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Caminho de Santiago, Dia 7: De Calzadilla de la Cueza para León

Municipal Hostel in Calzadilla de la Cueza
Albergue Municipal de Calzadilla de la Cueza

Bem-vindo ao post sobre o sétimo dia da minha peregrinação de bicicleta pelo caminho de Santiago no dia 31 de maio de 2015. Completei esta etapa de 81 Km do pequeno vilarejo de Calzadilla de la Cueza para a cidade de León em 6h e 24m, dos quais 5h 16m foram em movimento.

Deixei o albergue as 8 da manhã como de costume. Os primeiros 18 Km na estrada N-120 foram sem maiores acontecimentos. Passei por outros vilarejos como Ledigos, Terradillos de los Templarios, San Nicolas del Real Camino em uma boa cadência.

About 2 Km from Sahagún. Immediately after crossing the river Valderaduey.
Na N-120, a cerca de 2 Km de Sahagún. Imediatamente após cruzar o rio Valderaduey.

Ao me aproximar de Sahagún, entretanto, imediatamente após cruzar o rio Valderaduey, eu vi uma das típicas setas amarelas que guiam os andarilhos e decidi segui-las, saindo da estrada.

Stone bridge leading to the Ermita de la Virgen del Puente. Can you see the clear yellow signs?
Ponte de pedra que da acesso a Ermita de la Virgen del Puente. As setas amarelas indicando o sentido em direção a capela são bem claras, mas por alguma razão eu as ignorei.

Poucos metros depois cheguei a um local onde havia uma pequena ponte levando a uma igrejinha chamada “Ermita de la Virgen del Puente” e neste ponto havia novamente uma seta amarela apontando em direção a igreja.

Eu não entendo até hoje o que me levou a ignorar a seta e seguir adiante. Este erro me custou um atraso de pelo menos 35 minutos e 7.28 Km pedalados para chegar a Sahagún ao invés de 2 Km se eu tivesse me mantido na estrada N-120.

A mistake with a nice view.
Um erro com uma bela vista. Campos de papoulas vermelhas.

É a prova que até mesmo durante uma peregrinação, se você deixar seu pensamento solto e não prestar atenção no que estava fazendo você vai pagar pelo erro com o suor do seu corpo.

Felizmente não existe erro que não possa ser corrigido e ao chegar a uma pequena estrada, a LE-6707, notei que estava errado e peguei a estrada para retornar a Sahagún. No ponto que a LE-6707 cruzava com a N-120 não havia nenhum ponto de entrada e por isso tive que adentrar a cidade para daí deixa-la de volta a N-120.

Esse não foi nem de perto o maior erro que cometi, mas isso é assunto para um Post futuro. Mesmo assim fiquei bem chateado com o erro.

Dessa forma fica aqui o alerta de que se você estiver baixando meus arquivos GPX com intenção de usa-los na sua peregrinação, lembre-se que ao cruzar o rio Valderaduey simplesmente continue pedalando na N-120 (se você estiver a pé aconselho seguir as setas amarelas para evitar as estradas).

Via Trajana. Pilgrim's resting place amongst the trees to the right.
Via Trajana. Havia um local de descanço para peregrinos entre as árvores a direita.

Cerca de 5 Km depois que eu retomei a N-120 eu a deixei na direção de Calzada del Coto. No final do vilarejo eu tomei uma pequena estrada de terra que o Google Maps identifica como Via Trajana. Neste ponto não existem boas alternativas por estradas, pois a N-120 segue em direção ao sul (León é ao norte) e é proibido o trafego de bicicletas e pedestres na autoestrada (a autoestrada A-231 corre em paralelo a via trajana, alguns quilômetros ao sul).

Aproximadamente 9 Km depois, por volta das 11 da manhã, cheguei ao vilarejo de Calzadilla de los Hermanillos a parei para tomar um café da manhã tarde ou um almoço adiantado, conforme preferir chamar.

After Calzadilla de los Hermanillos in the direction to Reliegos.
Após Calzadilla de los Hermanillos em direção à Reliegos.

Depois de Calzadilla de los Hermanillos pedalei por mais 4 Km em asfalto (o asfalto não estava em boas condições) até ao cruzamento com a LE-6620 onde voltei a tomar uma estrada de terra por mais 14 Km até o vilarejo de Reliegos.

Dirt road littered with stones.
Estrada de terra cheia de pedras.

