escadas se, como nós, você ficar hospedado no último andar (as bicicletas ficam no porão). A vista do nosso quarto era fantástica, no entanto. O albergue tem uma cozinha completa e uma lavanderia com um grande varal para secar roupas no jardim de trás.

Astorga's Cathedral
Catedral de Astorga

Depois de tomar banho decidimos explorar a cidade. Astorga é muito legal, como uma arquitetura muito interessante. Eu sei que escrevi isso antes, mas Astorga é uma cidade pequena que transmite a sensação de cidade grande e que tem uma história muito antiga. Astorga foi fundado 875 antes de León e de acordo com a Wikipedia foram encontrados artefatos que datam de 2750 BC (antes de cristo). Os povos celtas locais, que se chamavam de os Astures e os Cantabri, habitam essa região por volta de 75 antes de cristo, e mais tarde em 146 antes de Cristo, Astorga se tornou um importante local Romano chamado Asturica.

Episcopal Palace of Astorga
Palacio Episcopal de Astorga (Hoje museu dos caminhos)

Como em muitas cidades Espanholas, Astorga tem uma impressionante catedral, mas tem também um edifício intitulado Palácio Episcopal de Astorga que foi projetado e parcialmente construído por Gaudi, o mesmo arquiteto que projetou a famosa igreja da Sagrada Família em Barcelona. A edificação hospeda hoje em dia um Museu de Arte religiosa chamado “Museo de los Caminos”, dedicado inteiramente ao Caminho de Santiago.

Cathedral and Epicopal Palace of Astorga
Catedral e Palácio Episcopal de Astorga

Ao passearmos pelo centro da cidade, Marcelo, Alice, Fernando e eu decidimos não jantar em um restaurante naquela noite e assim compramos o alimento para cozinhar na cozinha do Albergue. O Marcelo é um grande “Chef” e é dono de vários restaurantes em Recife e, obviamente, um grande cozinheiro. Foi muito uma noite muito legal, preparando nossa janta e compartilhando histórias com os outros peregrinos que estavam no Albergue, tudo regado a um bom vinho de Galícia.

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