Esses 14 Km foram meio chatos por causa do sol forte e das pedras no caminho que causavam muita vibração na bike e me faziam trocas de trilha de pneu com muita frequência na procura de um caminho com menos pedras. Foi em um desses momentos que eu parei por uns instantes pensando como essas trilhas são uma analogia as nossas vidas e decidi naquele momento capturar esses pensamentos em voz. A intenção era compartilhar os pensamentos em palavras escritas mais tarde, mas acabei decidindo por me expor e compartilhar a gravação original com vocês. Espero que não fiquem com a impressão que sou um tolo ao fazer isso. Houveram muitos momentos nessa peregrinação em que me emocionei e esta foi apenas um deles. A gravação, entretanto, está em Inglês.

Wild Poppies on the streets of Reliegos.
Papoulas nativas nas ruas de Reliegos.

Depois de Reliegos os 24 Km restantes até León foram em bom asfalto na LE-6615 e plano praticamente o percurso inteiro. Mesmo assim levei pouco mais de 2h para chegar a León pois estava me sentido cansado com a constante vibração causada pelas pedras e o sol forte.

Em León me hospedei no Albergue del Monasterio de las Benedictinas (Carbajalas) que custa 5€ por pernoite. O albergue é mantido por voluntários e você precisa ter sua credencial de peregrino para poder se hospedar. Ele é essencialmente uma grande sala dividida por paredes finas de plástico em espaços de 6 beliches cada.

Pilgrims's resting place near Mansilla de las Mulas
Local de descanço para peregrinos próxima a Mansilla de las Mulas

O albergue tem 132 camas (ou 66 beliches) e o número de banheiros não pareceu ser suficiente. Em termos de higiene também deixou um pouco a desejar, mas foi aceitável.

Se você espera encontrar uma tomada para recarregar seus aparelhos eletrônicos, boa sorte. Não encontrei nenhuma próxima a minha cama e o lugar de alguma maneira não me inspirou confiança para deixar meus aparelhos longe. Existe WiFi na área da recepção do lado de fora, mas não há recepção dentro do quarto. Também não existem armários onde deixar seus pertences e tudo fica acumulado ao longo do corredor. Acredito que é possível que alguém pegue seus pertences por engano naquela confusão, mas felizmente não tive nenhum problema.

Arrival in León
Chegada em León.

Eu jantei no restaurante da hospedaria que abre somente depois das 7 da noite. O menu do peregrino custou 9€ e a comida estava razoável (nada excepcional, entretanto).

Antes do jantar eu sai para caminhar pela cidade por 2 horas.

Pilgrims' Menu
Menu do Peregrino.

León é incrível. Eu me senti muito bem lá. Possui uma arquitetura gótica muito interessante e muitas flores pela cidade. Eu não entrei na catedral por acreditar que eu não estava vestido de maneira adequada e eu não queria desrespeitar os fiéis locais que estavam entrando na igreja para assistir à missa que ia começar. Do lado de fora, entretanto, a igreja é muito impressionante.

Eu vou adicionar, ao final deste post, algumas fotos da minha caminhada por León. O próximo vídeo é na praça da catedral ao tocar dos sinos que chamava os fiéis para a missa.

Bem, assim encero meu post sobre o dia 7 da minha peregrinação. Por favor deixe comentários, perguntas ou pelo menos indique se você gostou ou não ao clicar nas estrelas abaixo (depois das fotos). Às vezes fico pensando se não estou perdendo meu tempo ao produzir estes vídeos e escrever sobre minha peregrinação, mas aí observo que independente deles serem uteis para outras pessoas eles são úteis para mim próprio. É uma maneira que tenho de viajar de volta ao tempo e reviver esses incríveis momentos no caminho.

Fotos de León

Old city wallsAntigas muralhas da cidade

Plaza Sta Maria del Camino.Plaza Sta Maria del Camino.

Where to?Para onde?

Plaza San MarceloPlaza San Marcelo

Plaza San Marcelo Plaza San Marcelo

3D map of LeónMapa 3D de León

The Botines Building. Designed by Gaudi.A Casa Botines. Projetada pelo architeto Gaudi.

Before e-Bikes there were petrol head bikes.Antes da e-Bikes existiam as de petroleo.

León's impressive CathedralImpressionante Catedral de León.

10 to 610 para as 6

Right side of the CathedralVista lateral direita da Catedral

Basilica de San IsidoroBasilica de San Isidoro

Water Fountain at the Plaza de Santo DomingoChafariz na Plaza de Santo Domingo

CuteLindas

Wonder how they taste Como será o gosto…

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Caminho de Santiago, Dia 6: De Hornillos del Camino para Calzadilla de la Cueza

Hornillos Meeting Point Hostel
Albergue Hornillos Meeting Point

Bem-vindo ao quinto post sobre o sexto dia da minha peregrinação de bicicleta pelo caminho de Santiago no dia 30 de maio de 2015. Completei esta etapa de 70.29 Km de Hornillos del Camino para o pequeno vilarejo de Calzadilla de la Cueza em 6h e 29m, dos quais 4h 41m foram em movimento.

Antes de dar início precisa esclarecer algumas coisas:

  1. A distância pedalada foi provavelmente uns 5 a 10 Km mais que a distância medida pelo Garmin. Isto ocorreu porque uns 4 Km depois de Castrojeriz eu parei no topo de uma montanha para descansar e tirar algumas fotos e desliguei o GPS me esquecendo de dar ligar ele novamente ao deixar o local. Só me dei conta que ele estava desligado quando cheguei em Fromista.
  2. Eu pedalei sozinho nesse dia, pois Fernando decidiu sair cedo e pedalou mais que eu nesse dia.

Com estes esclarecimentos, o post termina aqui. Obrigado pela sua visita…

Brincadeirinha… 🙂

Eu adicionei ao vídeo desse dia um clipe pequeno que gravei momentos antes de deixar o albergue em Hornillos. Céu completamente azul, sem uma nuvem sequer. Um dia lindo.

Eu acho que 60% da distância pedalada nesse dia foram em estradinhas de terra e trilhas de andarilhos. O pedal fica mais lento, mas a beleza da paisagem compensa. Qualquer tentativa de descrever a beleza do percurso em palavras será um pobre substituto para as imagens no vídeo, portanto espero que gostes do vídeo e fique à vontade para entrar em contato em caso de perguntas.

El Puntido
El Puntido

A primeira parada depois de sair de Hornillos foi em um pequeno vilarejo chamado Hontanas. Parei em um estabelecimento o qual eu já havia visto fotos antes mesmo de sair da Inglaterra, o El Puntido. Um café, restaurante e albergue. Comi apenas um sanduiche de ovos e tomei um café. Hontanas é bem pequena, mas tem um certo charme, como muitos outros pequenos vilarejos espanhóis ao longo do caminho e é muito dependente da economia gerada pelos peregrinos. Muito provavelmente mais peregrinos cruzam pelo vilarejo por dia do que ele tem em habitantes.

Com café da manhã tomado segui adiante na direção de Castrojeriz, mas antes de chegar lá cruzei com outro marco do Caminho: As ruinas do Mosteiro de San Anton.

Ruins of the Monastery of Saint Anthony
Ruinas do Mosteiro de San Anton.

Assim como muitos outros marcos arquitetônicos ao longo do Caminho, o mosteiro também serviu em tempos passados como um hospital de peregrinos. Também foi um dos palácios do Rei Pedro I até o Desamortização eclesiástica de Mendizabal que obrigou os clérigos a abandonarem o mosteiro que com o passar do tempo ficou em ruinas.

Castrojeriz on the background
Castrojeriz ao fundo.

Castrojeriz é uma cidade que eu gostaria de ter tido um pouco mais tempo para explorar. Eu acredito que uma caminhada até as ruinas do castelo de Castrojeriz no topo da colina seria muito interessante. A paisagem a partir da pequena praça na frente da igreja matriz também é muito bonita e oferece uma vista do vale abaixo.

Mountain (or hill?) after Castrojeriz (far off in the background). THis was 1/2 way up.
Montanha (ou morro) depois de passar Castrojeriz (ao longe no fundo). Esta foto foi tomada na metado de caminho para cima.

Depois de Castrojeriz tive que subir uma montanha por uns 3 ou 4 Km a um nível de ascensão de 12%. Puxei a bike na maioria dessa distância. Eu acho que seria possível pedalar, mesmo com uma bike carregada como a minha, mas a estradinha de terra é cheia de pedrinhas e areia o que provem pouca tração no pneu nesse grau de ascensão. Levei um tempo para chegar lá em cima.

Top of the Mountain (or hill?) after Castrojeriz, 1050 m.
Topo da montanha (ou morro) após Castrojeriz, 1050 m.

A 1050m acima do nível do mar este foi o ponto mais alto deste dia. Se você acompanhou meus posts anteriores você saberá que este não foi o ponto mais alto, mas esta montanha é particularmente difícil por causa das condições da estrada.

Yeah... I´ve made it!
Eu tenho a forte…

Sem querer desincentivar, este também não é nem de perto o mais difícil do Caminho, mas isso é um tópico para posts futuros (provavelmente o post do dia 12 quando tive que cruzar com o tenebroso “El Cebreiro”). Ao chegar ao cume parei para descansar e tirar fotos. A descida é ainda mais inclinada (tens que ter bons freios), mas a vantagem é que é toda pavimentada (cimento).

San Nicolas de Puente Fitero, pilgrims' hospital (is in fact a hostel)
San Nicolas de Puente Fitero, hospital de peregrinos (de fato um albergue hoje in dia).

Alguns quilômetros depois passei pelo hospital de peregrinos de San Nicolás de Puente Fitero e tive que parar por uns instantes para tirar fotos e pensar no meu filho mais novo que também se chama Nicolas. Poucos metros depois do hospital já me encontrava na província de Palencia depois de cruzar o rio Pisuerga sobre a ponte Itero del Castillo, construída no século 11.

Canal of Castile
Canal de Castela

Continuei pedalando na direção de Boadilla del Camino e pouco depois de passar por Boadilla passei a pedalar ao longo do canal de Castela por uns 3 ou 4 quilômetros até chegar as eclusas de Fromista. Muito lindo esse trecho do pedal de Boadilla a Fromista.

Frómista
Frómista

O sol estava forte e o dia quente por isso parei em Frómista por aprox. 1 hora para comer uma pizza (que não estava muito apetitosa infelizmente) e descansar um pouco.

De Frómista segui para Carrion de los Condes na estrada P-980 passando por vários pequenos vilarejos no caminho.

Carrion de los Condes
Carrion de los Condes

Carrion de los Condes também é uma dessas pequenas cidades que eu gostaria de ter tido mais tempo para explorar, mas eu decidi continuar pedalando. Parei apenas para tirar algumas fotos e perguntar sobre a direção.

DSC00465
Ninho de cegonhas em Carrion de los Condes

Depois de 4 ou 5 Km em uma pequena estradinha asfaltada, a PP-2411, eu pedalei uns 12 Km em estrada de terra até chegar em Calzadilla de la Cueza.

Eu tinha a intenção de pedalar até Ledigos nesse dia pois foi lá que o Fernando havia me falado que provavelmente pararia para dormir, mas quando cheguei em Calzadilla vi o pintado na parede de um albergue que ele tinha piscina. Por 5€ em um dia quente como aquele, o que mais você pode querer? O problema é que o prédio eram 2 albergues um “colado” no outro:

Municipal Hostel in Calzadilla de la Cueza
Albergue Municipal em Calzadilla de la Cueza

O albergue municipal (sem piscina) e o albergue Camino Real (com piscina) ambos 5€ por pernoite. Por azar acabei ficando no municipal, mas que apesar de não ter piscina era muito bom também e recém renovado. Tinha uma excelente ducha quente e me deu a oportunidade de lavar algumas peças de roupa e a bike que estava imunda de toda a poeira das estradas e trilhas de terra desse dia.

Jantei no restaurante Camino Real alguns metros do albergue e encontrei com Cristina e Pete da Holanda. Começamos a conversar e acabamos por compartilhar a mesma mesa durante a janta. Enquanto jantávamos, uniu-se a nós o Michael de Devon na Inglaterra. O Michael já era um veterano do Caminho de Santiago, tendo feito ele a pé várias vezes. Ele disse que enquanto tivesse forças iria fazer a peregrinação todos os anos pois era aposentado e tinha muito tempo de sobra na vida. No ano anterior ele havia feito o caminho a pé em 29 dias, mas este ano ele deu a si próprio 39 dias para completar a caminhada.

I know that feeling...
Sei como ele se sente…

Eu gostaria de ter pego os dados de contato deles e de outras pessoas que encontrei ao longo do caminho, mas infelizmente não o fiz. Espero que estejam bem e que tenham tido um “Boun Camino”.

Isso completa o post do meu sexto dia no Caminho. Se você estiver acompanhando, você tem meu compromisso que vou terminar todos os 14 posts que me propus a escrever, mas pode levar um tempo.

Obrigado pela sua atenção.

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